RESENHA FILME "O PREÇO DE UMA VERDADE"
O cenário é desafiador ao extremo: uma revista tradicional, sediada em um grande centro comercial e onipresente por seu público: além de contar com o leitor “padrão” de revistas, a “magazine” é lida por figuras influentes, como políticos, empresários e até outros jornalistas. Não parece um ambiente de trabalho propício para um moleque de 24 anos externar seus múltiplos devaneios e suas ufanas fantasias geeks. Os editores da publicação jamais admitiriam tal ousadia, tampouco seu público compreenderia tamanha afronta.
É exatamente esta a premissa da película “O preço de uma verdade”. Entre os esforçados, austeros e frios articulistas da conceituada revista, destaca-se um jovem “nerd”, sonhador e delicado, o qual diverte seus colegas e o seu primeiro editor com fabulosas (e falsas) histórias. Porém, na administração sucessiva, os concorrentes da tal revista deflagram uma de suas fábulas. O escândalo já foi configurado. O garoto vai para a berlinda. Como desgraça nunca vem só, sua Caixa de Pandora é aberta e os demais contos-do-vigário vêm à tona. O jovem jornalista é sumariamente demitido e escorraçado como um meliante. Conheceu, pois, o preço de uma verdade.
O filme aborda necessariamente os princípios de ética os quais deveriam ser respeitados pelos cavaleiros das notícias. Não raro, os incansáveis paladinos, a fim de satisfazer seu público e a si próprios com histórias requintadas e sensacionais, esquecem-se do detalhismo, da profundidade dos fatos e da veracidade das fontes. Parece que restringir-se à verdade, por mais insípida que possa ser, caracteriza-se como um grande desafio jornalístico.