“O Amor Pede Passagem” (Management)

“O Amor Pede Passagem” (Management)

Como candidata involuntária ao Oscar do filme B, eis uma película com sérias chances, mesmo provida de dois títulos relativamente mancos e brilhantes.

É o relativo das coisas.

Partindo da ótica da cultura tradutória, pede passagem mesmo. Especialmente o amor que começa no invólucro um, também conhecido por EU, até descrever seu arco e atingir o invólucro dois, o ser amado.

Steve Zahn e Jennifer Aniston protagonizam. Para quem não se lembra, Jennifer era a bonitinha do Friends e Zahn um dos guitarristas do “The Wonders”. Ambos têm trabalhado bastante nos últimos tempos e todos sabemos que a quantidade despreza a equivalência da qualidade.

Muito oportunamente segue a informação que “Management” dura 96 minutos. Durante os primeiros 48 o filme samba na tonalidade jovem, um tanto despreocupado e sustentado por uma produção minimalista, porém, aos 48 e meio, o filme guina. Os elementos descritos perduram e novos elementos surgem, havendo então uma duplicação de elementos.

Fica no ar a idade do casal, não a idade real, a idade que representam na história. Algo em torno de trinta e palito. Outras pessoas prefeririam dizer na casa dos trinta.

Steve mora na casa dos pais, ou melhor, no motel dos pais, The Kingdon, com 27 anos de tradição, ele é o gerente (manager), da noite, e Jennifer pernoita duas noites.

Ela, descolada, pequena executiva, ele, desconfiômetro avariado. Eles, como dizer, confraternizam. Ele se apaixona. Ela estava de passagem. Ele compra uma passagem de ônibus e vai atrás dela. Uma passagem só de ida pois, como se disse, sua capacidade de perceber é do tipo que já vem de fábrica com o carimbo “defeituosa”.

Stephen Belber estréia na direção, vindo de uma década de roteiros televisivos. Escolheu a dedo o gênero comédia romântica, e aqui também oportunamente se informa que não te arranca um quarto de sorriso nos primeiros 48 minutos, embora nos 48 restantes contenha uma piada realmente muito boa e três situações dignas de uma miúda risada.

Woody Harrelson entra no segundo tempo. Quem tem TV a cabo e se liga em seriados vai avistar faces conhecidas nos dois turnos.

A relativa genialidade dos títulos fica por conta da ventura do amor de fato, Aquele, que quando aparece chega chegando, talvez até peça passagem, mas no fim de contas sua missão fundamental é se instalar no ser. Aí entra em cena a palavra Management, sendo a tradução pelo Houaiss: manejo, manuseio, habilidade, destreza, etc.

Antes da guinada Jennifer volta para visitá-lo na gerência, eles trocam e-mails, ele novamente compra uma passagem e vai atrás dela. Só que ela está com o ex-namorado, o milionário obsessivo compulsivo Woody Harrelson, e será então que o filme guina, de novo.

Com um jeito despretensioso Stephen Belber conta uma historinha de amor com processo interior, que surpreende como a leveza da borboleta – nada de novo e sempre uma renovação.

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 10/06/2010
Reeditado em 04/11/2012
Código do texto: T2311585
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