O Enigma de Kaspar Hauser - Resenha Crítica

O filme apresentando para escrita da resenha “O enigma de Kaspar Hauser” como traduzido em português de 1974, filme alemão ocidental, do diretor Werner Herzog, narra a história de Karpar Hauser uma criança abandonada envolta a um verdadeiro enigma de sua existência, suas particularidades e qualidades é incompreensível e ambíguo.

O filme é baseado em um livro que tem por narrativa o caso de um adolescente encarcerado na Alemanha do século XIX até a idade de 16 anos.

Kaspar Hauser é encontrado em uma praça perdido, não consegue falar ou se locomover, passou parte de sua vida trancado, sendo espancado e sem qualquer convívio humano, somente depois disso é que o seu desenvolvimento pode ser observado pelas pessoas próximas conduzidas a ajudá-lo.

Sem o desenvolvimento da linguagem e outras habilidades sociais que foram seriamente comprometidas não é possível mesmo após sua ressocialização o entendimento do que aconteceu, ou quais foram os fatores que o levaram a passar tanto tempo de sua existência longe da sociedade civil, considerando a teoria Gerativa de Noam Chomsky inspirado no racionalismo e na tradição lógica dos estudos de linguagem, ele apresenta uma teoria a que chama de gramática.

A função dessa gramática não é de ditar regras, mas envolver todas as frases gramaticais que pertencem à língua.

Chomsky defende que a língua é um conjunto de infinito de frases e que se define não só pelas frases existentes, mas também por possíveis, que se podem criar a partir das regras da língua, defende a capacidade inata do indivíduo tem de produzir, compreender e de reconhecer a estrutura de todas as frases de sua língua nativa.

A capacidade para desenvolver a linguagem é uma habilidade inata do ser humano, já nascemos com ela. E como a espécie humana é caracterizada pela racionalidade.

Relacionando o filme aos estudos linguísticos apresentados podemos observar que à aquisição tardia de uma língua materna, fora do período crítico da infância pode acarretar inúmeras sequelas à formação social e individual do ser humano, pois através da fala é que nos expressamos de diversas formas podendo assim expressar pensamentos, emoções e sentimentos o que não ocorre com o estranho personagem na qual não consegue distinguir sonho de realidade.

Kaspar Hauser foi mantido trancado por quinze anos, provavelmente porque era herdeiro do trono em Baden, e que mesmo sem fazer mal a ninguém foi considerado uma ameaça.

É interessante ressaltar que no decorrer do filme ele é estimulado a aprender convenções da época ligadas a sociedade, ciência e religião, mesmo que ampliando o seu vocabulário, música, tricô e jardinagem não consegue ter um domínio nos assuntos relativamente apresentado por seu tutor ligados a ciência e religião.

Não conseguimos avaliar se a sua falta de entendimento aos assuntos filosóficos é em decorrência do seu encarceramento ou simplesmente desinteresse por ser complexo até mesmo aos homens mais sábios e estudiosos de sua época, está aí mais um questionamento enigmático de Kaspar, pois a filosofia nos desafia a despertar o espírito crítico para que tenhamos melhor compreensão da vida, natureza e morte.

Kaspar Hauser não parece entender as explicações que lhe passam como compreender o significado das palavras e o que elas representam sem ter passado pelo processo do aprendizado. Isso nos dá indicio de que a forma pelo qual compreendemos o mundo e se relacionamos com ele indica que a percepção depende, sobretudo da prática e convívio social. Buscaram enquadrar naquilo que chamam de normal em todos os caminhos possíveis, atração turística, adestramento como animal, aberração e atração de circo, buscaram catequizar, o chamaram de filho da natureza, e não achando forma de deixá-lo igual aos demais o assassinaram, é assim que a sociedade faz com quem é diferente isso não mudou nos séculos passados e parece não mudar no século atual, mesmo tendo tantos recursos em nossas mãos, ainda assim não aceitamos aquilo que não se encaixa no que consideramos adequados.

Concluímos que a “humanização” do homem, não é uma decorrência biológica da espécie, mas conseqüência de um processo de aprendizagem e convívio com os demais desde os primeiros anos de existência.O nosso dispositivo de aquisição conforme teoria de Noam Chomsky tem um prazo determinado para funcionamento, é como se “ganhássemos um HD novinho quando nascemos, mas se não usado, ou demorar a ser usado, não irá funcionar da mesma forma”. Kaspar de certa forma foi “domesticado” para se enquadrar aos princípios sociais de sua época, mas a privatização da sociedade por longos anos o impediu de se desenvolver intelectualmente e socialmente como previstos aqueles que são integrados desde muito cedo a civilização.

Assim como a história do filme baseado em fatos reais aconteceu, ainda existem muitas outras histórias semelhantes e que infelizmente continuam se repetindo por inúmeros motivos, o que nos resta é trabalhar e desenvolver meios de radicalizar esses fatos, uma vez que o que adianta os estudos linguísticos se não for para serviço e melhoria da qualidade de vida dos nossos semelhantes.

A linguagem está presente em tudo que fazemos e é ela que nos proporciona as relações entre as pessoas, tudo que aprendemos e transmitimos ao outro se deve a linguagem e é impossível a convivência humana e as relações sociais sem ela.

REFERÊNCIAS

ADORO CINEMA, Sinopse e detalhes, São Paulo

DIA A DIA EDUCAÇÃO, http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=12601

ORLANDI, Eni Pulcinelli. O que é Lingüística. Série Princípios. São Paulo, Ática.

Ana Paula Diniz
Enviado por Ana Paula Diniz em 09/01/2020
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