RESENHA DO FILME SHOW DE TRUMAM

Por: Hilbenir Benna Bandeira

Este filme retrata uma experiência científica com fins lucrativos, onde a vida de um jovem é manipulada desde seu nascimento e transmitida 24 horas por dia para todo o mundo, sem intervalo comercial.

Trumam não tem conhecimento de sua situação como personagem principal de uma trama desumana, pois colocar um ser humano condicionado a fazer tudo o que convém para outrem em prol de lucratividade pode se considerar uma barbárie.

Neste enredo, tudo em sua vida é esquematizado cuidadosamente para que tudo surta o efeito desejado para os produtores e a platéia, até porque todos os produtos utilizados pelas personagens são comercializados, dessa forma tudo está a venda, como um verdadeiro shopping on-line.

A cidade nada mais é que um enorme laboratório, sua família é uma farsa, sua vida não lhe pertence, suas ações e reações são dirigidas por contingências de "reforços positivos e negativos" que são deliberadamente incluídos no cotidiano para análises posteriores.

Portanto, tudo foi organizado de forma que Trumam respondesse a todos os estímulos para dar as respostas desejadas ao experimento, neste caso, foram incluídos dois reforçadores, os negativos e os positivos.

Para as respostas positivas, como felicidade, prazer e satisfação, os reforçadores eram positivos, como um bom emprego, um carro e um casamento perfeito, etc.

Já para incentivar reações como medo, raiva, etc., foram usados reforçadores negativos, tal como a morte do pai em alto mar. Isso desencadeou nele um medo terrível de velejar, o qual favoreceu sua permanencia na cidade, como também desestruturou totalmente seu emocional.

Vale salientar que esses dois reforçadores são a base da teoria do condicionamento, a qual mantém a cobaia controlada.

Em resumo, Trumam vivia uma vida com altos e baixos, teve dias bons e ruins, era engraçado e querido por todos. No entanto, toda sua vida mudou ao se apaixonar por Silvia, uma moça bonita que também se apaixonou por ele e tentou avisá-lo da farsa/programa, mas ela, tal como o pai dele, foi retirada da trama de repente, isso causou uma reação inesperada nele que começou a desconfiar de tudo e de todos.

A partir desse momento, ele criou coragem e entrou no mar que era seu maior desafio, para encontrá-la, mas a produção tentou de todas as formas desestimular essa aventura, a qual acabou quase em sua morte, por fim, todos da produção comoveram-se com sua determinação e resolveram ceder, e o deixaram seguir em frente. Foi ai que ele se deparou com a maior decepção de sua vida, seu céu era palpável, concreto, era de mentira, lá só existia uma porta que dava acesso ao mundo exterior, ao mundo real, era seu limite e seus olhos transmitiram toda a sua surpresa ao ver seu mundo tão pequeno e tão sem sentido.

Em suma, essa história nos faz refletir sobre o que somos e se realmente o que fazemos são ações involuntárias ou se somos manipulados pelo destino ou algo parecido. Se toda ação tem uma reação, então, nossas ações são frutos de outras, dessa forma somos forçados, ou seja, nossa vida não é tão diferente da de Trumam.