Dialogismo: de um gênero ao outro

Dialogismo: de um gênero ao outro

Tamires Lemos de Assis

O texto “Dialogismo cultural e textual” explora e desenvolve a ideia central do pensamento bakhtiniano quanto ao dialogismo, bem como aponta as reflexões e utilizações no campo cultural e textual discriminadas pelo autor. Stam define dialogismo a partir de certos conceitos de Bakhtin, pois tal palavra é rica filosofica e literariamente, bem como bastante polissêmica, ou seja, permite agregar e relacionar diversos significados. Sendo assim, parte do pressuposto que dialogismo é a relação necessária entre um enunciado e outros enunciados, um diálogo social que interage com o “dito já dito”, obtendo-se desta forma um leque de aplicações geradas por todas as práticas discursivas de uma cultura, sendo ela cotidiana, letrada, analfabeta, elitista, popular, verbal ou não-verbal.

Em sua análise, Stam apresenta o poema-canção “Língua”, de Caetano Veloso, que evidentemente comporta traços de metacomunicação (coincidência e simultaneidade de comunicação verbal e não-verbal), bem como deixa explícito o seu caráter dialógico, tanto no aspecto musical quanto literário, pois mescla duas culturas e mostra a ligação entre Brasil e América do Norte, na qual cada uma conserva sua essência e, ao mesmo tempo, se enriquecem reciprocramente. Este aspecto transcultural e híbrido torna o samba-rap de Caetano rico em interação e entretenimento, pois dialoga diretamente com o leitor/ouvinte, que depara-se diante a uma interessante versão “de rua” das teorias bakhtinianas sobre o dialogismo.