XEXÉU (JOÃO GOMES SOBRINHO)

O Trovador das Lages

Há muitos séculos já se dizia que os ancestrais dos cordelistas já reacendia a alma dos intelectuais de épocas remotas. Ora, eles sim eram os verdadeiros intelectuais, os outros ficavam para o segundo plano. Jograis, menestréis e trovadores eram aqueles que norteavam a literatura. Literatura que influenciou gerações inteiras de poetas futuros em todos os seus seguimentos, tanto em prosa quanto em versos. Até reis se aventuravam nas cantigas, a exemplo de D. Diniz, grande Rei de Portugal e de D. Afonso X, o Sábio, que foi Rei de Leão e Castela, atual Espanha! Os que se dizem grandes escritores de hoje, devem em muitos a esses antigos gênios das letras e das declamações de poemas. Representam todos os lugares, conversam com a lua, com as árvores, com as aves, com as flores, com o vento, com a chuva e com tudo que por ventura lhes tragam inspiração.

A genialidade desses artistas medievais em escrever e recitar as famosas cantigas de amigos, de amor, de maldizer e de escárnio; atravessou os mares e chegou ao Brasil contribuindo para as diretrizes que muitos dos nossos artistas, em todos os tempos, buscaram ou tentaram seguir ao pé da letra para os seus poemas e versos. Muitos não chegam nem perto. Porém alguns já nascem gênios e um desses gênios, monstro da poesia, é aquele que todos nós, de Santo Antônio/RN e do Brasil conhecemos como: João Gomes Sobrinho, o popular “Xexéu”.

Natural de Santo Antônio/RN, oriundo do Sítio Lages, nasceu no dia 13 de Maio de 1938, Filho de Elizeu Gomes de Carvalho e Jesuína Gomes de Carvalho, Xexéu é um daqueles gênios, que representa a força da natureza. Tanto representou que foi reconhecido como patrimônio imaterial da cultura popular do Estado Rio Grande do Norte através da Lei 9.032/2007 do registro do patrimônio vivo.

Com suas próprias palavras o grande trovador conta que queria muito aprender a ler e sempre contava parte de sua história inicial com as letras. Dizia: “Lá nas Lages não tinha escola, e eu tinha muita inveja de quem sabia ler e escrever. Então eu comprei a famosa cartilha do ABC, botava dentro do chapéu e saia procurando alguém para me ensinar. Quando encontrava alguém que sabia ler, pedia uma explicação”. E foi dessa maneira que entrou em contato com os cordéis. Pelas feiras da região começava a desabrochar o seu grande dom natural, o encanto suave das suas doces e belas poesias que o fez viajar e a se apresentar em várias partes do Brasil; a exemplo se apresentou em grandes cidades como: Natal, João Pessoa, Brasília, Curitiba, entre tantas outras. E pelo interior muitos ouviam o cantarolar, em forma de versos, na própria voz do grande poeta popular que entoava as angústias das grandes secas, das cheias esporádicas dos rios, do revoar dos pássaros, do florescer das árvores, dos grandes ventos alísios do leste, das mesquinhezas e perseguições dos poucos ricos perante os muitos pobres, da religiosidade da região. Foi, é e sempre será conhecido como um poeta popular e completo!

Muitos críticos se perguntam se as maiores inspirações, em termos de se comparar com a poesia de poetas anteriores. Às vezes dizem: foi em Cassimiro de Abreu, Castro Alves,...? E eu digo: Xexéu é ele mesmo. A sua genialidade estar em sua própria natureza. A natureza de uma genialidade que é só sua. E isso comprova aquele velho ditado quando diz que: “Um gênio pode nascer em qualquer lugar”. E essa genialidade nasceu em Santo Antônio, interior do Rio Grande do Norte.

Contudo, por maior que seja a intenção de se tentar demonstrar a grandeza desse grande poeta popular, todos os adjetivos positivos ainda são poucos pela grandeza ainda maior dos atributos naturais em forma de poesias do nosso eminente trovador. Muitos se vão, mas, alguém sempre nos deixará algum legado e com certeza o maior legado que a nossa cidade tem e que vai ficar será aquele deixado na forma de poesia e verso do grande poeta João Grande Sobrinho o Grande “Xexéu”.

Autor: Claudianor D. Bento