MONSTER HUNTER ORAGE volume 1: a formação do trio

MONSTER HUNTER ORAGE volume 1: a formação do trio
Miguel Carqueija

Resenha do volume 1 do mangá “Monster hunter orage”, de Hiro Mashima. Editora JBC, São Paulo-SP, 2010. Editora Kodansha, Tóquio, Japão, 2008. Tradução: Arnaldo Massato Oka e Luiz Octavio Kobayashi. Supervisão e colaboração: CAPCOM. Com base numa série de jogos eletrônicos da CAPCOM. Título original japonês: Monsutã hanta orãju.


O título “Monster hunter orage” é de difícil tradução, pois reúne dois idiomas: inglês e francês. “Monster hunter” quer dizer: caçador de monstros. “Orage”, do francês, quer dizer tempestade. Como se baseia em jogos eletrônicos que eu não conheço (como aliás não conheço nenhum) apenas deduzo que este terceiro elemento do título refere-se a um arco ou fase da história. E os japoneses gostam de usar nomes principalmente em inglês, provavelmente para facilitar a divulgação internacional.
Temos aqui personagens muito interessantes. Tem a garota irascível e fechada, porém charmosa e íntegra. Tem o rapaz meio malandro mas bem intencionado e corajoso, que persegue um ideal. Tem a menina que deseja seguir os passos do pai, um armoreiro ou fabricante de armas.
O mundo de “Monster hunter” não é o nosso. É uma fantasia medievalesca num planeta infestado de monstros ferozes e poderosos, e onde existe mesmo uma sociedade de caçadores, guildas espalhadas pelo mundo.
Eu imagino que o jogo eletrônico (nunca me interessei por essa modalidade) seja exagerado e violento tendo pouco espaço para o caráter humano dos personagens. Mesmo o mangá é exagerado e violento em várias cenas. Todavia a interação dos personagens é interessante. O rapaz, Shiki Ryuho, caçador estreante e que treinou com um grande mestre já falecido, busca entrar para um grupo na guilda, mas ninguém liga para ele. Mas Shiki se interessa por uma caçadora solitária, a Princesa Irie; ela o rejeita mas as coisas começam a mudar quando fica sabendo que seu pai fôra o mestre do garoto. Haviam se conhecido em crianças.
Também acontece de terem de se unir para enfrentar uma “rathian”, monstro altamente feroz e perigoso. Então Shiki mostra ter no braço o emblema “caçador do lacre” e que seu objetivo é caçar uma espécie de dragão, o “Kiriu Miogaruna”, um ser lendário.


“Mas precisava me dar um soco na cara?”
(Shiki Ryuho)

“Prefere levar um chute em locais mais sensíveis?”
(Princesa Irie)

“Os encontros com diferentes pessoas têm o poder de transformar a ilusão em realidade, lendas em fatos.”
(O Mestre Gurelli Jescar)

“Aquelas armas são a prova... e o testemunho da luta solitária da Sakuya durante esse tempo todo...”
(Princesa Irie)

“Eu tenho um plano! Mas ele só vai dar certo se confiarmos uns nos outros!”
(Sakuya)


Existe um vilão. Conhecido apenas como o “Príncipe”, é vaidoso e pernóstico. Invejoso do emblema de Shiki, resolve obter um também para si — já que o mesmo abre muitas portas. Ele tem dois companheiros meio bocós, mas os dispensa. É tão ignorante que troca as palavras.
Mas enquanto isso Shiki e Irie encontram a armoreira Sakuya, que está tentando de tudo para matar um ser conhecido como “dermios”, que matara a sua mãe. O pai de Sakuya sumiu e a garota busca fabricar armas para derrotar a criatura. Shiki e Irie unem-se a ela e o trio obtém sucesso a duras penas.
Resumindo dessa forma pode não parecer interessante mas o idealismo dos personagens e sua humanidade vão aparecendo e transparecem nos diálogos, como os que estão aqui reproduzidos. Os três carregam suas feridas. O pai de Irie e mestre de Shiki, morto num acidente com explosivo. Sakuya, traumatizada pela morte da mãe e aparente abandono do pai. Este porém, como ela vem a descobrir, havia sido morto pelo dermios — mais um trauma.
Em suma, o trio transmite empatia aos leitores (com a ressalva de que há exagero gráfico nas caretas de Riki) e já se sabe que muita coisa vai acontecer nessa história.

Rio de Janeiro, 28 de julho a 5 de agosto de 2021.