CORAÇÃO DE TINTA
Que os apreciadores de e-books e audiobooks e os defensores de audiotecas e bibliotecas virtuais que me perdoem, mas nada substitui o fascínio de se poder escolher e folhear um bom livro.
Assim como o cinema, a leitura nos possibilita sair da realidade e interagir com a história. Esse é um prazer que os cartões de crédito podem pagar.
Aliados no encantamento, de tempos em tempos, o cinema faz verdadeiros manifestos de valorização à leitura. Na década de 80, o filme “Uma História sem Fim”, do diretor e co-escritor Wolfgang Petersen, encantou adultos e crianças com as aventuras do pequeno Bastian na terra da “Fantasia”.
Outro exemplo, mais sutil e voltado às crianças, foi o desenho da Disney, “A Bela e a Fera”, que, em 1991, mostrou a jovem Belle, filha de um cientista, que era mal vista pelos moradores da vila por seu estranho gosto pela leitura. Em 2008, foi a vez do filme “Coração de Tinta”, do roteirista David Lindsay-Abaire e do diretor inglês Iain Softley, baseado no livro da alemã Cornelia Funke.
Apesar de não ser tão bem elaborado quanto a obra de Wolfgang Petersen, o enredo vale a pena pelas referencias que faz sobre o amor aos livros - que é passada dos pais para os filhos -, e a delícia de se ouvir histórias. Quem nunca ouviu um “Contador de Histórias”, tão na moda nas livrarias e casas de cultura das grandes cidades?
Já na primeira cena o narrador, em off, explica que existe uma categoria muito especial de pessoas – os chamados “Língua Encantada” – que têm o poder de materializar as histórias que contam em voz alta.
Nessa mesma tomada vemos o personagem Mortimer (Brendan Fraser) lendo a fábula de Chapeuzinho Vermelho para a filha ainda bebê.
Depois, há um salto no tempo e vemos o pai e a filha Meggie (Eliza Bennett), agora com 12 anos, visitando uma feira de livros. A menina vê o pai entrar em uma livraria de edições raras e depois sair angustiado sendo perseguido por um homem estranho.
Meggie os segue e ouve o estranho ameaçar de entregar seu pai ao vilão Capricórnio (Andy Serkis) caso ele não o devolva ao “Coração de Tinta”.
Curiosa e preocupada ela pede explicações ao pai sobre quem é o misterioso Dedo Empoeirado (Paul Bettane) e sobre o desaparecimento de sua mãe. O pai lhe conta sobre seu poder de trazer a vida os personagens dos livros.
A partir daí, com a ajuda de sua tia-avó Elinor, Meggie e seus novos amigos entram em um intrigante mundo de magia para impedir as maldades de Capricórnio contra seu pai e quem sabe encontrar sua mãe.
Claro, o inevitável acontece: a menina descobre que herdou o mesmo dom do pai. Enfim, um filme para se assistir em família.
Ficha técnica:
Coração de Tinta (Inkheart, Alemanha/Inglaterra/EUA, 2008).
De: Iain Softley.
Com: Brendan Fraser, Eliza Bennett, Paul Bettany, Andy Serkis, Helen Mirren, Jim Broadbent, Sienna Guillory, Jennifer Connelly.
106 minutos.