BUDDENBROOKS

Filme alemão concorrente do 33º Festival de Cinema de São Paulo com título homônimo ao livro que rendeu ao autor Thomas Mann seu Nobel de literatura (1929) e conta a história de uma família de comerciantes alemãos. Não era uma família qualquer, era baseada na própria família do escritor, cuja mãe era carioca de Angra dos Reis. Mas, independentemente de Thomas Mann ter baseado seus personagens na própria história familiar e de ter colhido muita confusão por conta disso, conseguiu escrever um daqueles livros que não têm data, que são universais e que sobrevivem às modernidades.

Este livro já teve uma versão para o cinema (1959) que eu não tive a sorte de ver ainda, mas pelas mãos de Heinrich Breloer ganhou uma versão bem cuidada, com locações primorosas e figurino especialmente pesquisado para recriar a atmosfera do século XIX. Breloer focou o filme mais no aspecto econômico com especial cuidado para destacar, entre um e outro diálogo, um antigo ditado alemão que manda que se façam os negócios à luz do dia, mas somente aqueles que nos deixam dormir à noite. O filme, sem muito contextualizar os eventos históricos, pelos quais apenas passa ou menciona (como as revoluções de 1848 ou as guerras Napoleônicas) e sem se perder nos detalhes dos amores que permeiam o roteiro, permite ao espectador observar o lento e encadeado desenrolar dos acontecimentos que inevitavelmente conduzem ao declínio do poderio dos Buddenbrooks. Desde as brigas entre os irmãos, os conflitos de gerações e o inevitável bancarrota após a morte da matriarca e do primogênito Thomas. Em pouco tempo nada mais resta daquele século de poder que chegou a ser comemorado com pompa e circunstância.

Apesar de tudo, do livro, da história e da qualidade da produção, trata-se de um filme um pouco longo, quase cansativo, em que o diretor se deixou levar pelas armadilhas do estilo de Thomas Mann, um escritor de detalhes e acuradas descrições e, principalmente, não conseguiu me subtrair a sensação de que eu já vi este filme.

Ainda assim vale o nosso tempo, é bonito e bem cuidado e nos conta uma história que nunca é bom esquecer, até para que os erros ali mostrados não se repitam. Afinal, todos têm família.

Ocirema Solrac
Enviado por Ocirema Solrac em 01/11/2009
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