UM BOM ANO

UM BOM ANO, de Ridley Scott, EUA, 2006

Por FLAVIO MPINTO

Considerado um fracasso em termos de bilheteria, o filme não foi levado a sério pelos críticos. UM BOM ANO é daqueles filmes que poucas pessoas querem ver, pois trata de verdades absolutas.

Eu sou suspeito a tecer comentários sobre o filme. Primeiro, porque é do meu diretor e ator favoritos, Ridley Scott e Russel Crowe, segundo trata de verdades e terceiro, de vinhos. No entanto, como todo aficionado por esses temas, e tudo a que eles diz respeito, trato-os com todo carinho que merecem.

A trama se dá na Provence, região francesa de grandes castelos e vinhos Bardol, Côtes du Rhône, Côtes du Provence, dos perfumes Galinard, Fragonard, Molinard e seu museu internacional, da arte sacra, Toulon, Saint Tropez, Mônaco, do Var com Cannes, Nice, Marseille, das trufas, quanta coisa boa. Não esquecendo Cassis. A Provence parece ser uma região perfumada. A paisagem das terras ligando os Alpes a Riviera francesa, então, nem conta. Fica de bônus.

O filme narra a saga de Max Skinner, um inescrupuloso operador de bolsa de valores de Londres, que, quando criança, sempre passava as férias na Provence com seu tio-avô Henry. Este, já denotando o caráter do neto, tanto que o chamava de Max-million, passa-lhe algumas verdades ligadas a cultura do vinho que cuida como filhos Tem como fiel escudeiro seu empregado Duflot. Produz dois tipos de vinhos, sendo um deles- o Coin Perdu, uma raridade reconhecida pelos admiradores da bebida que dizem,"ninguém sabe quem o produz".

Após a morte do tio, Max viaja para a Provence com o firme propósito de vender a propriedade, mas seus planos mudam, e sua vida também, ao conhecer Fanny, a própria propriedade e Duflot, seus vinhedos. Colabora para isso a chegada de uma prima da Califórnia, que com Duflot passa a "tocar" a produção. Max, que estava acostumado a grandes jogadas estratégicas de milhões de dólares, fazendo com que seus seguidores ganhassem ou perdessem milhões, a semelhança das atitudes corajosas e de risco da Bolsa, dá uma guinada em sua vida, para seguir o que desejava seu tio-avô Henry: ficar na propriedade e cuidar do vinhedo.

UM ANO BOM nos conduz ao universo do vinho e suas verdades. Um filme que trata de coisas simples, muito bem conduzido num ambiente muito europeu e francês, claro, como condiz a uma vitivinicultura na França. Não poderia ser de outra forma.

Um legítimo filme de Ridley Scott que nos faz pensar nos valores da vida com todo requinte que os vinhos da Provence requerem, pois o vinho não mente.