Cinema, Aspirinas e Urubus

Professora: Raquel Martins Silva

2º Semestre – 2009

Aluno: José Vicente Rodrigues Freire

Roteiro de avaliação de filmes e vídeos:

* Título: Cinema, Aspirinas e Urubus

* Mídia: DVD

* Duração: 100 minutos

* Diretor: Marcelo Gomes

* Elenco: Peter Ketnath, Hermila Guedes, José Leite, Zezita Matos, Osvaldo Mil e Fabiana Pirro

* Produtores: Sara Silveira, Maria Ionescu e João Vieira Junior

* Patrocinador: Petrobras

Fale sobre o tema:

É interessante a forma da abordagem do autor, pois nos leva a uma situação de análise do quanto o Brasil é diverso, não só na sua geografia, mas também, na questão social dos que habitam esse enorme país, que tem um povo hospitaleiro, generoso, tolerante e ao mesmo tempo fácil de domar, de influenciar e de se misturar conceitos diversos, não se importando de onde venham, se tem cor, se tem cheiro, se tem gosto ou não. Quando o alemão Johann, adentra o sertão pernambucano, percebe a liberdade contida em uma imensidão de terras, sem guardas de fronteiras, sem barreiras, livres, diferentes das da sua terra natal, onde a Segunda Guerra Mundial de forma fatal limitava o seu ir e vir; percebe naquele sertão os castigos naturais, que imposto aos nativos locais, são nada diante de uma guerra absurda e inconsequente. Vendedor viajante, com seu caminhão e representando a Bayer, vende aspirinas, para combater as dores de um povo, desconfiado, ignorante de tudo. Johann usa a linguagem lúdica do cinema para atrair compradores por onde passa, trazendo com ele um companheiro encontrado pelos caminhos do sertão: Ranulfo, que aprende rápido o que o alemão lhe ensina, exibir os filmes e a dirigir o caminhão, além de fortalecer uma bela amizade, mas, o Brasil não consegue resistir aos apelos da guerra e declara guerra aos alemães. O alemão Johann, recebe um telegrama, que lido pelo companheiro Ranulfo, pede para ele se apresentar as autoridades brasileiras e posterior saída do Brasil com retorno a Alemanha. Percebendo o quanto a vida fluía neste país de oportunidades diversas, de gente que sonha e vive em liberdade, não pensa muito pra decidir e diz pra Ranulfo da vontade de ir para a Amazônia, para o extrativismo da borracha e convida Ranulfo para ir com ele, que recusa, falando do sonho de ir para uma cidade grande: Rio de Janeiro, pois estava cansado de sofrer, queria ver muita gente, prédios, vida, e o alemão então lhe pede ajuda para embarcar clandestinamente em um transporte ferroviário com destino a Amazônia, mas antes, lhe repassa as chaves do caminhão com toda a tralha de cinema e aspirinas, menos os urubus, que livres, lhes sobrevoavam as cabeças, e driblando o policiamento, embarca em um trem em busca de um novo destino de liberdade, enquanto Ranulfo, ao sentar-se no caminhão, agora todo seu, acelera por entre as caatingas do sertão, já dono da sua liberdade.

Qual o contexto geográfico e histórico da ação?

A realidade do povo do nordeste brasileiro, sertão de Pernambuco, que vive alheio aos seus próprios problemas, e a Segunda Guerra Mundial que muda os rumos da humanidade.

Analise aspectos relevantes da montagem (roteiro, fotografia, iluminação, locação, cenário, figurino, objetos etc.):

O roteiro nos mostra o distanciamento das realidades regionais que temos no Brasil em todos os sentidos sociais, com fotografias abertas e fechadas nos dando uma visão localizada e intencional, com iluminação que envolve as cenas dando sentido regional em locações ricas de detalhes naturais, que foram enriquecidas por cenários bem escolhidos aonde a presença nativa interagia com roupas e tralhas diversos, numa perfeita harmonia visual.

Descreva as características da direção:

Direção preocupada em filmar, em cenas continuadas, detalhes alusivos a temática que foram simplificadas pelo fato das locações não exigirem muita tecnologia para as filmagens.

Analise o trabalho do elenco:

Atores interagem de forma natural, dentro de um contexto regional, aonde os costumes são fáceis de serem assimilados.

Escolha um ator ou atriz e discorra sobre as particularidades de sua interpretação e a importância de sua personagem na trama:

Ranulfo, personagem que amarra a história de ponta a ponta, pois é ele, que em curtos diálogos, vai dando possibilidades ao alemão Johann, de conhecer melhor a terra e o povo nordestino brasileiro, fazendo com que o alemão possa perceber que há povos e possibilidades melhores no mundo, com realidades diferentes, mas que preza a liberdade e a amizade como forma principal de viver.

Analise a trilha sonora, destaque uma ou mais cenas nas quais a música seja um elemento de fundamental importância: Destaco a abertura do filme, em que a música "Serra da Boa Esperança", nos dá uma idéia de liberdade temperada com nostalgia, até mesmo por conta e importância da música e letra, feitas por Lamartine Babo, onde tem uma bela e triste história contida.

Escreva sobre o que achou do filme de maneira geral: Pontos altos, pontos baixos e, em sua opinião, qual a sua relevância para o cenário cultural brasileiro e/ou internacional:

O filme é importante por nos levar aos anos 40, 2ª Guerra Mundial, seca no nordeste, miséria, fé e liberdade, mas, deveria explorar mais a interação e o envolvimento do alemão Johann com os nativos, para justificar, por ser os alemães um povo frio, o estado emocional que o faz desertar e ficar no Brasil; quanto pra questão cultural é importante esses registros áudio-visuais para os brasileiros, pois nos ajuda didaticamente a compreender a nossa história político-social.

Destaque a sua cena preferida, explique o porquê da escolha:

A da mordida da cobra, não foi bem feita, deveria ser melhor dirigida, se é que se pode dirigir uma cobra, né mesmo!

Rio de Janeiro, 02 de outubro de 2009.