OS LIVROS SECRETOS WITCH: estilo

 

OS LIVROS SECRETOS WITCH: estilo

Miguel Carqueija

 

Edelbra, Erechin-RS, sem data; Disney (EUA), 2004. Tradução: André João Rypl.

 

São pitorescos esses livrinhos “Witch”, volumes de humor que nem são propriamente literatura nem entram no mundo dos quadrinhos. São poucos os livros de humor propriamente, como os de Leon Eliachar e Shepherd Mead que eu li no passado.

Na série “Witch” da Edelbra não se credita nem a autoria, apenas a marca Disney, embora a criação original das personagens seja da italiana Elizabetta Gnone em 2001, através de “fumetti” (revistas de quadrinhos) que depois viraram seriado de animação.

Nos livrinhos de humor Will, Irma, Taranee, Cornelia e Hay Lin (as “Witch”) não estão envolvidas em aventuras perigosíssimas combatendo as forças do mal que atacam de outra dimensão; estão apenas às voltas com problemas banais de adolescentes colegiais dos Estados Unidos e da classe média.

O que eu acho mais divertida é a seção “Sorriso de bruxinha”, com respostas inesperadas para as questões apresentadas. Vejamos essas do volume “Estilo”:

Pergunta: “Eu quero um estilo que mostre como eu realmente sou por dentro. Alguma sugestão?”

Resposta: “Pegue uma radiografia sua e aplique em uma camiseta.”

“Qual é a melhor roupa que alguém pode usar para esconder suas imperfeições?”

“Usar uma roupa de mergulhadora.”

“Como é que eu faço para saber se uma roupa é de bom gosto?”

“Dê uma dentada nela e mastigue um pouquinho.”

“O que devo fazer com estes sapatos cor-de-rosa horríveis que minha mãe me deu?”

“Uma doação para o orfanato!”

O relacionamento delas é muito sadio. As cinco formam um grupo amável, com personalidades fortes e éticas, apoiam-se mutuamente mas questionam o mundo como adolescentes cheias de vida que são.

O capítulo da tatuagem é interessante: Irma, talvez a mais “sex-appeal” com seu cabelo liso longo, pensa em fazer uma tatuagem (e eu, com franqueza, não gosto nada desse hábito). Embora sem nenhum entusiasmo, Will e Cornelia acompanham Irma ao atelier da tatuadora Evelyn e, importante, é a própria profissional de tatuagem que aconselha Irma a não fazer, por ser menor de idade!

Ela lembra que tatuar dói, que a pele tem de cicatrizar e que é para a vida toda; e além disso, no caso de adolescentes, é preciso permissão por escrito dos pais. E quando Irma mostra o lagarto que aparece num CD, a resposta revela bom senso:

“Legal, mas você tem certeza mesmo que quer carregar um lagarto no seu braço para o resto da vida? Será que este lagarto é tão importante que você quer que ele se torne parte de você? E se você se cansar dele daqui a dois meses? A única maneira de remover uma tatuagem é com laser, e isto não é brincadeira!”

Não é preciso dizer que Irma não leva seu projeto adiante.

Em suma, de um jeito ou de outro e com muito humor, são historinhas de bom senso, algo que está se tornando uma raridade.

 

Rio de Janeiro, 7 de setembro de 2023.