BRAVURA INDÔMITA


Acabei de ver o remake de Bravura Indômita, filme que assisti nos anos setenta, com John Wayne no papel Rooster Coburn (Gavião Coburn), o  velho xerife caolho e beberrão, que é contratado por uma adolescente evangélica, para caçar o bandido que havia matado seu pai. Com esse filme Jonh Wayne ganhou o único Oscar da sua longa e vitoriosa carreira de ícone do cinema americano e principalmente como o principal cawboy das telas. O personagem Rooster Coburn rendeu dois filmes para ele e o segundo filme da série, em que ele contracena com a também icônica Katherine Hepburn, na minha opinião, é melhor que o primeiro.
Jonh Wayne, ao meu ver, é o mais injustiçado ator do cinema americano. Ele foi protagonista de alguns dos melhores tipos que o cinema americano já apresentou nas telas. Qual o amante dos antigos clássicos que não se lembra dos fascinantes personagens que ele interpretou em O Homem que Matou o Fascínora , o romântico pugilista de Depois do Vendaval, o obstinado fazendeiro de Rio Vermelho ou o atormentado Ethan Edward de Rastros de Ódio?
Pois ele só viria a ganhar o Oscar pela sua interpretação do xerife Rooster Coburn, em Bravura Indômita, filme de 1969, quando já estava com o câncer que o levaria à morte. Tudo bem que a Academia de Hollyood está acostumada a fazer dessas coisas, pois fez o mesmo com Charles Chaplin e outros monstros sagrados do cinema.
Mas o velho Duke era um sujeito tão emblemático que até o drama que viveu com relação á sua saúde ele transformou num filme tão biográfico quanto foi a sua extraordinária carreira. Esse filme, o Último Pistoleiro, que ele dividiu com o também icônico James Stewart, seu parceiro em O Homem que Matou o Fascinora (os dois foram os atores preferidos do grande diretor John Ford), é uma verdadeira biografia da sua vida no cinema.

Não vou fazer aqui comparações entre o filme de 1969, de Henry Hataway e o remake dos irmãos Coen, que está concorrendo este ano a dez Oscars da Academia. Isso seria impensável nos anos setenta, quando o gênero faroeste estava em baixa (aliás nunca foi muito prestigiado por Hollwood) e só seria recuperado por Clint Eastwod com o seu excelente Os Imperdoáveis. 
Nem seria justo comparar Jeff Bridges, alias um excelente ator, com Jonh Wayne. Se fizermos isso acabaremos perdendo o que este remake tem de bom, que é a fidelidade à novela original que deu origem ao folclórico personagem Rooster Coburn, que neste filme de 2010 é mais engraçado que o personagem interpretado por Wayne. E neste caso temos também Matt Damon, num papel bem mais encorpado que o que o seu personagem representou no original de 1969.
Mas quem rouba mesmo a cena neste filme á jovem atriz Hailee Steinfeld, que com apenas 14 anos já concorre ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante ao Oscar de 2011. Ela faz um personagem muito engraçado e carismático, com traços psicológicos muito interessantes. É uma adolescente, educada com extrema religiosidade, mas que não tem nenhum problema de consciência em contratar um matador para vingar a morte do pai. E os seus conflitos de menina moça, posta entre dois adultos de vida pregressa bastante complicada, acaba rendendo cenas realmente fascinantes.

Eu, de inicio, confesso sou amante do gênero faroeste. Então talvez seja suspeito para falar desse filme. Mas torcerei para que ele ganhe todos os prêmios para os quais foi indicado. Assim verei uma das minhas preferências de juventude sendo resgatada. E para quem gosta gênero aconselho e recomendo como uma das boas estreias de 2011.

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 12/02/2011
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