Star Trek: filmes - e bombas - que andei vendo na Sessão Pipoca...

Star Trek: filmes - e bombas - que andei vendo na Sessão Pipoca...

(Goiânia, 19.05.2009, cinema, filmes, Justiceiro, 007 - Quantum of Solace, Speed Racer, Appaloosa, Star Trek)

Passei uns bons dias sem ir ao cinema ou pegar DVDs para assistir. Quando fui à locadora, notei um monte de filmes que pensava em assistir e estavam à disposição. Durante a semana passada, tratei de assistí-los - ou, tentei. Todos são filmes que peguei são, na maior parte, de aventura e ação e, alguns deles, baseada no universo dos desenhos animados, quadrinhos e antigas séries de televisão e cinema.

Depois de alguns dias - e decepções, entretanto, vi que tinha de apelar, para satisfazer meu interesse egoísta por diversão rápida e sem compromisso e, fui ao cinema, assistir Star Trek.

Todos os DVDs que levei para casa são típicos da Sessão Pipoca (exceto um, talvez) e, por isso mesmo, só esperava diversão sem compromisso - sem essa de filme cabeça (iraniano, chinês, polonês), que, quando busco uma diversão dessas, tudo o que não quero é alguma lembrança ou reflexão muito profundo sobre a realidade, pois de realidade vivemos saturados. Então, vamos lá:

- SPEED RACER, dos irmãos Warchovsky. Depois do frio King Kong, esperava-se que os irmãos Warchovsky fizessem um filme que, de alguma forma os levasse de volta ao patamar da trilogia revolucionária de Matrix.

Mas, que nada. Não sei se eles queriam provar alguma coisa, tentando reproduzir o universo de um desenho animado, misturando isso com cenas (e cenário) de corrida futurista, muito parecida com aquela da série animada, um sucesso dos anos 70, que é reprisada até hoje...

O fato é que aqueles cenários parecidos demais com os back-grounds do desenho animado, a incrível semelhança dos atores com os personagens de desenho animado, aqueles cenários de cores berrantes e, irreais e, a história que começa e vai até o primeiro terço do filme em flash-backs, não funcionou, nem parece se justificar.

A lenga-lenga do começo da história não chama não desperta a atenção do expectador. Por isso, desisti dessa porcaria no primeiro terço dessa autêntica bomba, feita com muitos milhões de dólares, por dois cabras autorizados. E o irmãos Warchowisky ficaram devendo mais uma - e a conta dos dois está alta...

(Como é que eu fui cair nessa? Em matéria de desenhos, o meu negócio eram os clássicos d Hanna-Barbera - Zé Colméia, Don Pixote, Os Flinstones, Manda-chuva e sua turma, Os Jetsons e, outros da mesma família!)

- JUSTICEIRO - ZONA DE GUERRA. Ao contrário das duas filmagens anteriores (a primeira cujos equívocos começaram na escala do brutamontes Dolfh Lundgreen para o papel do torturado e violento personagem, e do segundo, cujo equívoco na escolha do ator prosseguiu, ao que se acrescentou a a escala do astro John Travolta para o papel de vilão e, um roteiro insosso), nessa, a coisa melhorou.

Dando continuidade à história, encontramos o Justiceiro ocupado com os afazares de sempre, lá dos quadrinhos (que anda numa fase incrível, com as histórias sendo escritas pelo inglês Garth "Judd Dred" Ennis): a matança de bandidos, em sessões catárticas e, de preferência, matanças coletivas, através do método convencional - armas de fogo de repetição, ou outros, menos ortodoxos.

O cenário urbano está de acordo, a história boa, o ator (Ray Stevenson) tem a aparência física ideal e consegue dar vida ao personagem. O quase fica por conta da direção meio frouxa de Lexy Alessander, que deixa o clima esfriar e deixou o ator exagerar nas cenas sentimentais. Mas, esse valeu a pipoca. Cotação: Um médio de pipoca e uma coca-cola de 600ml.

- 007 - QUANTUM OF SOLACE. Um bom filme de ação, com um monte de senões em relação ao personagem 007 e o universo que caracterizou a série. O ator Daniel Craig, desta vez, conseguiu segurar bem o papel e, sedimenta a nova figura de 007, oferecendo-nos um agente de ar compenetrado e algo assombrado com esse mundão de meu Deus – neste filme, porém ele parece ter tido autorização para dispensar o charme habitual do personagem (mas, paciência, exibir charme em terras haitianas e bolivianas é um desperdício, mesmo...).

Os antigos fãs da série, tem de aceitar: no segundo filme da lista que "reinicia" a série Bond, não é mais aquele - afinal de contas, os tempos são outros e as patrulhas ideológicas atuam como nunca (Mel Gibson que o diga): nada de olhar fáunico ou cínico, gestos refinados e calculados, cantadas certeiras para a moçoila disponível, enquanto ele espreita um vilão num evento em algum lugar do mundo e, lutas da qual ele pode sair corrigindo a abotoadeira da camisa - nada disso.

A personagem feminina com quem Bond divide as cenas é uma pobre-moça-do-terceiro-mundo-cuja-família-foi-destroçada-por-um-tipo-poderoso-e--inescrupuloso de quem ele pretende se vingar. E, para meu espanto (ah, isso jamais aconteceria num filme estrelado por Sean Conery ou Roger Moore, pois eles partiam pra cima, sem dó!), vai até o fim invicta, a despeito de ser muito gostosa, e se torna uma companheira do agente filme afora. Em outros tempos, isso seria motivos de protestos veementes...

Quanto ao roteiro do filme: tudo bem, a guerra fria passou e, agora, supostamente, as grandes nações praticam uma política externa de resultados baseadas na satisfação dos interesses internos mais imediatos. E, claro, o mundo ocidental está por aí, às voltas com os movimentos verdes, que em certa medida foi a continuidade da militância socialista, cuja desimportância ficou evidente, depois da queda do muro de Berlim.

No filme, onde está 007, agente de Sua Majestade, com licença para matar? Está metido no meio de uma encrenca internacional, onde se associam os interesses inescrupulosos de um vilão que se caracteriza pela habilidade em misturar militância ongueira e exploração da economia e recursos naturais de países do terceiro mundo, que, não por acaso, se cruzam com os interesses dos EUA. No filme, os europeus (aí, incluído o personagem principal) lutam contra esse mundo caótico.

O erro, nesse filme razoável, em termos de roteiro e, impecável, está nisso, em minha opinião: a afetada correção ideológica. Cada parte do filme parece querer contemplar os patrulheiros das ditaduras virtuosas, militantes dos mais diversos grupos e causas sociais.

Nesse sentido, é uma ofensa aos filmes do passado, onde 007 era um tipo cínico e competente, que tinha apenas uma missão a executar. E aí, me lembro que segue no roteiro do filme atual, a história da traição de uma namorada. Com isso, francamente, ninguém se importa...

Valeu a pipoca e a coca-cola, mas minha empolgação quanto ao próximo filme ficou bastante reduzida, com os detalhes broxantes desse filme de nome pretensioso...

APPALOOSA - um bom western dirigido por Ed Harris e que é estrelado por ele e Vigo Mortensen. Cenário típico de cidade do far west dos anos 50. O roteiro idem. Um rancheiro inescrupuloso domina a região de Appaloosa e, da guarida a assassinos de agentes da lei.

Então, chega à cidade os dois cabras que vão impor a lei e a ordem, com o duro método conhecido dos fãs desse gênero de filme: à bala e porradas. No meio da história, chega uma moça com um passado meio nebuloso. Até aqui, é o usual.

A diferença está no tratamento dos personagens e da história.

Os maus modos e o jeito silencioso dos dois xerife e seu ajudante não são aquilo que foi como atribuido ao típico cowboy americano, que fala pouco e, faz o que é necessário. O silêncio é fruto do vazio de alma e propósitos. O Xerife vive com um livro de Emmerson à mão, na tentativa de interiorizar algo de valoroso, de civilizado e, que lhe preencha, como dizer?, de espírito. Nunca se adaptou a lugar algum, nunca viveu ou provou profundamente do mundo das emoções e do amor feminino.

O seu companheiro, pelo contrário, a despeito de ter tido acesso ao mundo da cultura, a despreza. Sua alma é de vaguezas, de alguém que não se preocupa nem com o dia em que vive - na fronteira do oeste, procura um lugar e oportunidades para extravasar os desejos mais primais - vestir-se com alguma elegância, comer, beber, fornicar e, matar. São, pois, dois broncos e, se constituem, portanto, em caricaturas do velho cowboy e, do pioneiro da fronteira americana.

Idem a moça. Chegando à cidade, logo demonstra que não é aquela mulher de fibra que chega ao mundo inóspito e machista da fronteira. Pelo contrário, o que é esperteza e vulgaridade, ela dissimula como fraqueza. Seduz o xerife. Oferece-se gratuitamente ao velho parceiro, buscando um momento de sexo fácil. Depois, entrega-se ao ao inimigo do xerife (o fazendeiro vivido por Jeremy Irons).

Segue o filme. O fazendeiro assassino é preso e julgado. Mas, recebe um perdão presidencial - presente de amigo e, velho colega de negócios. Aqui, a ironia com o truismo e, o senso de justiça dos velhos westerns de John Wayne e companhia.

Na estaca zero, o xerife leva uma dura do amigo, em relação ao comportamento lasso da namorada. Mas, em vez de lhe aplicar um corretivo e pô-la para andar, o outro confessa que aquela é a chance que tem de preencher o vazio de sua vida e sua alma, experimentando os carinhos de uma mulher que sabe ler, escrever, decorar a casa tocar piano e foder com muita competência. Por isso o amigo trata de lhe garantir um tempo fugaz para que o companheiro tenha chance de experimentar tal mundo (sabendo que tal experiência o levará à derrocada): mata infantilmente ao vilão do filme, que já estava de posse, por assim dizer, da pretendida do amigo. E aí, parte da cidade, rumo a um mundo tão deserto quanto sua alma.

Na veja, se não me engano, li que o roteiro do filme seria uma dos homens e valores de nosso tempo. Pode ser. Mas, achei que estava mais para uma competente e irônica caricatura de um estilo de filme, usando suas próprias regras... Foi bem, com a coca-cola e a pipoca!...

STAR TREK: THE BEGGINING - Porque são feitos reinícios de séries consagradas? Porque o público da série antiga já se foi ou, está indo. Mas, a grife oferece uma possibilidade de continuar faturando com o conceito, idéias e personagens antigos, adaptando o universo pré-existente ao gosto das novas platéias, que, uma vez formadas, continuarão indo aos cinemas, atrás de mais do mesmo. É isso.

Pois, bem. baseado no re-estart da série 007, eu não punha fé no "reinício" da série Jornada nas Estrelas, ou, como queiram, Star Trek, série televisiva dos anos 60 que foi transposta para a telona dos cinemas nos 80 e, gerou a partir daí, uma nova série televisiva, da qual derivaram um monte de outras.

Assim, que o projeto começou, a isca das notícias foram sendo jogadas na Internet e, eu, fã da velha e meio paradona série dos anos 60, fui acompanhando. Escolha de diretor, início da produção do filme, escolha dos atores, primeiras cenas divulgadas.

Eu tinha séria dúvida se Zachary Quinto (Heroes) estava à altura de representar o mais carismático personagem da série em sua fase jovem - Spock, é claro. E me perguntava se não iam imprimir ao filme um ritmo de clip.

Mas me enganei. J. J. Abrahms deu conta do recado. E fez um grande filme. contou uma história interessante sobre a juventude do capitão James Tiberius Kirk e Spock - o primeiro, que perdeu o pai ainda menino por conta de um ataque romulano à nave na qual servia e, o segundo, discriminado em seu planeta por conta de sua origem multirracial e interplanetária, isto é, de uma terrestre e um Vulcaniano.

E a boa história segue depois que ambos chegam à lendária nave estelar Interprise, onde disputam o comando e a atenção (senão, amor) da linda e sinuosa chefe das comunicações, a tenente Hurrura, personagem representada por Zoe Saldana, que se impõe, dá uma nova vida à pernagem e, enfim rouba a cena, no filme.

Ah, sim - tem o vilão do filme e a sua causa obscura: O comandante de uma nave romulana, Nero, que busca vingança em Spock, a quem atribui a responsabilidade pela destruição de seu planeta. Digamos que Erick Bana não compromete na representação dele e, esse negócio de vingança de um ser super poderoso pela perda de um mundo inteiro pareça meio exagerado – senão, manjado e, pronto.

Mas, sem problemas, muita gente – meu caso – não se importa muito com isso. Quer mesmo é ver o que conseguiram fazer com os consagrados tipos da série original. E aí, sem dúvida alguma: satisfação garantida.

Tem umas coisas deslocadas no filme. O Engenheiro Scott é achado por acaso, abandonado num planeta inóspito - onde fora abandonado por um motivo improvável, quando Kirk encontra ao velho Spock (ele, é claro, Leonard Nimoy, com o peso do tempo nas costas...). A discussão em torno da realização das famosas "dobras espaciais" é meio enrolada.

Os que gostam de perseguir erros de continuidade, encontram no filme uma diversão à parte, pois, as mancadas não são poucas – a mais flagrante: de uma cena para a outra, durante uma prisão, Kirk perde o uniforme de oficial da nave Enterprise!

Mas, repito, é um grande filme, digno da série antiga e, atualizado, com mais ação e aventura.

Resta falar das atuações de Chris Pine e Zachary Quinto, nos papéis do capitão Kirk e do oficial Spock: é incrível mas, Pine, achou um jeito de imprimir a mesma energia, o mesmo olhar cínico e, provocador do Kirk original, interpretado por Willian Chatner (essas características, aliás, acabam por impedir que, inicialmente, chegue ao coração da tenente Hurrura, que prefere entregar seus carinhos ao frio Spock). Quinto, por sua vez, na pele de Spock, consegue dar um ritmo próprio para o personagem – mais intenso, sem descaracterizar suas caracterísitcasas antigas antigas características – lógica, frieza, objetividade.

Também foram bem Karl Urban (McCoy), Simon Pegg (scotty), John Cho (Sulu) e Anton Yelchin (Checov). Cho (Hikaru Sulu). Achei que Anton Yelchin foi muito bem, como o navegador Chekov.

O consumo de coca-cola e pipoca foi às alturas!