TUDO QUE NOS CERCA

Um filme simples, sem truques nem efeitos especiais, que mostra a vida como ela é. Interessante, até por ter sido filmado no Japão, mostrando japoneses em seu cotidiano familiar e laboral. Bom para variar e fugir da dominação do “american way of life”. Focado na família de um desenhista, mostra o desenrolar de diversos acontecimentos banais que talvez não dessem um bom filme. O trabalho de cada um, a depressão que se avizinha, a espera do primeiro filho, o amigo que oferece um emprego melhor, a garrafa térmica nova, a aranha dentro de casa, a chuva e o chá. Mas trata-se de uma lente lúcida, passando por rencontros e despedidas, descobertas e afirmações e que, em paralelo, nos apresenta a violência do mundo em fragmentos e flashes de um tribunal penal. Assim o filme nos situa no tempo e no espaço, mostra que a sociedade japonesa não é tão ascética e que a violência é um fenômeno mundial. E é violência banalizada, é o gás Sarin do metrô de Tokyo, assassinatos de crianças, crimes brutais contra escolares, é o câncer da mãe, a falência do irmão e a neurose da vizinha. No núcleo do filme porém, aprende-se a viver um com o outro, resiste-se, um ajudando o outro na busca de uma identidade comum, coisas de casal. Alguns elementos de cultura oriental podem passar em branco, afinal não temos os filtros apropriados para decifrá-los. Mas Hashiguchi Ryosuke dirige um filme sem fronteiras, cuja mensagem de amor e solidariedade é forte o suficiente para estar no centro de tudo que nos cerca.

Ocirema Solrac
Enviado por Ocirema Solrac em 02/11/2009
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