Contos Cotidianos: Felicidade surreal

Numa manhã de dezembro de 2019, na Cidade de Natal, enquanto a cidade seguia agitada com o comércio sugerindo que o cidadão precisa gastar todos os seus tostões, afinal , se aproximara o Natal, época de trocar presentes, e perdem o foco de luz, que seria pregar o amor, o nascimento de Jesus.

Num bairro nobre, em renomada clínica aguardando o atendimento de um famoso cirurgião da cidade, muitas mulheres aguardavam o atendimento. Havia senhoras da terceira idade querendo ludibriar as marcas do tempo em seu corpo, e umas balzaquianas querendo dar o aspecto de 18 anos ao seu corpinho de trinta e poucos.

Todos aguardavam na antessala, quando de repente, surge um burburinho, risos daqui conversinhas daqui...todo esse agito, causado por um presente que uma paciente colocou no balcão da recepção, destinado ao seu médico, tal foi a satisfação com o sucesso da cirurgia.

Ao ver a caixa de presente, um grupo de pacientes mais jovens, entraram em êxtase, era uma enorme cesta Copenhagen, chocolates requintados e outras surpresas as quais, não se faz possível descrever com precisão, a não ser pela imaginação, já que a caixa estava lacrada.

Sem nenhum constrangimento, as moças pediram licença a paciente, e antes que ela permitisse, seguraram a estilosa caixa, e começaram a postar fotos no Instagram.

As jovens, sentiam a incrível necessidade mostrar ao mundo que supostamente foram lembradas por alguém, que são amadas, que são tops, para esta postagem, não servia um simples bombom. Tem que ter repercussão na mídia. Afinal, quem pode viver sem milhares de likes? Seria o fim do mundo!

É compreensível que as pessoas necessitem de um procedimento cirúrgico, efeitos da gravidade, com o tempo tudo tende a despencar, e para se sentir melhor, alguém queira driblar o tempo por meio de uma cirurgia plástica,

Questionável é a forma como as pessoas querem induzir a si próprias, nas redes sociais, de que a venda de imagens falsas acerca de sua real existência, possa preencher o vazio de suas vidas dividido entre clínicas e shopping centers entre imagens frias e mórbidas de uma sociedade que perdeu o prumo vivendo em função do consumo.

Sírlia Lima
Enviado por Sírlia Lima em 22/01/2020
Reeditado em 22/01/2020
Código do texto: T6847712
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