Resenha: GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. “Resistência e revolta nos anos 1960: Abdias do Nascimento”. Revista da USP. São Paulo, n. 68, p. 156-167, dez./fev. 2005-2006.

UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO

PÓS GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DA ÁFRICA E DO NEGRO NO BRASIL

Disciplina: Filosofia e Arte africana e Afro-brasileira

Professor: Bas’ilele Malomalo

GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. “Resistência e revolta nos anos 1960: Abdias do Nascimento”. Revista da USP. São Paulo, n. 68, p. 156-167, dez./fev. 2005-2006.

Graduado em 1972 e mestrado 1982 em Ciências Sociais, pela Universidade Federal da Bahia (1982), doutorado em Sociologia pela University of Wisconsin - Madison (1988), é atualmente professor titular da Universidade de São Paulo e da Chaire de sciences sociales brésiliennes Sérgio Buarque de Holanda, Fondation Maison des Sciences de l'Homme. Foi Visiting Fellow e Visiting. Professor de diversas universidades e centros de pesquisa no exterior - UCLA, EHSS, IRD, Princeton. Tem experiência na área de Sociologia, ênfase em Estudos Afros- brasileiros e formação de classes sociais, atuando principalmente nos seguintes temas: identidades raciais, regionais e nacionais, racismo e desigualdades raciais.

Neste texto o pesquisador apropria-se da expressão modernidade negra, para expor, no campo sociológico, a sua análise sobre o surgimento e a construção dessas identidades, nas Américas, destacando o Brasil. Uma construção em que o autor reconhece a pluralidade em todo o seu contexto observando, porém o processo das diásporas africanas, nas várias localidades mundiais aonde o condicionamento colonial foi determinante para a junção dos padrões de modernidade. Tanto neste como em outros artigos, ele faz ponderações enumerando os fatos que contribuíram para as rupturas e convergências do processo hegemônico e assimilacionista. Entre as tradições culturais das populações nativas e as imposições econômicas, prioriza as ideologias pautadas no fortalecimento do capitalismo sistematizado, civilizatório e branco, como orientação política numa verdade única. (GUIMARÃES, Intelectuais Negros e a Modernidade no Brasil; cap. I)

Para o autor estas análises avançam demonstrando que as identidades negras surgiram nos continentes, em diferentes períodos desdobrando-se em quatro grandes épocas: (1) durante a escravidão de africanos e seu tráfico para as Américas, (2) no processo de integração dos negros às novas nacionalidades americanas que se segue à abolição da escravidão particularizada regionalmente, (3) na colonização da África pelos europeus e a subsequente formação das elites africanas, a partir do século XIX, nas metrópoles ocidentais ou nessas colônias, (4) e, finalmente, a quarta época se inicia com o processo de descolonização da África e a construção de novas nacionalidades africanas (GUIMARÃES, idem).

Em Resistência e revolta nos anos 1960: Abdias do Nascimento, sua pesquisa não descarta as minúcias nos aspectos econômicos, intrínsecos ao período colonial e durante o seu fortalecimento caracterizado como a Era Moderna. Significa entender que as identidades negras emergiram com as suas peculiaridades dependendo das ocorrências regionais. Outras vezes forjadas se reinventaram intelectualizadas, mediante as suas as próprias dificuldades resultantes de constantes conflitos, contrários ao colonialismo. Nas lutas contra a escravidão, nas variadas localidades, depois pelas independências territoriais nas Áfricas e pelo autorreconhecimento enquanto sujeitos metodológicos, organizadores da sua própria história nacionalista.

Guimarães classifica ainda três grandes áreas, como zonas de ideias e ideais formadas pelos: íbero-afro-americanos, anglo-afro-americanos, franco-afro-americanos referindo-se ao construtivismo bibliográfico além dos conceitos francófonos disseminados nos textos de Du Bois - Estados Unidos (1868-1963), este seguiu as noções de Kultur no ramantismo alemão e a culture, da antropologia de Franz Boas (1848-1952). Aimé Césaire (1913-2008) e Leopold Seghnor - França (1906-2001) e a significação de negritude. Interpretada também no Brasil onde essas obras foram reelaboradas por Guerreiro Ramos (1915- 1982) e Abdias do Nascimento (1914-2011).

Uma síntese relatada por Guimarães sobre Abdias do Nascimento e Ramos serem influenciados não só por essas ideias, mas principalmente, pela obra L’Homme Révolté - Albert Camus (1931-1960) para a compreensão sobre a expressão: resistência e revolta.

Enilda Suzart
Enviado por Enilda Suzart em 15/01/2013
Reeditado em 09/09/2020
Código do texto: T4086279
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