COMPREENDENDO OS ESPAÇOS LIMINARES

TÔRRES, E. Espaços Liminares – Conteúdos subvertem formas no processo contínuo de (RE) produção da e na cidade contemporânea. Recife: 2008.

A autora do artigo é geógrafa, doutora em geografia humana e professora adjunta do Departamento de Ciências Geográficas da Universidade Federal de Pernambuco.

O texto gira em torno da questão do Espaço como sistema de objetos e ações. Segundo um dos autores que são citados no artigo (Santos e Silveira), podemos entender a formação do espaço a partir da categoria da formação sócio-espacial, ou seja a sociedade implica no percurso.

É tratado das questões históricas do processo de formação e compreensão do espaço, e questiona-se sempre a cidade contemporânea. A questão dos objetos que a compõe e como eles se relacionam entre si e entre as hierarquias formacionais, é bem enfatisado durante boa parte do trabalho. O planejamento urbano na questão política é exposto juntamente com seus vulneráveis problemas. Já a natureza tem lugar de destaque no texto onde é relatado que a cultura é ao mesmo tempo condição predeterminadora e por sua vez predeterminada, remetendo a abordagem da natureza nas cidades, onde a mesma fica a mercê das necessidades sociais, que estão sempre de acordo com a cultura vigente do local. É sintetizado que as duas ofertas a cultural e a natural é quem dita como será obviamente a organização espaço-social. Revela-se ainda um novo foco de abordagem visto que é através dessas ordens que se define a singularidade e o significado cultural dos homens e da sociedade.

A utilização do espaço como uma ferramenta interpretativa da realidade social produzida ainda não conseguiu o equilíbrio dos enfoques entre a materialidade tangível e as ações cheias de intensionalidades dos sujeitos e grupos sociais que os confeccionam. Os processos de mudança que atravessaram o século XX, em especial no mundo do trabalho com os seus requisitos e necessidades crescentes, vem produzindo inusitadas transformações nos processos e conteúdos na cidade. A cidade ainda é tratada pelo planejamento urbano brasileiro segundo partes idealizadas com funções fixas e ordenadas num princípio da complementaridade visível e tangível articulada e também segmentada e fragmentada segundo os dutos viários. A cidade contemporânea consolida seus arranjos espaciais através da distribuição seletivamente reconhecida, segundo critérios administrativos, políticos, e socio-econômicos.

Resumidamente, o artigo relata a complexidade existente desde os primórdios da organização, composição e entedimento do espaço como algo móvel, e ao mesmo tempo fixo, que possui a capacidade de moldar e ser moldado perante a organização socio-espacial. A sociedade é vista como criadora dessas bases, mas ao mesmo tempo ela se torna ferramenta dos objetos que a propria cria, o que implicará no processo acumulativo de idéias e ações que hora possui marcas herdadas, hora torna-se reiventado. A cidade e o urbano são questões que entram em constate conflitos principalmente na atualidade, com toda a tecnologia existente e o uso mal concebido do meio ambiente, faz com que ideologias muita das vezes conflitantes vão de encontro, e abram espaços para as reflexões que são postas sabiamente no final do texto.

Todos os tópicos que foram abordados no texto são de suma importância a compreensão do espaço socio-ambiental. Os questinamentos e os pontos indicados, embora nos deixem com mente meio que embaratinada por conta das varias fases, objetos e idéias, tem um objetivo final de demonstrar a realidade do que é obviamente a situação vigente no que cerne ao espaço e a atualidade das variadas formas de processo formacional da cidade contemporânea. No caso, as vezes é sujeito passivo e em outros ativo, sem esquecer ainda da continuidade e hereditariedade em alguns pontos.