Guerreiras mágicas de Rayearth: amizade e superação

Talvez muitos não lembrem de um anime que passou no SBT numa época em que as animações japonesas estavam em alta por causa do sucesso de Cavaleiros do Zodíaco, o que motivou as emissoras (especialmente a extinta TV Manchete) a comprar sucessos como Samurai Warriors, Sailor Moon, Dragon Ball, Shurato e Guerreiras Mágicas de Rayearth, história que é um verdadeiro marco da animação japonesa.

Assim como Sailor Moon, Guerreiras Mágicas de Rayearth foi protagonizado por garotas, podendo ser classificado como uma história shoujo(para moças) e chama a atenção por seus belíssimos traços, colorido exuberante, trama ambientada num universo fantástico e a valorização da amizade e da superação das fraquezas. Ainda que as garotas tenham experimentado paixões ao longo da trama, que, ao contrário de Sailor Moon, não foi tão longa, o mote não eram os relacionamentos românticos e sim a amizade que uniu as três garotas, levando-as a agir juntas para salvar um universo mágico que estava ameaçado e superar suas fraquezas individuais.

As três protagonistas são Lucy( Hikaru Shidou), Anne (Fuu Hojal) e Marine (Umi Ryuzaki) três garotas de escolas e personalidades diferentes que nunca haviam se encontrado até então e estão, junto com as colegas de suas turmas, visitando a Torre de Tóquio. De repente, uma luz forte aparece e as meninas se veem num mundo desconhecido, no qual são recebidas por um estranho rapaz, o Guru Clef, que explica que elas devem salvar a Princesa Esmeralda, que foi capturada por Zagard. A princesa é o pilar de Zefir, mundo em que as garotas agora se encontram e, sem ela, cujas orações são essenciais para que tudo esteja em equilíbrio, está ameaçado de destruição.

As informações que recebem são poucas, pois a situação de Zefir está grave e, como não há tempo a perder, elas logo partem na missão de ir em busca do metal com que forjarão suas armas e de despertar os gênios, que são imensos robôs. Em sua companhia, levam Mokona, animalzinho engraçadinho semelhante a um coelho branco que tem uma espécie de pedra vermelha em sua testa e que se revela bastante útil.

Logo, elas vão vendo que Zefir é um mundo regido pelo poder da mente e cada uma recebe o dom da magia, com poder para controlar determinado elemento. Lucy controlará o fogo, Marine, a água e Anne, o vento. Os nomes originais das personagens são bastante simbólicos em relação aos elementos da natureza sobre os quais detêm poder: Hiraku, o nome original de Lucy, significa “O brilho da juba do leão”; Umi, o de Marine, “Flor dragão do mar” e Fuu, o de Anne, quer dizer “O vento do templo da Fênix”.

Lucy, a mais entusiasmada, aceita sem hesitar a missão e é a primeira a conseguir usar a magia. Anne, tímida e sensata, hesita. Já Marine, jovem petulante de família rica, não gosta de se lançar numa aventura num mundo desconhecido. Entretanto, o perigo e as muitas situações que ambas atravessam não dá tempo para que pensem e elas precisam agir logo. Enquanto elas enfrentam perigos, encontram aliados como Priscila(Plecear, no original), que forjará suas armas e o misterioso Ferio, que se torna a paixão da tímida Anne, mas também muitos inimigos: Alcion, Ascot, Caldina, Inov e Rafaga.

Ao mesmo tempo em que têm de enfrentar seus inimigos e tantos obstáculos que lhes aparecerão neste mundo desconhecido, precisam aprender a confiar em si mesmas e vencer seus defeitos e fraquezas. Lucy tem de aprender a ser mais sensata, pois sua natureza passional a leva a confiar demais nos outros e agir precipitadamente. Anne é muito insegura e necessita desenvolver sua autoconfiança e Marine, extremamente centrada em si mesma, precisa se tornar menos egoísta e valorizar a amizade e a união.

Diferentemente de Sailor Moon, que teve muitos momentos cômicos, Guerreiras Mágicas de Rayearth é bastante sério, concentrando-se nas batalhas e momentos de drama e tensão que são essenciais ao desenvolvimento da trama. Mesmo assim, há bons momentos em que podemos dar risadas, principalmente quando vemos Marine implicar com Mokona, que adora provoca-la, e brigar com Anne, fazendo comentários sarcásticos.

Um aspecto interessante a observar é que a história não é maniqueísta, pois seus vilões não são realmente maus. E as meninas, à medida que avançam na sua missão, vão vendo que as coisas não são exatamente como parecem e que elas talvez tenham de tomar uma terrível decisão que encherá seus corações de tristeza.

Muitas mudanças foram feitas no processo de adaptação do mangá para o anime. Aparecem personagens que não existiam no mangá, como Inov, Deboner e Nova(estas duas últimas na segunda fase) e personagens que não morreram no mangá morrem no anime, como Priscila e Visão de Águia (personagem que também aparece na segunda fase). Talvez isso tenha sido feito para encompridar um pouco a história, que, no total, rendeu 49 capítulos. Na segunda fase, aparecem muitos outros personagens e um que merece destaque é Lantis, irmão de Zagard, que se torna a paixão de Lucy.

Assistir a Guerreiras Mágicas de Rayearth é assistir a uma linda história de aventura, fantasia, amizade, amadurecimento e superação. Ver como as meninas vão desenvolvendo seus dons e poderes mágicos e superando medos e fraquezas ao longo da trama.