Teoria geral da administração

Herick Limoni*

1 - REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MAXIMIANO, A. C. A. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à revolução digital. São Paulo: 6ª edição, Atlas, 2010, pag. 49 -69.

2 - SÍNTESE DA OBRA

Desde o final do século XIX e início do século XX, muitos foram os estudiosos que, assim como Taylor e Fayol, contribuíram para os estudos em administração. Desde então, muitos estudos têm trazido avanços significativos, podendo citar-se, dentre eles, os conduzidos por Chester Barnard, Herbert Simon, Henry Mintzberg, Rosemary Stewart, Fred Luthans e Andrew Grove.

O texto apresenta a visão desses autores para um assunto que, embora esteja presente desde os estudos mais remotos, apresenta-se bastante atual e indissociável da administração como ciência, que é o papel dos gerentes nas organizações. Inicia-se com as proposições de Barnard sobre esse assunto, segundo o qual, as funções dos executivos (gerentes) abrangem três responsabilidades principais, as quais podem ser resumidas da seguinte maneira: 1) desenvolver e manter um sistema de comunicação com a organização informal; 2) promover a formação e a manutenção de um sistema de recursos humanos, incluindo a motivação das pessoas e 3) formular e definir os propósitos, objetivos e fins da organização. O texto destaca, ainda, algumas da idéias mais importantes de Barnard sobre as organizações e os gerentes, como eficiência (capacidade de atender aos objetivos das pessoas), eficácia (capacidade de realizar objetivos explícitos), equilíbrio dinâmico com o ambiente externo e autogestão.

Numa segunda abordagem o texto enfoca as idéias de Simon sobre o processo decisório. Segundo o autor, administrar é tomar decisões, uma vez que toda ação gerencial tem natureza decisória. Para ele, o processo decisório é dividido em três etapas, que são: análise de um problema ou situação que requer solução (intelecção ou prospecção); criação de alternativas de solução para o problema (concepção) e julgamento e escolha de uma alternativa (decisão). O autor faz uma crítica em relação à influência que a idéia de maximização dos lucros tem sobre as decisões gerenciais, uma vez que as pessoas, de forma geral (incluindo os gerentes), tendem a “selecionar o melhor curso de ação de modo a ampliar todas as vantagens”. Ao final, propõe o modelo de homem administrativo ao invés do homem econômico, uma vez que este toma decisões visando à maximização dos lucros e aquele visando aos requisitos mínimos necessários para alcançar as decisões satisfatórias.

A próxima abordagem é sobre os papéis gerenciais, segundo Mintzberg. Já de início o autor contesta a visão de Fayol de que a tarefa dos administradores resume-se em planejar, organizar, dirigir e controlar. Para Mintzberg, o trabalho dos administradores é muito mais complexo, podendo ser dividido em 10 papéis, agrupados em três famílias: papéis interpessoais (abrangem as relações interpessoais dentro e fora da organização), papéis de informação (estão relacionados com a obtenção e transmissão de informações, de dentro para fora da organização e vice-versa) e papéis de decisão (envolvem a resolução de problemas e a tomada de decisões).

Stewart, por sua vez, discorre sobre as escolhas gerenciais. Para ela, os ocupantes dos cargos gerenciais escolhem o que fazer e a maneira, dividindo-os em três dimensões: escolhas, exigências e restrições. Segundo ela, as exigências são aquelas tarefas obrigatórias, ou seja, as que qualquer gerente deve desempenhar. As restrições dizem respeito às limitações impostas ao trabalho dos gerentes, caracterizadas por fatores internos ou externos às organizações, como, por exemplo, as diretrizes do alto escalão da organização, deficiência de recursos humanos e/ou logísticos e legislações restritivas. Já as escolhas, segundo a autora, são todas as tarefas que um gerente pode realizar, sem, contudo, ser obrigado a fazê-las.

O texto traz, na seqüência, as idéias de Luthans sobre desempenho dos gerentes. Em seu estudo, o autor dividiu as atividades dos gerentes em quatro categorias: a) funções gerenciais (tomada de decisões, planejamento e controle); b) comunicação (troca e processamento de informações); c) administração de recursos humanos (motivação dos funcionários, resolução de conflitos, alocação de pessoal e treinamento) e d) relacionamento (redes de relacionamento, relações sociais dentro e fora da organização). O autor faz, ainda, distinção entre gerentes de sucesso e gerentes eficazes, sendo os primeiros os que progridem na carreira e os segundos os que contribuem para o sucesso das organizações para as quais prestam seus serviços e são bem avaliados por sua equipe de trabalho.

Por fim, o texto apresenta as idéias de Grove sobre administração de alta perfomance, segundo o qual se divide em três idéias básicas: produção, trabalho de equipe e desempenho individual. Para ele, essa divisão se justifica pelo fato de todos produzirem de alguma forma, pelo fato de que a maioria das atividades humanas é realizada por grupos, e não por indivíduos e pelo fato de que o empenho de uma pessoa para a execução de uma determinada tarefa depende de suas capacidades e motivação para realizá-la.

3 - REFLEXÃO CRÍTICA

Não é de se admirar que muitos autores, como os acima citados, tenham convergido seus estudos para o papel dos gerentes nas organizações. Este, como elo entre a alta direção e o “chão de fábrica”, tem papel fundamental na manutenção de um ambiente estável dentro das organizações, devendo pacificar os inevitáveis conflitos entre os anseios dos funcionários, as diretrizes das empresas e as necessidades das comunidades circunvizinhas. Dos autores citados, Mintzberg foi quem mais próximo chegou da sintetização dos papéis do gerente nas organizações. As exigências mercadológicas que são impingidas às organizações modernas impõem uma forma de gestão mais dinâmica, menos engessada, portanto, mais complexa, a fim de que a organização possa prosperar em um ambiente extremamente conturbado e incerto. Somente fazer cumprir as metas estabelecidas é coisa do passado. O bom gerente, hoje, tem que estar atento e familiarizado tanto com as questões internas quanto externas às organizações. Tem que buscar aperfeiçoamento constante, sob pena de ser “atropelado” pela modernidade. Tem que estar atento aos anseios e necessidades das comunidades circundantes à organização. Em resumo, o bom gerente será aquele que conseguir alinhar seus anseios pessoais com as diretrizes organizacionais, e estes com as aspirações da equipe de trabalho e da sociedade, de forma equilibrada e profissional, de modo que todos saiam ganhando.

* Bacharel e Mestrando em Administração de Empresas, com ênfase em Segurança Pública e Defesa Social.