Padre Antônio Vieira

MOISÉS, Massaud. “Padre Antônio Vieira”. A literatura portuguesa. 37. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Cultrix, 2010, p. 115-119.

Padre Antônio Vieira, célebre jesuíta, cuja vida se estendeu entre os anos de 1608 a 1697, é uma das maiores figuras do pensamento do quadro Barroco português do século XVII. Ao traçar os pontos cruciais de sua trajetória, Massaud Moisés revela grande fascínio por tal personalidade, evidenciando seu mérito pelos grandes combates travados sobre os limites das autoridades reais e religiosas. Além disso, apresenta a relevância das obras de Vieira, que revelam um autor de caráter moralista, político e filosófico, cujas ideias eram expressadas através de uma brilhante retórica.

De forma breve, Moisés apresenta um esboço da vida de Antônio Vieira, seguindo de forma cronológica aspectos importantes de seu percurso. Padre Vieira, após sua ordenação em 1634, é reconhecido pela sua oratória, persuasão e vasta sabedoria. Junto à corte de D. João IV, prestando a ele sua fidelidade, este atinge seu auge. Dentre suas obras, algumas não atingiram o êxito esperado, como sua missão diplomática à Haia, Paris e Roma. No Brasil, em 1652, empenhou-se no processo de catequização e conversão dos indígenas no estado do Maranhão, causando a fúria dos colonos por agir contra suas vontades.

Ao retornar para Portugal, no ano de 1661, foi incriminado de heresia pela inquisição por acreditar na ressurreição de D. João, morto há cinco anos antes de seu retorno, e anunciar para Portugal o Quinto Império. Anos mais tarde, Vieira seguiu para Roma e tornou-se orador do Salão da Rainha Cristina, da Suécia. Em 1681, de volta ao Brasil, dedicou-se à elaboração de textos e à publicação dos sermões, coletâneas onde compartilhou seu amplo conhecimento, buscando pregar o doutrinamento cristão para a população. Seu falecimento é datado em 18 de julho de 1697.

Argumentando com propriedade, Moisés destaca vários aspectos atribuídos às obras do jesuíta. Enaltece o fato de que Vieira se dedicou a todas as questões pertinentes de sua época, procurando agir conforme aquilo que julgava correto para lhes dar as orientações cabíveis, usando de todo seu conhecimento, sempre coeso aos fatos tangíveis, evidenciando a riqueza de sua obra e de seu conhecimento.

Outro aspecto apontado por Massaud Moisés recai sobre os sermões produzidos por Vieira, afirmando que, para que haja compreensão de sua obra, é necessário o conhecimento das características fundamentais do movimento barroco, porém, vale acrescentar que o foco aos textos literários, que de fato constituem esse momento da literatura, é imprescindível.

Através de pequenos trechos de alguns dos sermões mais conhecidos de Antônio Vieira, Moisés faz considerações pertinentes ao estilo vieiriano, qualificando-o como hesitante, contraditório e instável, procurando serpear suas ideias no intuito de orientar e persuadir seu público. Além disso, ressalta sua dialética conceptista, marcada pelo jogo de conceitos e ideias, construído através de uma lógica racionalista com retórica aprimorada, fazendo-se uso do momento presente vinculado ao texto evangélico, com o objetivo de impressionar e “traumatizar” através de suas analogias.

Tendo sempre em mente objetivos morais, as obras de Padre Vieira, cujo vocabulário evidencia toda a sua qualidade de escritor, sempre buscaram oferecer fatos convincentes, para que fosse possível ensinar e orientar, atingindo seu público com veemência e persuasão.

Assim, Massaud Moisés, ao esclarecer todos os pontos pertinentes a esse ilustre jesuíta, retrata-o como figura mais importante do Barroco português, atribuindo-lhe tal talento e relevância pelas obras produzidas, tanto na sua carreira como pregador da doutrina cristã, assim como nos textos riquíssimos que produziu. Em um breve comentário final, julga-o como figura pertinente para o Barroco brasileiro, procurando ressaltar os temas brasileiros presentes neste autor, como a questão dos índios e dos negros. Vale apontar que, tais questões, estão intimamente ligadas às obras de Padre Vieira, cujos temas transparecem seus contornos através de sua oratória, lembrando-nos das características da cultura resultante do processo de colonização do Brasil.

Tainara Andrade

Graduanda em Letras pela PUCCAMP

Tainara Andrade
Enviado por Tainara Andrade em 28/05/2016
Reeditado em 29/05/2016
Código do texto: T5649701
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