Du E-Holic: o chapeleiro e seu microcosmo cult

Eu não o via pessoalmente desde o Mercado Mundo Mix de 2007. Foi visitando essa feira de expositores de arte que me deparei com uma VW-TL prateada, com vários chapéus em cima. Vi um rapaz sorridente junto ao carro. Falei um “olá”, parabenizei-o pela sua TL e os chapéus. Comprei um chapéu e um boné. Depois de algumas idéias e prosas, me despedi.

Seu nome? Durval, ou Du E-Holic. Nesses anos que se passaram, até a chegada do Facebook no Brasil, não tivemos mais contato. Eu não tinha notícias de como ia seu negócio, a sua arte criativa.

Depois que nos tornamos amigos na rede social, eu passei a acompanhar seus posts e dar uns “likes” e “comments”. Reportagens em revistas, jornais, sites. Mochilão pela Europa e Mercado Mundo Mix Portugal. Mas o reconhecimento, de fato, por merecimento, foi ao ser entrevistado no Programa do Jô e há algumas semanas atrás conquistou o Prêmio Jovem Brasileiro 2011.

Sábado, 08 de Outubro de 2011, sol e céu azul. É primavera em São Paulo, a capital cosmopolita. Dentre tantos lugares culturais para se visitar na cidade, escolhi um. Vila Madalena, reduto de artistas. Decidi ir visitá-lo. Entro no ambiente, um vinil já rolando, harmonia no ar, cheiro de insenso.

Uma mulher muito simpática me recebe e diz que Du já vai descer para falar comigo. Depois fui saber que aquela mulher educada e receptiva é a sua mãe, Dona Sônia. Enquanto o aguardo, outros visitantes caminham, a apreciar os chapéus e milhares de adereços, enfeites, rádios e móveis antigos, relógios...a mãe conta orgulhosa os feitos do filho e nos mostra as reportagens e fotos dele na mídia.

Passa-se um tempo e Du desce as escadas, com seus óculos amarelo e sorriso no rosto. Nos recebe, ouve e agradece cada um. Nisso eu pego minha sacola na cadeira e o entrego. São alguns agrados: DVD´s, CD, vinis e livros. Um agrado eclético, assim como ele. Do choro ao progressivo, do rock ‘80s a mpb.

Vamos até a calçada, para Du dar manutenção e preparo em sua máquina de costura, instrumento de trabalho. Amanhã terá exposição em Campinas. Falamos sobre música, chapéus, pintura, tattoos, viagens pelo Brasil e exterior. Em breve ele irá expor em Londres.

Du faz o que gosta e gosta do que faz. Então, o termo “trabalho” pode ser substituído por “criação”, arte pura. Como disse Confúcio: “faça o que goste e não precisará mais trabalhar”.

Ele cria os chapéus na hora, de acordo com o álbum / artista que está ouvindo. Daí vem sua inspiração. Combinei com ele que quando o meu CD autoral ficar pronto lhe darei um de presente. Ao ouvir-me criará o meu chapéu.

A arte da vida é fazer dela uma arte e ele faz isso. Já são mais de nove mil chapéus criados. Ele está deixando o seu legado autoral e singular no Planeta. Assim como Keith Haring, Tarsila do Amaral, Romero Britto e Rômulo Pedroso Pereira, são obras que você bate o olho e já sabe quem foi que fez. Assinatura.

Du é guiado por ele mesmo e sua arte. O cara que fez engenharia por 1 dia e desistiu, depois de uma aula de Cálculo. Porque de cálculo a sua vida não tem nada. Tem dom, visão, insight. É fluido e movimento.

Começou a fazer chapéus porque sua cabeça era grande e não encontrava tamanho adequado nas lojas. Logo os amigos viram e gostaram, adquiriram. A necessidade se juntou à arte. A arte virou ganha-pão. Ele vem inspirando pessoas. Inspiração para a vida, para os negócios, para acreditar em você, em seus sonhos. Não desistir, caminhar, focar.

No futuro, esse cara escreverá sua autobiografia ou será escrito por alguém. Eu lerei com certeza, para aprender um pouco mais sobre arte, empreendedorismo ou humanismo. Um cara do bem, gentil e sorridente. Inteligente nem preciso dizer. O Planeta precisa de exemplos assim, cada vez mais. Durval veio para somar.

Samuel Carnero
Enviado por Samuel Carnero em 10/10/2011
Reeditado em 10/10/2011
Código do texto: T3267926
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.