Um suspiro médico.

Há um mês comecei a trabalhar em um Posto de Saúde da Família (PSF) no interior de Alagoas, contrariando os que chamam os médicos de "máfia branca que não vive longe das capitais e de seus shoppings".

Como qualquer outro ser que dedicou três anos para um vestibular e seis anos para um curso onde as necessidades de sono e lazer muitas vezes tinham que ser ignorados, obviamente trabalhar não poderia significar só ter amor à profissão. Afinal, seria hipócrita de qualquer ser humano não admitir que a liberdade financeira é um dos bens mais apetecidos por todos.

O dinheiro é um bem necessário para a sobrevivência, mas ter um trabalho onde posso a cada dia entender mais sobre a vida e sobre os que vivem é algo encantador e ao mesmo tempo desconcertante.

Encantador pela simplicidade das pessoas que vivem com pouco dinheiro, mas com muitos anos de vida.

Desconcertante quando vejo uma senhora de 94 anos acordar de 5h da manhã para trabalhar na roça e com um sorriso no rosto por ter seu plantio para sobreviver, enquanto na capital a maioria dos adultos em idade produtiva acordam de 12h ressacados e desempregados, criando filhos como animais para terem o salário garantido dos "bolsas-tudo" do governo "bonzinho".

Dia de quinta é o dia de atendimento médico domiciliar para os pacientes acamados.

É o dia onde pode faltar compromisso do governo petista em enviar a quantidade de medicamentos necessárias para toda a população carente, mas é o dia em que sobram sorrisos de agrado pelo simples gesto de solicitude dos profissionais de saúde em visitar, conversar e orientar aqueles que como nosso governo petista, vão mal das pernas e não podem ir até o posto de saúde conhecer a realidade da saúde brasileira.

Dia de quinta é o dia em que sorrisos agradecidos me fazem lembrar de como trabalhar pela saúde dos outros aquece também meu coração e de esquecer um pouco a indignação pelo governo fazer parecer aqueles que fazem parte de uma bonita profissão virarem instrumentos de perseguição.

Acorda para o que importa, Dilma!