Bombeiros que “apagam” o conhecimento.

O filme Fahrenheit 451 nos apresenta uma visão diferente da qual estamos habituados. Bombeiros que provocam incêndios ao invés de apagá-los. Isso porque a lei do governo proíbe qualquer livro ou tipo de leitura. Muitos livros foram proibidos, com o objetivo de evitar que o povo fique instruído e se revoltem contra o governo. Assim todos os livros proibidos que fossem encontrados tinham que ser queimados. Os livros eram queimados a temperatura de 451 na escala Fahrenheit, daí o titulo do filme Fahrenheit 451.

Os bombeiros assumem o papel de policiamento e manutenção da lei, são eles que procuram e queimam os livros, dirigindo veículos com aparência de salamandra. Um desses bombeiros que queimam livros é Guy Montag.

Montag queima livros, faz seu trabalho com prazer e logo será promovido a capitão. Ele se sente feliz com a sua vida. Sua mulher, Mildred, passa horas com sua “família” virtual, na televisão mural, sempre envolvida em seus programas de TV, e muitas vezes toma doses excessivas de comprimidos que seria fatal se não fosse o pronto atendimento dos serviços de saúde, ela também pensa que é feliz.

Ele vive assim até que aparece Clarisse, uma mocinha “incivilizada” e “anti-social” que perturba o equilíbrio de Montag ao questionar se ele alguma vez havia lido um dos milhões de livros que queimou. Ele começa então a se questionar a respeito do real valor daqueles livros “perigosos” que leva as pessoas a arriscar a própria vida para tê-los, preferindo morrer que perder seus livros.

Dominado pela curiosidade, Montag passa a esconder os livros que deveria queimar. Aprende a ler, passa as noites acordado lendo-os. E quanto mais os ler, ele vai começando a pensar e a questionar a vida alienada que ele e a sociedade em geral levam.

Sua esposa desconfiada encontra livros escondidos em sua casa. Aflita pela idéia de o marido ter virado um infrator, ela o denuncia. Encurralado e perseguido ele decide fugir e se juntar a um grupo de refugiados que eram considerados como rebeldes, uma ameaça a “felicidade e paz” da família. Essas pessoas decoravam partes e até livros inteiros com o objetivo de preservá-los. Na memória desses homens-livros ficaria preservado todo o conhecimento do mundo.

Fahrenheit 451 nos trás a importância que os livros têm na historia da humanidade. O conhecimento encontrado nos livros nos eleva intelectualmente, nos levando a questionar a sociedade a nossa volta. Sociedade essa que vive a era virtual em que os livros são esquecidos empoeirados nas estantes (isso quando se tem em casa).

Vivemos absortos ás idéias propagadas pelos meios de comunicação, que aprisionam nossa mente. Novelas, reality shows, programas de moda, futebol e jornais que não informam nada. Esquecemos de Karl Marx, Aristóteles, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Shakespeare e tantos outros que poderiam enriquecer nossa cultura.

Nossas crianças desconhecem o prazer de uma boa leitura, ficando horas na frente da TV, sendo bombardeadas com idéias fúteis e imorais. Filmes e desenhos que incentivam a violência, a intolerância, a desigualdade e a discriminação. Crescem sem aprender a pensar e questionar o mundo a sua volta, tornando-se cidadãos consumistas e conformistas.

Até quando vamos permitir que os “bombeiros” atuais apaguem o nosso conhecimento? Precisamos acordar a fim de não permiti que situações como as que foram retratadas no filme possam existir. Vamos despertar o sentimento dos cidadãos anestesiados para que possam enriquecer a si e a outros com o conhecimento. Como Montag vamos declamar uma poesia nos seus ouvidos e tentar fazê-los sentir o sabor da vida.

Referência:

TRUFFAUT François. Fahrenheit 451 – o filme. Inglaterra 1966