AMOR SEM ESCALAS

Não sei de quem é culpa. De quem traduz títulos de filmes ou se minha, por achar que todo título que tenha a palavra “Amor” se refira a romances. No imaginário feminino a espectativa de cenas de paixões fervorosas são inevitáveis. O filme foi classificado como comédia romântica/dramática, e não deixa de falar de amor, mas de outra forma de amar. Ou desamar.

Confesso que já soube de pessoas demitidas do emprego via fone, e-mail e, até, comunicadas do fato depois de exoneradas, oficialmente, por anúncio publicado em Diário Oficial. Mas, empresas especializadas em dar essa má notícia, não conhecia. Deve ser coisa de primeiro mundo! Oxalá todos os brasileiros tivessem emprego e que as empresas fossem de vento em polpa ao ponto de precisar tercerizar o serviço de demitir funcionários. Esse é o tema base do filme”Amor sem Escalas”.

Terceiro filme do elogiado cineasta Jason Reitman - de Obrigado Por Fumar e Juno. O filme foi indicado a seis categorias no Globo de Ouro, se consagrando com o prêmio de melhor roteiro. A história foi baseada no livro de Walter Kirn e adaptada por Jason e Sheldon Turner.

Vendo as primeiras cenas de "Amor sem Escalas" imaginei: essa é a vida que sonhei pra mim. Nada melhor do que viajar o mundo todo à serviço, com tudo pago pela empresa e ainda poder acumular milhas dos voos para futuras viagens pessoais. Nada de rotina. Cada dia um lugar, gente diferente, aeroportos, malas, etc.

A postura satisfeita do ator George Clooney, no papel do executivo Ryan Bingham, é tão convincente que cinco minutos depois do inicio do filme a gente já se sente ele. E Ryan organiza uma mala que nem minha cunhada que é virginiana consegue. Tomara que o ator guarde essa técnica, e a use, pelo resto da vida.

Mas, como diz o ditado: “Tudo que é bom dura pouco” entra na fita a jovem Natalie Keener (Anna Kendrick), que desenvolve um sistema econômico de viodeoconferência que visa por fim ao ultrapassado método da demissão pessoal. Nesse ponto começa a batalha entre o profissional de carreira que não quer perder seu espaço e a nova tecnológia de Keener. É bem isso, não há uma escala para se saber quando você pode deixar de ser o caçador para ser a caça.

Com sua carreira por um fio, Ryan repensa toda sua vida e percebe que não tem um lar, uma família e que nunca poderá usufruir das milhas que acumula. Para piorar, como costuma acontecer quando se dá conta que já se viveu meio século e que a juventude já passou, Ryan resolve se agarrar a primeira tábua de salvação que lhe aparece: Alex Goran (Vera Farmiga), uma elegante executiva do mesmo ramo que ele.

Mas essa é outra história que vale a pena ser vista com um saco de pipoca no colo e um copão de guaraná.

Ressalto que “Amor sem Escalas” fala de perdas e ganhos e sobre onde estão focadas nossas prioridades. Nós ouvimos realmente quem está ao nosso lado? Damos importância aos sinais de pedido de SOCORRO estampado nas pessoas que nos cercam ou simplesmente ignoramos? De tudo que é importante pra nós, o quê colocariámos na mochila para levar conosco?

Veja o filme. Vale a pena!

Etelvina de Oliveira
Enviado por Etelvina de Oliveira em 06/06/2010
Código do texto: T2303587
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