"O Artista" de Michel Hazanavicius

O Artista é um filme em preto e branco, mudo, mas com uma excelente trilha sonora ao fundo. Um filme de extremo bom gosto, que conquistou no domingo de 26 de fevereiro deste ano, junto a Academia de Arte de Hollywood, cinco estatuetas do Oscar, entre as dez categorias a que concorria. A de melhor ator foi conferida ao francês Jean Dujardin, impecável nas expressões faciais e completamente situado no tempo, nada deixando a desejar em comparação aos melhores atores de outrora, que interpretaram, digamos, em tempo real, no primeiro cinquentenário do século passado. Parecia transportado das telas do passado. Os trejeitos faceiros e o ar de arrogância, mesclada com sorrisos ensaiados e simpatias distribuídas, ancoradas num cãozinho engraçado – Jake - , que com o mesmo contracena, encaixa com perfeita sintonia ao glamour da época do final dos anos 20. O drama se desenvolve, quando ocorre a decadência do cinema mudo, diante da grandiosa, inevitável e irreversível novidade do cinema falado.

Uma comédia romântica, ingênua, é conduzida pelo ator e sua coadjuvante Bérénice Bejo, e, por vez, temperada pelo cãozinho que rouba o carinho do público, amolecendo o telespectador e remetendo os maiores de 50 anos a um tempo da inocência, em que se chorava por pura ingenuidade.

Seu diretor, Michel Hazanavicius, levou o Oscar de melhor diretor e melhor filme. O figurino, irretocável, bem como a trilha sonora, perfeitamente ajustada às cenas e bem determinada, também levaram a cobiçada estatueta.

O enredo segue a mesma linha do melodrama dos filmes da época, notadamente dos melodramas de humor de Carlitos. Um astro de cinema de Hollywood, em decadência, que faz de uma de suas fãs uma atriz de sucesso no cinema falado, que o resgata às telas e com quem mantém uma discreta história de amor.

Não poderia deixar de destacar o papel e o imenso talento da atriz Bérénice Bejo, que impressiona pela sua interpretação, notadamente gestual, de uma jovem determinada, oportunista, que cria e aproveita as circunstâncias para se tornar uma estrela do cinema falado. As suas expressões, na vivacidade do olhar e nas arrancadas louquinhas que tanto caracterizam a maioria das iniciantes, demonstram o seu pleno domínio da personagem – Peppy Miller - tão bem incorporada.

Para quem gosta deste gênero de filme, não pode deixar de assistir esta obra de arte e de técnica que conquista, sobretudo, pela magia e pela sensibilidade.

Di Amaral
Enviado por Di Amaral em 15/03/2012
Reeditado em 06/02/2013
Código do texto: T3556462
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