Chorão — Marginal Alado 🔘

Excelente o documentário “Chorão - Marginal Alado”. Documentário, que deveria ser um filme, tem mais a característica de uma biografia do vocalista da banda “Charlie Brown Jr.”. Embora, além do ótimo baixista Champignon, a banda tivesse bons músicos, quem se destacava era o Chorão — muito pela personalidade explosiva. Ele foi um roqueiro de verdade, com a tal “atitude” antes de a palavra virar modinha e esvaziar-se.

Alexandre Magno Abrão, o Chorão, iniciou como “bandleader” “metendo o pé na porta”. Ele subiu no palco para “brincar”, enquanto o vocalista ia ao banheiro. Cantou uma do “Suicidal Tendencies”, a galera pirou e ele ficou em cima de um palco até o fim da vida.

O documentário passeia por diversas fases do músico, bem como do “Charlie Brown”. “Brother” ou marrento — Marcelo Camelo, João Gordo e Champignon conheceram a fúria de Chorão —, o cara foi a tradução do (mau) comportamento de um roqueiro. O filme enriquece muito e ganha aspecto de documentário clássico com depoimentos da esposa, filho, amigos, inimigos e músicos (a banda “Charlie Brown Jr.”, Marcelo Nova, João Gordo, Zeca Baleiro etc).

Chorão, o Marginal Alado, cantava e discursava com a linguagem da molecada (preferencialmente aquela que os pais não compreendem). Usando mais palavrões do que vírgulas e dando conselhos tão óbvios quanto livro de autoajuda de banca de jornal, ele falava direto, como quem conhecia os atalhos, sem parecer piegas. O roqueiro e skatista foi a síntese do “faça o que eu falo, não faça o que eu faço”.

Apesar de aparentemente possuir tudo o que uma pessoa quer ter, algo o deixava introspectivo. Essa introspecção escancarou a solidão no centro da multidão. O marginal entrou demais para a sociedade que ele gostaria de estar distante. Tudo isso levou à fuga mais destrutiva: drogas. Essa combinação era perfeita para resultar no óbvio. Sim, a tendência suicida venceu novamente.

Eu não considero “spoilers” fatos tão conhecidos porque foram muito noticiados, mas quem ainda não sabe da história completa, o documentário traz algumas surpresas.

RRRafael
Enviado por RRRafael em 23/05/2022
Reeditado em 23/05/2022
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