2012

Não sou muito chegado a blockbusters. Mas quem é pai de filha teen não pode escapar da sina de ter, de vez em quando, que assistir a algum deles. Levei a mocinha pra conferir ao tal Lua Nova e, tendo que escolher entre passear no shopping e ficar no meio de um bando de adolescentes histéricas, decidi ver a nova superprodução do Roland Emerich que, mais uma vez, resolve acabar com o mundo. Tal como já havia feito em Independence Day e O Dia Depois de Amanhã.

Somos informados no início do filme da profecia maia da destruição do mundo em 2012. Um cientista descobre que devido ao alinhamento de planetas, neutrinos que atravessam nosso planeta transformam seu centro em um enorme microondas. O fato é comunicado ao presidente dos Estados Unidos que passa a planejar, junto de outros líderes mundiais, uma forma de salvar uma parcela da espécie humana da inevitável destruição que virá.

Se na história não sobra pedra sobre pedra, a mediocridade hollywoodiana permanece intacta. O roteiro e os personagens são todos tediosos e previsíveis. O diretor não hesita em lançar mão do velho esquema da família-em-crise-que-se-une-frente-à-inesperada-catástrofe. O filho do personagem central chama-se Noah, um evidente referência à famosa destruição bíblica. Até mesmo a arca aparece na história.

Como sempre, o maniqueísmo é total. De um lado, a suposta bondade natural da humanidade que quer, como seu altruísmo, salvar a maior quantidade de pessoas possível. De outro o lado mau e egoísta, detentor de um racionalismo frio e criel, que pretende salvar apenas a si próprio. Como o filme parece ser conduzido o tempo todo tendo como única preocupação arrecadar o máximo possível nas bilheterias, isto tudo soa meio constrangedor e ridículo.

Tem os efeitos especiais, certo, que na tela grande são impactantes. Mas até mesmo neste quesito nada mais nos impressiona. Depois de tantos e tantos títulos nos quais a era digital provou ser possível reconstruir com exatidão todos os nossos pesadelos, só faltava mesmo a destruição do mundo. Mas eu ainda prefiro aquele tiranossauro rex de Jurassic Park.

Preciso ver o Anticristo de Lars Von Trier, que é um diretor muito mais respeitável. Preciso mesmo, até para acreditar na humanidade. Se o fim do mundo for como nos mostra Emerich, com seus diálogos repletos de moralismo e lugares comuns, prefiro que um prédio daqueles caia logo de uma vez sobre minha cabeça. Melhor do que sobreviver em uma terra povoada de personagens hollywoodianos.