A FILOSOFIA E A NOVA ESCOLA - SOMOS ALIENADOS?

Infelizmente, a realidade das escolas nos dias atuais não é muito diferente da que foi vista no vídeo de Pink Floyd, The Wall. Vemos nossas crianças, jovens e até nós mesmos – por que não dizê-lo – vivendo uma educação "maquiada". No vídeo vemos as crianças com máscaras, sem individualidade, sem oportunidade de expressar diferentes valores. Vemos pessoas sendo "domesticadas" de acordo com o que imperava na sociedade da época. Mas, e nos dias atuais, lhes pergunto: vemos uma situação diferente?

Somos alienados? Sim, e é preocupante essa afirmação, visto que a globalização está em seu auge e o conhecimento e a necessidade da diversidade nunca estiveram tão presentes. Vemos as pessoas se contentando somente com o que lhes é ensinado, e dificilmente vemos pessoas buscando e aplicando conhecimentos em suas rotinas.

Como foi dito pela filósofa Viviane Mosé, a escola brasileira "ainda" ensina a passividade. É tratada como fábrica, onde são "montados conhecimentos como se linha de montagem fossem". Pior ainda, a escola é administrada como uma prisão, onde o currículo escolar é chamado de grade, o conteúdo é disciplina e a avaliação é prova. Afirma também que a ideia de escola é preparar o aluno para o mercado, e não para a vida, e falha drasticamente nos dois quesitos. Concluindo ela indaga que a escola "desprepara" o indivíduo, o que, ao meu ver, resulta na alienação.

No Mito da Caverna, podemos comparar as metodologias limitantes das escolas e da sociedade em geral sendo o fundo da caverna, e se o indivíduo não é corajoso, ou curioso o bastante, acaba ficando junto à massa vivendo em seu mundinho alienado, passivo e sem reação ao que está acontecendo ao seu redor. É preciso sair da caverna, ver o que acontece ao redor, ter a sensibilidade de perceber que conhecimento nada pode fazer ao ser humano se não for aplicada, exercida com liberdade de expressão, com multiplicidade, e é aí que entra a filosofia.

Segundo Paulo Freire, e pegando o gancho de algumas afirmações da Viviane Mosé em sua palestra divulgada no YouTube, podemos concluir que se faz necessária uma grande mudança na metodologia ensinada nas escolas de hoje, e essa mudança deve ser contínua, pois todo o saber é provisório, e nunca haverá ninguém que seja conhecedor de tudo.

A sociedade está em constante mutação e as escolas precisam acompanhar essas mudanças. A Nova Escola, defendida por Freire, engloba vários fatores, entre eles uma alteração no modo de pensar e agir do professor para transformá-lo em educador, pois educador não ensina, estimula o aprendizado; não sabe tudo mas tem interesse sobre todos os assuntos; não impõem ao educando acúmulo de conhecimento, como acontece na educação bancária citada por Freire, pois quem acumula conhecimento não pensa, e a ideia principal da Nova Escola é estimular e conscientizar o educando a ser um pensador e, dessa forma, permitir que o mesmo tenha capacidade de " ler o mundo para transformá-lo”.

Na sociedade atual o ato de pensar é visto como cansativo e até mesmo, invasivo para muitos. Vivemos em um país democrático, mas não existe a democracia nas escolas. Tudo é imposto, como depósitos em um banco, onde o aluno recebe "a disciplina", aceita-a e acredita que dessa forma contribuirá como um ser integrante de uma sociedade opressora. A tecnologia favorece a “desalienação” somente daqueles que se recusam a ficar no fundo da caverna. O estímulo ao pensar é a única solução para trilharmos o caminho da sabedoria, e somente ele pode nos tornar de fato, indivíduos.

“Penso, logo existo.” (Descartes)

https://www.youtube.com/watch?v=p3O6yjuG8wg

https://www.youtube.com/watch?v=vrC8i7qyZ2w

https://www.youtube.com/watch?v=FJ29N7aLd-s

Revista Nova Escola, Edição Especial n° 25" Grandes Pensadores", Editora Abril, 2009.