Romance virtual: a saga de Asuna e Kirito

ROMANCE VIRTUAL: A SAGA DE ASUNA E KIRITO
Miguel Carqueija


“A despedida do primeiro amigo que fiz nesse mundo me faria sofrer pelos próximos dois anos.”
(Kirito)
“Eu me sinto como se tivesse nascido e vivido aqui a vida toda.”
(Asuna)
“Tem dias em que não consigo nem me lembrar do mundo lá fora.”
(Kirito)
“Seja grato por estar fazendo dupla comigo.”
(Asuna)
“Eu fiquei apavorada... só pensava no que seria de mim se você morresse.”
(Asuna)


Resenha do volume 1 do mangá “Sword Art on-line” Aincrad”, baseado em novela de Reki Kawahara. Versão em quadrinhos: Tamako Nakamura. Kadokawa Corporation, Tokyo, 2012. Editora Panini, São Paulo, 2014. Tradução: Fernando Mucioli.

Este novo mangá da Panini, “Sword Art on-line” (Esgrima virtual), na fase “Aincrad”, é uma extraordinária ficção científica mesclada com fantasia de capa-e-espada e altamente romântica. Como no seriado de animação, gira em torno do amor entre dois jogadores virtuais, Kirito e Asuna que, com milhares de pessoas, encontram-se presos num mundo de computador, do qual só poderão sair se chegarem ao fim do jogo.
Kirito, um adolescente de expressão decidida, é um jogador experimentado e capaz de raras habilidades com sua espada. Em maio de 2022 ele se insere num novo jogo, o “Imersão completa”, baseado numa tecnologia inovadora, o capacete “Nerve gear”, ligado diretamente ao cérebro por meio de impulsos elétricos. Equivale à “separação total entre o corpo físico e a consciência”, que passa a se mover num mundo artificial, eletrônico, onde programas de computador são inimigos a derrotar, até mesmo monstros.
O jogo passa-se num imenso castelo-mundo, o Aincrad, onde existem cidades, estradas e dezenas de andares. As pessoas podem até cozinhar e comer, comprar roupas e acessórios... mas precisam ir subindo os andares e enfrentar os guardiães locais, que podem ser esqueletos móveis e outros monstros.
A situação se complica quando o amigo de Kirito, Klein (que ele conheceu em Aincrad) ao tentar sair do jogo para voltar depois descobre que o controle não tem o ícone de deslogação. Mas não se trata de caso único: Kirito e os demais jogadores constatam o mesmo problema.
Afinal, flutuando num disfarce, o criador do jogo aparece e comunica aos participantes que eles não têm como sair, a não ser que cheguem ao fim, no alto do prédio monstruoso — e qualquer tentativa, no mundo real, de desligar ou retirar os capacetes, resultará na morte dos usuários. Assim, todos ficam sabendo que caíram na armadilha de um psicopata, apenas interessado em observar o andamento do jogo virtual por ele criado.
Neste primeiro volume, com seis episódios e quase 200 páginas, três personagens se destacam: Klein, Kirito e Asuna. Klein é um rapaz que faz logo amizade com Kirito mas este, por preferir ser um guerreiro solitário, não se junto ao grupo de amigos do outro. Após dois anos em Aincrad, e um avanço lento pelos andares (não faltando mortes, pois morre-se de verdade nos combates, supondo-se que o corpo real morre igualmente) Kirito envolve-se com a linda e loura garota guerreira Asuna, que faz parte de uma guilda ou corporação mas se sente atraída por ele. A química entre os dois não demora a crescer, mas Kirito acaba se incorporando à guilda de Asuna por perder um duelo com o seu líder, Heathcliff.
Julgo admiráveis os sentimentos puros que Kirito e Asuna manifestam mutuamente, uma pureza que raramente se vê nas histórias; a cumplicidade entre os dois é séria, intensa e profunda, um amor de primeira categoria e que torna a trama mais interessante e envolvente.


Rio de Janeiro, 16 e 17 de novembro de 2014.


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