O GIGOLÔ DAS PALAVRAS (Luis Fernando Veríssimo)

Segundo Luis Fernando Veríssimo ,por meio de uma entrevista com alunos do Farruopilha, a linguagem deve ser um meio de comunicação e portanto ser julgada como tal e não como um campo gramatical, pois a língua nada mais é que uma diversidade cultural que deve ser respeitada e valorizada.

A gramática com suar regras e normas, deve ser seguida de forma condicional, tanto ao escrever quanto ao falar, pois há regras que não condizem com o estilo cultural do falante, ou seja, não influi em nada no seu cotidiano. Normalmente a gramática valoriza a linguagem culta com seus padrões e conceitos, deixando de lado a diversidade da língua interna e natural.

A sintaxe é uma questão de uso , pois o falante tem seu linguajar peculiar, onde cria suas próprias regras dentro dos seus próprios princípios.

A língua evolui a cada época e hoje o que pode ser certo, dentro de uma norma culta ao falar, amanhã tornar-se-á obsoleto.

Claro que é de extrema importância a escrita e a fala, porém é de maior relevância , a clareza com que a comunicação se faz entre os falantes.

Nós não precisamos nos ater às regras gramaticais para podermos nos comunicar com o mundo, claro que é imprescindível que tenhamos um mínimo de compreensão da língua para que haja uma comunicação, todavia o domínio de uma língua não advém de normas ou regras gramaticais incrustadas em nosso cérebro e sim da clareza com que nos comunicamos, compreendendo e se fazendo compreender através de nosso próprio linguajar.

A linguagem deve ser divertida e comovente para que, desta forma, venha despertar no leitor o gosto pelo conhecimento, tornando assim compreensível todas as suas facetas e dispensando assim o uso excessivo da gramática para se fazer compreender.

Algumas leituras são deixadas de lado pelos leitores por causa do seu palavrear intrigante, incompreensível e maçante, entretanto alguns escritores manuseiam a linguagem escrita de forma tão, especialmente falando, habilidosa e envolvente que acabam por unificar leitor e literatura de forma a surpreender o próprio escritor.

Há um contraste entre linguagem e gramática, pois desde criança, aprendemos a nossa língua, temos nossas habilidades ao nos comunicarmos com o mundo e dominamos um linguajar próprio. Esse jeito ímpar que trazemos conosco deve ser aprimorado para que tenhamos domínio de nossa língua, tomando o cuidado para que ao tentar se fixar às regras gramaticais, não haja um bloqueio interior, tomando-se assim, uma aversão ao estudo da mesma.

Sabemos que a própria gramática tem, por vezes, que ser revisada, mostrando assim que a linguagem passa por mudanças e que temos que acompanhá-las para não pararmos no tempo, porém o aluno de língua portuguesa não precisa, necessariamente, aprender todas as regras normativas da gramática, contudo, precisa dominá-la para que não venha a ser humilhado de maneira vexatória ao se expressar, quer escrita ou oralmente. É papel do professor que ira lecionar, compreender essas regras.

Ao usar a expressão “gigolô das palavras”, o autor nos incute a idéia de que devemos ter habilidade, intimidade, compreensão e respeito pelas palavras, exatamente por estarmos em contato direto com elas a todo o momento.

O autor deixa claro que o importante não é compreender a fundo as origens e conceitos das palavras, mesmo porque seria um trabalho árduo, mas a relevância maior é usá-la diariamente, tornar-se intimo das mesmas praticando o falar e o escrever como instrumento de aproximação da norma culta.

A linguagem advinda das massas é cheia de riquezas e variedades, expressa emoção e valor pela sua vivacidade e suas ramificações usufruem de uma criatividade singular. Traz para nossa literatura, contribuições valiosíssimas, que por fugirem da norma culta da gramática, acabam por diversificar nosso gosto e introduz, em nosso cotidiano, novos conceitos sobre linguagem.

O estudo da língua portuguesa bem como suas normas, deve ser introduzido de forma prazerosa através de textos criativos interessantes, reflexivos e de fácil compreensão por meio dos alunos e que venham desmistificar a idéia de que a nossa língua é deveras incompreensível em nível de estudo.

Portanto, que seja dada a devida honra à língua portuguesa, que ela seja motivo de orgulho por parte dos brasileiros, principalmente estudantes da mesma, e que haja prazer e liberdade para se conquistar novos caminhos, no que diz respeito a nossa língua. Pois a linguagem é o canal para expressarmos nossos pensamentos, idéias e principalmente, um canal para trocarmos conhecimentos.

Juciara Brito, acadêmica do curso de Pedagogia pela FACE (Faculdade de Ciências Educacionais)