KARIN volume 1: os embaraços de uma jovem vampiresa

KARIN volume 1: os embaraços de uma jovem vampiresa

Miguel Carqueija

 

“Karin” é de fato um mangá original, aliás o primeiro de Yuna Kagesaki. Utilizando traços suaves e imagens compreensíveis, conta a história de uma colegial adolescente que, embora procure estudar normalmente, é uma vampira. Sua família veio da Europa, e até a geração de seus pais usava nomes ocidentais. A mãe (Calera Marker), o pai (Henry Marker), a irmã mais nova (Anju) o irmão mais velho (Ren) e ela, usando o sobrenome “Maaka” para parecer japonês.

Karin carrega um sério problema, pois em certos dias fica com excesso de sangue e sujeita a hemorragias nasais, por isso é tida como doentia e costuma se ausentar da escola. Mas ela não consegue agir completamente como vampiresa e é considerada problemática pela própria família.

Note-se que Karin, ao contrário do que consta nas histórias de terror, não mata nem escraviza as vítimas das suas mordidas que até, tendo esquecido o que aconteceu, sentem-se melhor depois. Karin, quando está “naqueles dias”, precisa morder alguém.

Já Kenta Usui é um rapaz que mora com a mãe e se esforça para ajudá-la. Assim ele vai parar na mesma turma e também na mesma loja onde Karin trabalha para ajudar nas despesas.

 

Deve ser um peso para ela pertencer a uma família dessas...

 

Resenha do volume 1 do mangá “Karin”, de Yuna Kagesaki. Editora Panini, Barueri, São Paulo-SP, outubro de 2011. Fujimishobo Co., Ltd, Tóquio, Japão, 2003. Tradução: Jae HW. Episódios 1 a 5, curiosamente chamados de “vergonhas”.

 

 

“Digamos que sou uma colegial comum.”

(Karin Maaka)

 

“O que será que tem dentro do lixo hoje?”

(Karin Maaka, ao cumprir a tarefa de levar o saco de lixo para fora)

 

“Ai, ai. Não sei o que faço com ela... Ela é diurna, não tem problemas com os raios solares e detesta escuridão... Até parece um ser humano!”

(Calera Marker)

 

A pessoa mais normal da família, Karin é vista como problemática.

 

Por alguma razão a proximidade de Kenta ou de sua mãe acelera o processo do sangue de Karin e isso vai gerar uma série de quiproquós incríveis, como ela fugir desabaladamente da presença de Kenta e estar sempre esbarrando com ele e vice-versa, o que transforma a história em comédia. Já à noite e indo para casa, Kenta flagra Karin atacando um senhor para morder-lhe o pescoço (coisa natural numa vampira) e toma aquilo por outra coisa; depois ele a acusa de se prostituir e Karin, vendo que ele assistiu a cena, busca negar desastradamente, atrapalhando-se toda com as palavras.

Para o irmão de Karin ela sente afinidade com o sangue de Kenta e da mãe deste, e também, por serem pessoas tristes, Karin é atraída pela tristeza. Ao contrário das teorias em curso sobre vampiros, aqui a pessoa sugada ganha alguma coisa; torna-se mais alegre e empreendedora.

Pobre Karin, pensamos. Cheia de inocência e boas intenções mas envolvida pela sua natureza vampiresca.

 

Rio de Janeiro, 3 de abril de 2022.