BOCA LIVRE EM FESTA ITALIANA

Quem lê o título acima logo pensa que a Associação Emanuelle II serviu comida de graça na 9a Festa Italiana de Porto Real/RJ, no último sábado, 9. Foi quase isso. Na verdade foi alimento para o espírito, de altíssima qualidade, servido assim, leve e suavemente de graça. O que é um despropósito. Porque muita gente por aí – muita mesmo – tira o que não tem dos bolsos para rebolar, gritar e pular de braços para o alto, em shows que não oferecem nada além de muito barulho vazio.

Pensei logo nessa inversão de valores, quando ouvi as primeiras notas desse que considero o melhor vocal do Brasil. Fiquei logo à frente do palco, bem de cara com os quatro, como faço em todos os shows deles que tenho a oportunidade de assistir. E qual não foi minha decepção ao olhar pra trás e ver que comigo ali contavam poucos. Imaginei como devem ser caras as horas de trabalho daquelas vozes maravilhosas pra montar um espetáculo que infelizmente nem tanta gente conhece ou sabe valorizar. Uma pena pra eles. Pra mim, um momento quase divino.

Desde que ouvi Toada pela primeira vez, aos 12 anos – isso faz tempo – creio que esses rapazes – que também já não são tão rapazes – têm sempre algo de muito especial a dizer pra mim. Na época eram Zé Renato, Cláudio Nucci, Maurício Maestro e David Tygel. Na década de 90, Nucci e Tygel foram substituídos por Fernando Gama e Lourenço Baeta. Foi quando tive a oportunidade de conhecê-los pessoalmente. Era repórter da TV Rio Sul – Globo local – e os entrevistei por ocasião de um show no SESC de Barra Mansa. Nem preciso dizer que foi êxtase total. Pior foi a dificuldade de manter a postura de repórter. Nesse dia ganhei de presente o disco Dançando pelas Sombras – que ouço agora enquanto escrevo – autografado, claro.

Hoje, depois de muitas idas e vindas na sua formação, o Boca Livre traz Zé Renato, Maurício Maestro, Lourenço Baeta e David Tygel. No show de Porto Real, o grupo cantou Dança do Ouro e Cruzada, do CD Dançando pelas Sombras. Também não faltaram os super sucessos Quem Tem a Viola, Mistérios, A Casa, a inesquecível Diana, Panis Et Circenses, e minha histórica Toada – aliás, essa deve ser de muita gente. No bis, aquela capela pra ninguém botar defeito, com Ponta de Areia. Juro que ficaria a noite inteira ali, sem cansar de assisti-los de pé.

Quem gosta de música, de verdade, como eu, ficou até o final. E concordaria comigo se eu dissesse que se brasileiro entendesse mesmo dessas coisas, faria questão de pagar por esse show, e caro.

Giovana Damaceno
Enviado por Giovana Damaceno em 10/06/2007
Código do texto: T521479
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.