Pedagogia histórico-crítica (aplicação)

PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO

1º Encontro

Professor de Língua Portuguesa: RENATO PASSOS DE BARROS

Matrícula: 226730-6

Lotação: Ced São José – São Sebastião/DF

DESAFIO 1 – A gente sempre sabe alguma coisa

Elabore uma atividade ou um conjunto de atividades visando contemplar o desafio 1

Para tanto:

-Escolha uma série/ano

-Defina o objetivo de aprendizagem/tema ou conteúdo que será trabalhado

-Não se esqueça de considerar a prática inicial do estudante (aspectos culturais, simbólicos, locais, históricos, linguísticos, entre outros, que sejam relevantes para a atividade ou atividades que você vai elaborar)

-Faça uma abordagem dialogada e provocativa para que o estudante se sinta motivado a aprender ou a expressar o que ele já sabe

-Crie a atividade no Word (fonte 12, arial, justificado) ou equivalente e poste no link abaixo

uma versão em PDF da atividade/desafio.

Série/Ano: 3º Ano do Ensino Médio

Escola: Qualquer escola do Distrito Federal

Componente Curricular principal: História

Tema: O movimento fascista brasileiro do início século XX: o Integralismo de Plínio Salgado

Metodologia: Pedagogia histórico-crítica (5 momentos)

1º Momento – Prática social inicial

- O tema proposto propicia investigações, no contexto da comunidade escolar, sobre uma situação prática que possua correspondências semiológicas com a referida temática.

Pesquisa de campo (a situação prática): a turma do terceiro ano do ensino médio participa da manifestação antifascista do dia 07/06/2020 na esplanada dos ministérios.

Atividades: registro audiovisual da passeata; elaboração de relatórios escritos ou audiovisuais; entrevistas com outros participantes.

2º Momento - Problematização

- elaboração de questões desafiadoras pluridimensionais interdisciplinares (política, econômica, segurança pública, comportamento social individual e coletivo, cultural, linguística, simbólica, sanitária, etc)

Atividades:

• Exposição dos vídeos produzidos pelos estudantes como introdução ao debate.

• Elaboração de um debate (tipo: plenária ou mesa-redonda) com os estudantes sobre a experiência de participar de uma manifestação e também sobre as implicações das pautas reivindicatórias manifestadas no ato público político democrático.

• Divisão da turma em cinco grupos temáticos (História / Língua Portuguesa / Artes / Sociologia / Filosofia / Biologia / Matemática)

• O professor propõe um questionário investigativo em tópicos norteador das pesquisas que serão realizadas em cada componente curricular, cabendo aos estudantes a iniciativa de incluir outros tópicos pertinentes ao eixo temático da pesquisa por conta própria:

- Grupo de pesquisa do componente curricular: História

• O contexto político sócio-econômico europeu da ascensão de regimes totalitários nazifascistas e stalinista das primeiras décadas do século XX.

+ implicações da Belle Époque, primeira guerra mundial, da revolução russa e da crise de 1929 nesses movimentos.

• A greve geral de 1917 no Brasil, a revolução de 1930, a Era Vargas, o anarquismo brasileiro e o surgimento do Movimento Integralista liderado por Plínio Salgado.

+ Ação Integralista Brasileira; Manifesto de outubro; as pautas reivindicatórias do Integralismo; a Batalha da Praça da Sé (a revoada dos galinhas verdes): esquerda X extrema direita.

+ Ascensão da extrema direita no Brasil; o movimento bolsonarista e suas bandeiras de luta: destruição das instituições republicanas; apologia à ditadura militar; apologia às milícias armadas; apologia ao racismo; à homofobia, à misoginia; apologia à anomia governamental.

+ As passeatas bolsonaristas pró-ditadura militar x movimento antifascista das torcidas organizadas de futebol

+ Futebol e política: a democracia corintiana e a campanha das “Diretas Já”.

- Grupo de pesquisa do componente curricular: Língua Portuguesa

• Os gêneros textuais usados pelo Ação Integralista Brasileira e pelos movimentos sociais de esquerda em oposição. O monitoramento linguístico dos textos.

• Análise do Discurso do Manifesto de outubro: elementos da enunciação: lugar de fala, lugar de escuta, mídia, intenções explicitas e implícitas (inferência e pressuposição); legitimação do discurso; marcadores linguísticos de posicionamento ideológico e da falsa isenção.

• O movimento literário modernista e a participação de Plínio salgado na Semana da Arte Moderna de 1922.

- Grupo de pesquisa do componente curricular: Artes

• Simbologia: os símbolos do fascismo italiano, do nazismo (a soástica) e do Integralismo (o sigma), o cumprimento “anauê”.

• O valor artístico das pinturas de Hitler

• Os movimentos artísticos das primeiras décadas do século XX: O surrealismo, o Cubismo, Dadaísmo, Expressionismo, Futurismo e o contraponto do realismo natural nazista nas catedrais alemãs.

• Análise comparativa do discurso audiovisual do ex-secretário especial da Cultura do governo do presidente Jair Bolsonaro: Roberto Alvim com o discurso do Ministro de Adolf Hitler da Propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels, antissemita radical e um dos idealizadores do nazismo.

- Grupo de pesquisa do componente curricular: Sociologia

• A distorção dos postulados darwinistas e pseudociência eugenista no final do século XIX e início do século XX como legitimação da política incentivo à imigração europeia e das ações governamentais de implementação do racismo estrutural no Brasil.

• A ingênua euforia do período cosmopolita europeu chamado “Belle Époque”: inclusão de uma classe social e exclusão, opressão e exploração de outra classe social envolvida. A política armamentista europeia e norte-americana.

• A crise de 1929: grande Depressão, os suicídios da burguesia, a derrota alemã na primeira guerra mundial, o ressentimento dos extremistas, o movimento antissemita alemão, a eleição do inimigo nacional como bode expiatório. Quem são os bodes expiatórios do governo bolsonarista? A tentativa de encobrir a incompetência fascista.

• Intolerância ideológica (Escola sem partido, gabinete do ódio). Intolerância religiosa: ataques a religiões afrodescendentes. A farsa da ideologia de gêneros

- Grupo de pesquisa do componente curricular: Filosofia

• A distorção nazista do conceito de "Übermensch" (além-Homem) postulado por Nietzsche.

• Os ataques nazistas aos pensadores da Escola de Frankfurt

- Grupo de pesquisa do componente curricular: Biologia

• O postulado da Seleção Natural das Espécies fundamentando, erroneamente, o pensamento eugenista.

• O conceito de raças segundo a Biologia

• Gripe Espanhola e Coronavírus (Covid19): comparações científicas e suas implicações sociais na crise política brasileira de 2020.

- Grupo de pesquisa do componente curricular: Matemática

• Estudo comparativo com dados estatísticos, percentuais e estudos matemáticos que envolvem o custo de vida das classes sociais, crescimento econômico e a inflação dos países afetados pelas ideologias totalitárias na Europa (Itália, Alemanha, Espanha, Portugal) e no Brasil da Era Vargas.

3º Momento – Instrumentalização

- Visitas a museus, aos arquivos dos grandes jornais e emissoras de televisão. Pesquisas em livros e internet para responder os tópicos propostos pelo professor na fase da problematização. Elaboração de Seminários e de um blog para publicação do estudo.

4º Momento - Catarse

- Conclusão reflexiva. Síntese do aprendizado. Avaliação formativa: apresentação dos vídeos da manifestação antifascista na Esplanada dos Ministérios, relatórios escritos e audiovisuais; elaboração dos cartazes fazendo propaganda da apresentação dos seminários e do Blog na Feira de Conhecimento da escola. Público-alvo: os alunos de outras turmas, professores, funcionários da escola e pais e familiares dos alunos (comunidade escolar).

5º Momento: Prática Social Final

- Elaboração de um canal no youtube com os vídeos da manifestação na Esplanada dos Ministérios, e dos seminários realizados na Feira do Conhecimento para divulgação do trabalho de pesquisa e convocação para a próxima Manifestação. Esse seria o retorno à situação inicial prevista no último momento da Proposta Pedagógica em pauta, mas agora com uma perspectiva mais crítica e reflexiva sobre o contexto envolvido, propondo para o restante da sociedade ações coletivas para mudanças transformadoras engajadas.

Desafio 2 – Por que é importante aprender sobre isso?

Atividade ou conjunto de atividades por meio das quais o estudante toma consciência da relevância do que vai aprender. Elabore uma atividade ou um conjunto de atividades visando contemplar o DESAFIO 2 Para tanto:

- Mantenha o ano/série que você escolheu para realizar a atividade do desafio 1 (lembre-se que você realizará, ao final do curso, um conjunto de atividades percorrendo os quatro desafios da proposta metodológica para a produção de material didático).

- Lembre-se de que a atividade ou as atividades do Desafio 2 devem levar o(a) estudante a perceber a relevância do que vai aprender. Desse modo, é interessante que as atividades do Desafio 2 mostrem exemplos de aplicação do que vai ser aprendido, exemplos de experiências, práticas e fatos da realidade que são compreendidos a partir do que vai ser aprendido.

- Faça uma abordagem dialogada e provocativa para que o estudante se sinta motivado a aprender.

Série/Ano: 3º Ano do Ensino Médio

Escola: Qualquer escola de ensino médio do Distrito Federal

Componentes Curriculares principais: História / Língua Portuguesa

Tema: O movimento fascista brasileiro do início século XX: o Integralismo de Plínio Salgado

Metodologia: Pedagogia histórico-crítica (5 momentos)

3º Momento: Instrumentalização

Caderno de Atividades

Caro estudante,

Este Caderno de Atividades vai te ajudar a entender melhor a origem do fascismo na Europa como fenômeno social e a sua ressonância no Brasil da primeira metade do século XX. É o conhecimento que legitima a sua opinião crítica sobre o retorno desse fenômeno social agora em nossa atualidade. Para você expressar a sua opinião sobre esse tema no blog da turma, é preciso dominar o assunto porque o seu texto pode contribuir na conscientização de outras pessoas (leitores) para saber lidar e se posicionar diante do contexto político atual em nosso país. Perceba o tamanho de sua responsabilidade agora.

Portanto, o estudo aqui proposto é uma etapa necessária em seu projeto coletivo firmado com a sua turma. Faça-o com qualidade.

Texto 01

A palavra “fascismo” vem do italiano fascio, que significa “feixe”. Na Roma Antiga, o fasce (versão em latim da palavra), era um machado revestido por varas de madeira. Ele geralmente era carregado pelos lictores, guarda-costas dos magistrados que detinham o poder. O fasce era um símbolo de autoridade e união: um único bastão é facilmente quebrável, enquanto um feixe é difícil de arrebentar.

No século 20, o político italiano Benito Mussolini se apossou desse símbolo para seu novo partido. Em 1914, ele fundou o grupo Fasci d’Azione Rivoluzionaria (mais tarde, em 1922, surgiria o conhecido Partido Nacional Fascista). O uso do fascio não foi à toa. A Itália enfrentava uma profunda crise desde sua unificação tardia (concluída em 1870), e as consequências da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) pioraram a situação. Mussolini prometia, com o fascismo, trazer de volta os tempos áureos do antigo Império Romano.

Em 1919, os italianos Alceste de Ambris e Filippo Marinetti publicaram o Il manifesto dei fasci italiani di combattimento, texto hoje conhecido como Manifesto Fascista, que propunha um conjunto de medidas para resolver a crise da época. Nas décadas seguintes, o termo “fascismo” passou a ser usado para designar as políticas adotadas por Mussolini e seus seguidores.

O regime de Mussolini começou oficialmente em 1922, quando ele assumiu o cargo de primeiro ministro da Itália, e foi um sistema político nacionalista, imperialista, antiliberal e antidemocrático. Ele implantou um governo totalitário que privilegiou conceitos de nação e raça sobre os valores individuais. O fascismo italiano quase acabou em 1943, quando os países Aliados invadiram a Itália, durante a Segunda Guerra Mundial.

Mas os nazistas ainda deram uma segunda chance ao ditador: os alemães reocuparam a Itália, resgataram Mussolini e o levaram para o norte do país, onde ele tentou restituir seu governo. No fim, em 1945, os Aliados tomaram o norte e Mussolini foi capturado e fuzilado por guerrilheiros da resistência italiana. Seu corpo foi exposto em praça pública. Com a derrota da Itália (e das forças do Eixo) na guerra, “fascista” virou um termo pejorativo.

Revista – Superinteressante 5/7/2018. Acesso: 16/06/2020

Estudo Dirigido do texto 01

1) Qual a origem da palavra “fascismo”? Qual o seu símbolo e o que ele representa?

2) Por que o político italiano Benito Mussolini se apossou desse símbolo para fundar, em 1914, o grupo Fasci d’Azione Rivoluzionaria?

3) O segundo parágrafo do texto menciona, em breves linhas, a situação social e econômica da Itália após a primeira guerra mundial. Faça uma pesquisa sobre esse momento histórico italiano e explique:

• Por que as ideias “nacionalistas” propostas por Mussolini conseguiram a adesão de parte da população italiana naquele contexto?

• Ocorreram perseguições? Quais foram as etnias perseguidas pelo Partido Nacional Fascista?

• Quais eram as alegações dos fascistas para tentar justificar tal perseguição?

4) No quarto parágrafo, quais são os adjetivos usados pelo autor do texto para descrever o sistema político imposto por Benito Mussolini? Pesquise, no dicionário, o significado de cada um deles.

5) De acordo com o texto, como e quando ocorreu a queda do regime fascista na Itália?

6) O texto1 pertence a qual gênero discursivo?

7) Qual a mídia usada para divulgar o texto?

8) Qual a finalidade do texto?

9) Por que esse gênero textual é o mais adequado para tal propósito?

Para saber mais, assista ao filme: “A vida é bela” de Roberto Benigni no link: https://www.youtube.com/watch?v=hHCb0n2gKg8&list=PLapPQahpSyov5A_NfQGMPvwytTexBVFw0

Texto 02 - Umberto Eco: 14 lições para identificar o neofascismo e o fascismo eterno

(...) A despeito dessa confusão, considero possível indicar uma lista de características típicas daquilo que eu gostaria de chamar de “Ur-Fascismo”, ou “fascismo eterno”. Tais características não podem ser reunidas em um sistema; muitas se contradizem entre si e são típicas de outras formas de despotismo ou fanatismo. Mas é suficiente que uma delas se apresente para fazer com que se forme uma nebulosa fascista.

1. A primeira característica de um Ur-Fascismo é o culto da tradição. O tradicionalismo é mais velho que o fascismo. Não somente foi típico do pensamento contra reformista católico depois da Revolução Francesa, mas nasceu no final da idade helenística como uma reação ao racionalismo grego clássico.

Na bacia do Mediterrâneo, povos de religiões diversas (todas aceitas com indulgência pelo Panteon romano) começaram a sonhar com uma revelação recebida na aurora da história humana. Essa revelação permaneceu longo tempo escondida sob o véu de línguas então esquecidas. Havia sido confiada aos hieróglifos egípcios, às runas dos celtas, aos textos sacros, ainda desconhecidos, das religiões asiáticas.

Essa nova cultura tinha que ser sincretista. “Sincretismo” não é somente, como indicam os dicionários, a combinação de formas diversas de crenças ou práticas. Uma combinação assim deve tolerar contradições. Todas as mensagens originais contêm um germe de sabedoria e, quando parecem dizer coisas diferentes ou incompatíveis, é apenas porque todas aludem, alegoricamente, a alguma verdade primitiva.

Como consequência, não pode existir avanço do saber. A verdade já foi anunciada de uma vez por todas, e só podemos continuar a interpretar sua obscura mensagem. É suficiente observar o ideário de qualquer movimento fascista para encontrar os principais pensadores tradicionalistas. A gnose nazista nutria-se de elementos tradicionalistas, sincretistas ocultos. A mais importante fonte teórica da nova direita italiana Julius Evola, misturava o Graal com os Protocolos dos Sábios de Sião, a alquimia com o Sacro Império Romano. O próprio fato de que, para demonstrar sua abertura mental, a direita italiana tenha recentemente ampliado seu ideário juntando De Maistre, Guenon e Gramsci é uma prova evidente de sincretismo.

Se remexerem nas prateleiras que nas livrarias americanas trazem a indicação “New Age”, irão encontrar até mesmo Santo Agostinho e, que eu saiba, ele não era fascista. Mas o próprio fato de juntar Santo Agostinho e Stonehenge, isto é um sintoma de Ur-Fascismo.

2. O tradicionalismo implica a recusa da modernidade. Tanto os fascistas como os nazistas adoravam a tecnologia, enquanto os tradicionalistas em geral recusam a tecnologia como negação dos valores espirituais tradicionais. Contudo, embora o nazismo tivesse orgulho de seus sucessos industriais, seu elogio da modernidade era apenas o aspecto superficial de uma ideologia baseada no “sangue” e na “terra” (Blut und Boden). A recusa do mundo moderno era camuflada como condenação do modo de vida capitalista, mas referia-se principalmente à rejeição do espírito de 1789 (ou 1776, obviamente). O iluminismo, a idade da Razão, era vista como o início da depravação moderna. Nesse sentido, o Ur-Fascismo pode ser definido como “irracionalismo”.

3. O irracionalismo depende também do culto da ação pela ação. A ação é bela em si, portanto, deve ser realizada antes de e sem nenhuma reflexão. Pensar é uma forma de castração. Por isso, a cultura é suspeita na medida em que é identificada com atitudes críticas. Da declaração atribuída a Goebbels (“Quando ouço falar em cultura, pego logo a pistola”) ao uso frequente de expressões como “Porcos intelectuais”, “Cabeças ocas”, “Esnobes radicais”, “As universidades são um ninho de comunistas”, a suspeita em relação ao mundo intelectual sempre foi um sintoma de Ur-Fascismo. Os intelectuais fascistas oficiais estavam empenhados principalmente em acusar a cultura moderna e a inteligência liberal de abandono dos valores tradicionais.

4. Nenhuma forma de sincretismo pode aceitar críticas. O espírito crítico opera distinções, e distinguir é um sinal de modernidade. Na cultura moderna, a comunidade científica percebe o desacordo como instrumento de avanço dos conhecimentos. Para o Ur-Fascismo, o desacordo é traição.

5. O desacordo é, além disso, um sinal de diversidade. O Ur-Fascismo cresce e busca o consenso desfrutando e exacerbando o natural medo da diferença. O primeiro apelo de um movimento fascista ou que está se tornando fascista é contra os intrusos. O Ur-Fascismo é, portanto, racista por definição.

6. O Ur-Fascismo provém da frustração individual ou social. O que explica por que uma das características dos fascismos históricos tem sido o apelo às classes médias frustradas, desvalorizadas por alguma crise econômica ou humilhação política, assustadas pela pressão dos grupos sociais subalternos. Em nosso tempo, em que os velhos “proletários” estão se transformando em pequena burguesia (e o lumpesinato se auto exclui da cena política), o fascismo encontrará nessa nova maioria seu auditório.

7. Para os que se veem privados de qualquer identidade social, o Ur-Fascismo diz que seu único privilégio é o mais comum de todos: ter nascido em um mesmo país. Esta é a origem do “nacionalismo”. Além disso, os únicos que podem fornecer uma identidade às nações são os inimigos. Assim, na raiz da psicologia Ur-Fascista está a obsessão do complô, possivelmente internacional. Os seguidores têm que se sentir sitiados. O modo mais fácil de fazer emergir um complô é fazer apelo à xenofobia. Mas o complô tem que vir também do interior: os judeus são, em geral, o melhor objetivo porque oferecem a vantagem de estar, ao mesmo tempo, dentro e fora. Na América, o último exemplo de obsessão pelo complô foi o livro The New World Order, de Pat Robertson.

8. Os adeptos devem sentir-se humilhados pela riqueza ostensiva e pela força do inimigo. Quando eu era criança ensinavam-me que os ingleses eram o “povo das cinco refeições”: comiam mais frequentemente que os italianos, pobres mas sóbrios. Os judeus são ricos e ajudam-se uns aos outros graças a uma rede secreta de mútua assistência. Os adeptos devem, contudo, estar convencidos de que podem derrotar o inimigo. Assim, graças a um contínuo deslocamento de registro retórico, os inimigos são, ao mesmo tempo, fortes demais e fracos demais. Os fascismos estão condenados a perder suas guerras, pois são constitutivamente incapazes de avaliar com objetividade a força do inimigo.

9. Para o Ur-Fascismo não há luta pela vida, mas antes “vida para a luta”. Logo, o pacifismo é conluio com o inimigo; o pacifismo é mal porque a vida é uma guerra permanente. Contudo, isso traz consigo um complexo de Armagedon: a partir do momento em que os inimigos podem e devem ser derrotados, tem que haver uma batalha final e, em seguida, o movimento assumirá o controle do mundo. Uma solução final semelhante implica uma sucessiva era de paz, uma idade de Ouro que contestaria o princípio da guerra permanente. Nenhum líder fascista conseguiu resolver essa contradição.

10. O elitismo é um aspecto típico de qualquer ideologia reacionária, enquanto fundamentalmente aristocrática. No curso da história, todos os elitismos aristocráticos e militaristas implicaram o desprezo pelos fracos. O Ur-Fascismo não pode deixar de pregar um “elitismo popular”. Todos os cidadãos pertencem ao melhor povo do mundo, os membros do partido são os melhores cidadãos, todo cidadão pode (ou deve) tornar-se membro do partido. Mas patrícios não podem existir sem plebeus. O líder, que sabem muito em que seu poder não foi obtido por delegação, mas conquistado pela força, sabe também que sua força baseia-se na debilidade das massas, tão fracas que têm necessidade e merecem um “dominador”. No momento em que o grupo é organizado hierarquicamente (segundo um modelo militar), qualquer líder subordinado despreza seus subalternos e cada um deles despreza, por sua vez, os seus subordinados. Tudo isso reforça o sentido de elitismo de massa.

11. Nesta perspectiva, cada um é educado para tornar-se um herói. Em qualquer mitologia, o “herói” é um ser excepcional, mas na ideologia Ur-Fascista o heroísmo é a norma. Este culto do heroísmo é estreitamente ligado ao culto da morte: não é por acaso que o mote dos falangistas era: “Viva la muerte!” À gente normal diz-se que a morte é desagradável, mas é preciso enfrentá-la com dignidade; aos crentes, diz-se que é um modo doloroso de atingir a felicidade sobrenatural. O herói Ur-Fascista, ao contrário, aspira à morte, anunciada como a melhor recompensa para uma vida heroica. O herói Ur-Fascista espera impacientemente pela morte. E sua impaciência, é preciso ressaltar, consegue na maior parte das vezes levar os outros à morte.

12. Como tanto a guerra permanente como o heroísmo são jogos difíceis de jogar, o Ur-Fascista transfere sua vontade de poder para questões sexuais. Esta é a origem do machismo (que implica desdém pelas mulheres e uma condenação intolerante de hábitos sexuais não-conformistas, da castidade à homossexualidade). Como o sexo também é um jogo difícil de jogar, o herói Ur-Fascista joga com as armas, que são seu Ersatz fálico: seus jogos de guerra são devidos a uma inveja pênis permanente.

13. O Ur-Fascismo baseia-se em um “populismo qualitativo”. Em uma democracia, os cidadãos gozam de direitos individuais, mas o conjunto de cidadãos só é dotado de impacto político do ponto de vista quantitativo (as decisões da maioria são acatadas). Para o Ur-Fascismo os indivíduos enquanto indivíduos não têm direitos e “o povo” é concebido como uma qualidade, uma entidade monolítica que exprime “a vontade comum”. Como nenhuma quantidade de seres humanos pode ter uma vontade comum, o líder apresenta-se como seu intérprete. Tendo perdido seu poder de delegar, os cidadãos não agem, são chamados apenas pars pro toto, para assumir o papel de povo. O povo é, assim, apenas uma ficção teatral. Para ter um bom exemplo de populismo qualitativo, não precisamos mais da Piazza Venezia ou do estádio de Nuremberg.

Em nosso futuro desenha-se um populismo qualitativo TV ou internet, no qual a resposta emocional de um grupo selecionado de cidadãos pode ser apresentada e aceita como a “voz do povo”. Em virtude de seu populismo qualitativo, o Ur-Fascismo deve opor-se aos “pútridos” governos parlamentares. Uma das primeiras frases pronunciadas por Mussolini no Parlamento italiano foi:“Eu poderia ter transformado esta assembleia surda e cinza em um acampamento para meus regimentos”. De fato, ele logo encontrou alojamento melhor para seus regimentos e pouco depois liquidou o Parlamento. Cada vez que um político põe em dúvida a legitimidade do Parlamento por não representar mais a “voz do povo”, pode-se sentir o cheiro de Ur-Fascismo.

14. O Ur-Fascismo fala a “novilíngua”. A “novilíngua” foi inventada por Orwell em 1984, como língua oficial do Ingsoc, o Socialismo Inglês, mas certos elementos de Ur-Fascismo são comuns a diversas formas de ditadura. Todos os textos escolares nazistas ou fascistas baseavam-se em um léxico pobre e em uma sintaxe elementar, com o fim de limitar os instrumentos para um raciocínio complexo e crítico. Devemos, porém estar prontos a identificar outras formas de novilíngua, mesmo quando tomam a forma inocente de um talk-show popular.

Depois de indicar os arquétipos possíveis do Ur-Fascismo, permitam-me concluir. Na manhã de 27 de julho de 1943 foi-me dito que, segundo informações lidas na rádio, o fascismo havia caído e Mussolini tinha sido feito prisioneiro. Minha mãe mandou-me comprar o jornal. Fui ao jornaleiro mais próximo e vi que os jornais estavam lá, mas os nomes eram diferentes. Além disso, depois de uma breve olhada nos títulos, percebi que cada jornal dizia coisas diferentes. Comprei um, ao acaso, e li uma mensagem impressa na primeira página, assinada por cinco ou seis partidos políticos como Democracia Cristã, Partido Comunista, Partido Socialista, Partido de Ação, Partido Liberal. Até aquele momento pensei que só existisse um partido em todas as cidades e que na Itália só existisse, portanto, o Partido Nacional Fascista. (...)Eu estava descobrindo que, no meu país, podiam existir diversos partidos ao mesmo tempo. E não só isso: como eu era um garoto esperto, logo me dei conta de que era impossível que tantos partidos tivessem aparecido de um dia para o outro. Entendi assim que eles já existiam como organizações clandestinas. (...) Opera Mundi: Umberto Eco, publicado em 21/02/2016.

Estudo Dirigido do texto 02

1) Após uma leitura analítica do texto, faça um resumo em tópicos dos 14 indícios da existência do Ur-Fascismo, apontados por Umberto Eco.

2) O gênero textual em questão é o Relato Pessoal. Na introdução desse relato, Umberto Eco relembra episódios de sua infância vivida na Itália fascista do final da Segunda Guerra Mundial. Logo em seguida, identifica, analisa e justifica os 14 indícios de um governo Ur-Fascista. Com base nesse texto, explique:

• Qual a característica do texto mais emblemático do Relato Pessoal que, de certa forma, legitima as ideias do autor?

• Por que o Relato Pessoal, nesse caso, é o gênero textual mais eficaz do que o Editorial ou o Artigo jornalístico para apresentar esse assunto específico e os postulados de Umberto Eco?

3) Dos 14 indícios postulados pelo autor, explique quais deles é possível ser identificados no governo bolsonaro.

4) Escreva um texto no gênero “receita de bolo” ou “bula de remédio” construindo 14 contrapontos às características fascistas do governo bolsonaro. Desenvolva o texto em tópicos conforme a estrutura, mais ou menos estável, da “receita de bolo” ou da “bula de remédio”.

Para saber mais, assista aos vídeos:

• “1984: Pilares do Fascismo” do Meteoro Brasil no link: https://www.youtube.com/watch?v=vgEvVdeT-xs

• “Como funciona o Fascismo (no Brasil)” do Meteoro Brasil no link: https://www.youtube.com/watch?v=4MJ2mMJIKbM

• “O Fascismo é um carro sem freio” do Meteoro Brasil no link: https://www.youtube.com/watch?v=RaL6SxUcwoU

• “O Capitão Nascimento é fascista?” do Meteoro Brasil no link: https://www.youtube.com/watch?v=sf--ivJryRw

• “O que é o Integralismo e por que ele está de volta?” do Meteoro Brasil no link: https://www.youtube.com/watch?v=sDj9NKZbSPE

• “Você é Antifa (e talvez ainda não saiba)” do Meteoro Brasil no link: https://www.youtube.com/watch?v=GIS845-xELw

Texto 03

Estudo Dirigido do texto 03

1) Com base nos conhecimentos adquiridos em sala de aula sobre texto / contexto; informações endofóricas / informações exofórica; anáfora / catáfora; linguagem verbal / linguagem não verbal e responda as questões abaixo:

• Faça uma pesquisa, nas notícias de jornais mais atualizadas sobre a crise política brasileira (no meio de uma pandemia), e identifique o contexto no qual se insere essa charge.

• Identifique o efeito de sentido proporcionado pela linguagem não verbal e pela linguagem verbal.

• O pronome indefinido “outro” se refere a quem ou ao quê? Por que o personagem da charge quer invadir?

• Explique o significado histórico dos símbolos presentes no texto 03 e o processo de transformação de um símbolo no outro dentro do contexto no qual a charge está inserida.

• Faça uma pesquisa e descubra qual a polêmica causada pela crítica velada expressa na charge.

• Na sua opinião, o autor da charge deve ser processado, conforme a Lei de Segurança Nacional ou o autor do texto está respaldado pela cláusula pétrea constitucional da Liberdade de Expressão?

Para saber mais, assista ao vídeo “A charge que eles não querem que você veja” do Meteoro Brasil no link: https://www.youtube.com/watch?v=wp_EoH6gnFI

Atividades complementares

1) (UFMG 2008 – com adaptações) Leia este trecho:

“Camisas negras de Milão, camaradas operários! Há cinco anos, as colunas de um templo que parecia desafiar os séculos desabaram. O que havia debaixo destas ruínas? O fim de um período da história contemporânea, o fim da economia liberal e capitalista [...] Diante deste declínio constatado e irrevogável, duas soluções aparecem: a primeira seria estatizar toda a economia da Nação. Afastamo-la, pois não queremos multiplicar por dez o número dos funcionários do Estado. Outra impõe-se pela lógica: é o corporativismo englobando os elementos produtores da Nação e, quando digo produtores, não me refiro somente aos industriais mas também aos operários. O fascismo estabeleceu a igualdade de todos diante do trabalho. A diferença existe somente na escala das diversas responsabilidades. [...] O Estado deve resolver o problema da repartição de maneira que não mais seja visto o fato paradoxal e cruel da miséria no meio da opulência.”

(Discurso de Mussolini dirigido aos operários milaneses, em 7 de outubro de 1934. In: MATTOSO, Kátia M. de Queirós. Textos e documentos para o estudo da história contemporânea (1789-1963). São Paulo: Hucitec: Edusp, 1977. p. 175-177.)

A partir dessa leitura e considerando-se outros conhecimentos sobre o assunto, é CORRETO afirmar que o fascismo italiano:

a) era anticapitalista e se propunha instalar uma nova ordem social coletivista, sem classes.

b) fazia uma defesa veemente do trabalho, destacando-o como elemento unificador das forças sociais.

c) propunha a união do capital e do trabalho, mediada pelo Estado e baseada no corporativismo.

d) se considerava criador de um tempo e de um homem novos, no que rivalizava com o discurso socialista.

2) Identificados os itens incorretos, explique o que os torna incorretos.

3) No discurso de Mussolini dirigido aos operários milaneses, o ditador anuncia uma nova ordem em substituição ao sistema vigente anterior. Identifique, explique e diferencie quais as três soluções apresentadas aos operários. As duas rejeitadas pelo líder fascista representam quais sistemas políticos socioeconômicos? A terceira solução representa qual ideologia?

4) (Fuvest) O período entre as duas guerras mundiais (1919-1939) foi marcado por:

a) Crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia e polarização ideológica entre fascismo e comunismo.

b) Sucesso do capitalismo, do liberalismo e da democracia e coexistência fraterna entre fascismo e comunismo.

c) Estagnação das economias socialista e capitalista e aliança entre os E.U.A. e a U.R.S.S. para deter o avanço fascista na Europa.

d) Prosperidade das economias capitalista e socialista e aparecimento da guerra fria entre os E.U.A e a U.R.S.S.

e) Coexistência pacífica entre os blocos americano e soviético e surgimento do capitalismo monopolista.

5) (Cesgranrio) Em relação ao período compreendido entre as duas guerras mundiais (de 1919 a 39), caracterizado pela crise do Estado e da sociedade liberal, assinale a afirmativa correta:

a) O nazismo consolidou uma política interna de miscigenação racial e social visando a preparar a Alemanha para a expansão territorial.

b) O fascismo encontrou dificuldades sucessivas para implantar o corporativismo, pois sofreu uma violenta oposição dos setores conservadores da burguesia e da classe média italiana.

c) A ausência de uma política de autossuficiência obrigou os regimes nazifascistas a compensar suas deficiências econômicas com o expansionismo militar.

d) A expansão da doutrina comunista na Europa, com a consolidação da Revolução Russa, favoreceu a Aliança com os comunistas italianos e alemães, cujo apoio propiciou a ascensão nazifascista.

e) Nazismo e fascismo são doutrinas baseadas no nacionalismo e no totalitarismo, cuja política intervencionista buscava a estabilidade do Estado.

6) (PUC) “O Fascismo italiano e o Nazismo alemão conquistaram o respaldo de muitos setores da população, conseguindo um financiamento junto à alta burguesia. Assim puderam resolver a crise do capitalismo, com a instalação de ditaduras de direita que garantiram a ordem do sistema, os lucros e as propriedades.” Servindo de exemplo a muitos países também atingidos pelos efeitos da Grande Depressão, o totalitarismo:

a) Reforçou o desenvolvimento armamentista, preparando o terreno para a eclosão da Segunda Guerra Mundial.

b) Transformou a Alemanha no país mais rico e poderoso da Europa, ameaçada em sua supremacia apenas pela Dinamarca.

c) Organizou e contribuiu para a evolução do bloco capitalista, sob o controle dos Estados Unidos.

d) Desenvolveu a tendência de cooperação entre os Estados.

e) Reacendeu as velhas disputas nacionalistas existentes, desde o século XIX, entre a Grécia e a Turquia.

7) (UFV) Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que NÃO representa uma característica da doutrina político-ideológica nazista:

a) O racismo, que se baseia na alegação de que existe uma raça superior a todas as outras e que, devido a esta superioridade, ela tem o direito de governar ou mesmo eliminar as demais.

b) O militarismo, que se explícita na alegação de que a guerra, para a nação dos indivíduos da raça superior, é algo positivo porque possibilita um fortalecimento ainda maior desta raça.

c) O totalitarismo, que se fundamenta na alegação de que todos os interesses individuais devem estar subordinados à vontade e interesse do Estado.

d) O expansionismo, que se expressa na alegação de que a nação constituída pelos indivíduos de raça superior tem o direito de conquistar o espaço territorial de outras nações.

e) O internacionalismo, que se apoia na alegação de que a existência de nações impede o desenvolvimento da Humanidade, sendo necessária a destruição das barreiras nacionais, sejam culturais, políticas ou econômicas, em prol da constituição de uma sociedade mundial.

8) (Cesgranrio) Entre Mussolini e Hitler, há em seus programas, pontos em comum, como a:

a) Mobilização contínua das massas através de apelos nacionalistas e a manutenção de uma política de apoio aos socialistas.

b) Ideia de centralização administrativa e o fortalecimento dos mercados de troca, principalmente ingleses.

c) Organização militar da juventude e a não intervenção do Estado na vida econômica e política.

d) Necessidade de fortalecimento do Estado e a adoção do corporativismo como base da reestruturação das relações sociais.

e) Produção de um ideal bélico que acentuasse o gênio militar dos fascistas e a incorporação das minorias étnicas ao Estado com plena liberdade.

9) (UFRS) O Período Entre Guerras, como é conhecido o intervalo entre os dois conflitos mundiais, caracterizou-se pela chamada:

a) Crise das democracias liberais, quando muitos países se encaminharam para regimes políticos de extrema-direita.

b) Era das insurreições, devido à insatisfação das massas trabalhadoras, que criaram estados socialistas nos Bálcãs.

c) Expansão colonial, marcada pela soberania europeia em toda a África e América.

d) Democratização dos Estados, consequência das reformas eleitorais que consolidaram o sufrágio universal.

e) Paz de compromisso, com o estabelecimento de vários tratados para sustentar a democracia liberal.

Gabarito das atividades complementares

Exercício resolvido da questão 4 –

a) Crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia e polarização ideológica entre fascismo e comunismo.

Exercício resolvido da questão 5 –

e) Nazismo e fascismo são doutrinas baseadas no nacionalismo e no totalitarismo, cuja política intervencionista buscava a estabilidade do Estado.

Exercício resolvido da questão 6 –

a) Reforçou o desenvolvimento armamentista, preparando o terreno para a eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Exercício resolvido da questão 7–

e) O internacionalismo, que se apoia na alegação de que a existência de nações impede o desenvolvimento da Humanidade, sendo necessária a destruição das barreiras nacionais, sejam culturais, políticas ou econômicas, em prol da constituição de uma sociedade mundial.

Exercício resolvido da questão 8 –

d) Necessidade de fortalecimento do Estado e a adoção do corporativismo como base da reestruturação das relações sociais.

Exercício resolvido da questão 9 –

a) Crise das democracias liberais, quando muitos países se encaminharam para regimes políticos de extrema-direita.

DESAFIO 3 – O que se aprende é sempre interdisciplinar

Elabore uma atividade ou um conjunto de atividades que levem o estudante a perceber o caráter interdisciplinar do que ele está aprendendo.

Para tanto:

-Mantenha a mesma série/ano, conteúdo significativo e temática propostos nos desafios anteriores;

- Elabore uma atividade ou um conjunto de atividades visando contemplar o desafio 3.

Série/Ano: 3º Ano do Ensino Médio

Escola: Qualquer escola de ensino médio do Distrito Federal

Componentes Curriculares principais: Direito (Direito Penal) / Medicina (Saúde Pública) / Matemática (Dados Estatísticos)

Tema: O movimento fascista brasileiro do início século XX: o Integralismo de Plínio Salgado

Metodologia: Pedagogia histórico-crítica (5 momentos)

3º Momento: Instrumentalização

A prática social como objeto de análise dos componentes curriculares

Textos motivadores

Texto 01- Bolsonaro pede que apoiadores invadam e filmem hospitais de campanha

Em live semanal pelas redes sociais, Jair Bolsonaro, que boicotou medidas de isolamento desde o início da pandemia, disse que o governo fez “tudo” que era possível. Afirmou também que poderia haver um “uso político” nos dados da pandemia do coronavírus e sugeriu que os hospitais estariam vazios. “Desde o começo se falava no tal achatamento da curva, o isolamento tinha que acontecer pra não faltar leitos nos hospitais. As informações que nós temos é que, na totalidade ou em grande parte, ninguém perdeu a vida por falta de respirador e falta de UTI. Agora, se tem um hospital de campanha perto de você, dá um jeito de entrar e filmar. Muita gente está fazendo isso, mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados ou não”, declarou.

(Site Brasil 247 em 11 de junho de 2020, 20:18 h / Acesso: 17/06/2020)

Texto 02 - Associação de médicos lamenta orientação do presidente

Em nota, a Associação Paulista de Medicina lamentou que se instigue a população a “dar um jeito de entrar” em hospitais que assistem aos pacientes infectados pela Covid-19, e filmar suas dependências e UTIs, como sugeriu o Presidente da República.

"Hospitais são áreas de circulação restrita com fluxo de pessoas orientado para garantir rapidez, eficiência, segurança e a privacidade dos pacientes assistidos. Todas as informações necessárias ao acompanhamento dos casos internados são sempre, imediatamente, disponíveis às autoridades de saúde. A Associação Paulista de Medicina apela pela observância às recomendações das autoridades de saúde e preservação de ambiente de serenidade e solidariedade, essenciais para que possamos superar as dificuldades atuais" continua o comunicado.

Suspeita dos governadores

Esta não é a primeira vez que Bolsonaro levanta suspeitas sobre os dados da Covid-19 no país. Em março, ele insinuou que governadores poderiam estar inflando os dados de casos e mortes causadas pela doença com fins políticos.

Mais recentemente, o empresário Carlos Wizard, que chegou a ser indicado para ocupar uma secretaria no Ministério da Saúde, disse que o governo faria uma recontagem no número de mortos causadas pela Covid-19 por acreditar que os dados fossem "fantasiosos e manipulados".

Dias depois, Wizard recuou. Anunciou que não ocuparia o cargo e o governo voltou atrás. Nesta semana, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, disse confiar nos dados enviados por estados e prefeituras.

(Site Brasil 247 em 11 de junho de 2020, 20:18 h / Acesso: 17/06/2020)

Texto 03

Google imagens – Acesso: 1706/2020

Roteiro para a realização de teleconferências (seminários) a partir da análise temáticas dos textos motivadores:

1) Dividir a turma em três grupos temáticos: Direito, Medicina e Matemática.

2) Cada grupo vai analisar os três textos motivadores, respondendo num seminário, mediante teleconferência, tópicos temáticos envolvendo a análise de uma situação da prática social registrada nos três textos.

• Grupo do Direito

- Pesquisar qual o crime que o Presidente da República cometeu ao solicitar, numa rede social, que os seus seguidores invadam UTIs de hospitais (comuns ou de campanha) destinados a receber pacientes com a Covid19.

- Qual o crime que seguidores do presidente comete ao invadir repartições públicas de acesso restrito?

- A respeito da charge do cartunista Aroeira, o autor da charge deve ser processado, conforme a Lei de Segurança Nacional ou o autor do texto está respaldado pela cláusula pétrea constitucional da Liberdade de Expressão?

• Grupo da Medicina

- Pesquisar todo o histórico da pandemia (Covid19):

a) surgimento

b) expansão

c) efeitos danosos ao organismo humano

d) comorbidades da doença

e) medicamentos de combate aos seus efeitos

f) perspectiva de vacina

g) comparação com a H1N1 de 2009 e gripe espanhola de 1918

- qual o risco que uma pessoa corre ao invadir uma UTI especializada em combate ao coronavírus?

- qual o risco que os profissionais de saúde correm ao ter contato, numa área restrita, com esse invasor?

• Grupo da Matemática

- Pesquisar e apresentar dados estatísticos da evolução da pandemia no Brasil em comparação com outros países afetados pela doença em maior ou menor grau (por exemplo: Estados Unidos e Nova Zelândia) ou (Noruega e Suécia) ou (Brasil e Argentina).

- Pesquisar e apresentar dados estatísticos da evolução da doença no Brasil em parâmetros regionais, e por classe social.

- O efeito prático do isolamento social x isolamento por rebanho

Recursos a serem utilizados por todos os grupos

• Cartolinas

• Slides

• Vídeos

• Campanhas publicitárias

• Entrevistas

• Debates

• Reportagens jornalísticas

Componentes curriculares correlatos:

Língua Portuguesa: preparação do roteiro de apresentação do seminário (gênero textual oral com alto grau de monitoramento linguístico).

História: Globalização; Gripe espanhola; Primeira Guerra Mundial; As doenças europeias que contribuíram para o extermínio da população indígena no período de colonização do Brasil pelos portugueses.

Geografia: Saneamento Básico; Processo de urbanização no Brasil; Má distribuição de renda; Ocupação do solo.

DESAFIO 4 – Sou capaz de demonstrar o que aprendi

Elabore uma atividade ou um conjunto de atividades por meio das quais o estudante é desafiado a fazer aplicações do que aprendeu (por meio da escrita, do desenho, da produção do audiovisual, etc.)

Série/Ano: 3º Ano do Ensino Médio

Escola: Qualquer escola de ensino médio do Distrito Federal

Tema: O movimento fascista brasileiro do início século XX: o Integralismo de Plínio Salgado

Metodologia: Pedagogia histórico-crítica (5 momentos)

4º Momento / 5º Momento: Catarse / Prática Social Final

- Conclusão reflexiva. Síntese do aprendizado. Avaliação formativa: apresentação dos vídeos da manifestação antifascista na Esplanada dos Ministérios, relatórios escritos e audiovisuais; elaboração dos cartazes fazendo propaganda da apresentação dos seminários e do Blog na Feira de Conhecimento da escola. Público-alvo: os alunos de outras turmas, professores, funcionários da escola e pais e familiares dos alunos (comunidade escolar).

- Elaboração de um canal no youtube com os vídeos da manifestação na Esplanada dos Ministérios, e dos seminários realizados na Feira do Conhecimento para divulgação do trabalho de pesquisa e convocação para a próxima Manifestação. Esse seria o retorno à situação inicial prevista no último momento da Proposta Pedagógica em pauta, mas agora com uma perspectiva mais crítica e reflexiva sobre o contexto envolvido, propondo para o restante da sociedade ações coletivas para mudanças transformadoras engajadas.

RENATO PASSOS DE BARROS
Enviado por RENATO PASSOS DE BARROS em 19/06/2020
Código do texto: T6981744
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