Portas da percepção

DURIE, Bruce. Portas da percepção. Revista Mente e Cérebro. Edição Especial, nº12. Segredos dos sentidos. Scientific American- Brazil. 2008, p.6-9.

O autor, Bruce Durie, jornalista científico, começa seu texto “Portas da percepção” pedindo que o leitor realize certas experiências, como fechar os olhos, esticar os braços, mexer os dedos, fazendo-o participar de suas descobertas partidas do senso comum, para mais tarde fazer suas conclusões cientificas, utilizando-se do raciocínio indutivo. Tais experiências serão válidas para convencer o leitor de que suas idéias são contundentes. Estas afirmam que os sentidos humanos não se limitam a apenas às cinco categorias conhecidas (tato, audição, visão, gustação e olfação).

Em seguida faz uma indagação como se instigasse o leitor a refletir: quantos sentidos existiriam então? E segue respondendo que isso depende de como se divide os sistemas sensoriais. E dentro das inúmeras possibilidades cita a de se classificar segundo a natureza de estimulo e dessa forma seria dividida em apenas três tipos; mecânico (tato e audição), luminosos (visão) e químicos (gustação e olfação). No entanto esses três tipos exigem sistemas sensoriais diferentes. Assim por exemplo, “algo que dissolve na língua produz um aroma que penetra no nariz e se encaixa em um receptor não tem nada a ver com o movimento de uma célula pilosa no ouvido interno ou com um fóton que atinge a retina”.

O autor define assim, “sentido” como sendo “um sistema formado por um tipo celular especializado que reage a um sinal específico e se reporta a uma certa parte do cérebro”, E, a partir dessa definição, exemplifica, que dessa forma, o paladar se dividiria em quatro sentidos: salgado, doce, azedo e amargo; a visão seria um sentido (luz), dois (cor e luz) ou quatro sentidos (luz, vermelho, azul, verde). A audição poderia não ser um único sentido, mas talvez centenas dependendo de cada célula pilosa coclear.

De repente o jornalista abandona a defesa dos sistemas dos sentidos justificando que seguir tais idéias é um erro e que o correto é mudar o foco para a percepção. Esta, quanto mais complexa, isto é, quanto mais se eleva na escala filogenética, amplia suas potencialidades. E dessa forma então, “o que importa é a percepção - a sensação é (somente) o que a acompanha”. O que deve ser observado ou entendido não é a quantidade de sentidos, mas a “criação de um todo perceptual que é a função superior (cortical)” Os sentidos não são entidades independentes, eles misturam-se, e a percepção é o produto final disso.

O autor finaliza seu pensamento afirmando que o trabalho da ciência é contestar à procura do conhecimento verdadeiro e que por isso essa idéia de que existe apenas cinco sentidos “cedo ou tarde vai para a lata de lixo científica, fazendo companhia à geração espontânea e à frenologia, entre outros absurdos”.

Marta Cosmo
Enviado por Marta Cosmo em 16/11/2011
Reeditado em 24/04/2024
Código do texto: T3338329
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