PINÓQUIO- UMA HISTÓRIA PARA MAÇONS?
                                                                            
 
When you whish upon a star Quando se pede a uma estrela (tradução livre)
When you wish upon a star;
Makes no difference who you are;
Anything your heart desires;
Will come to you;             
If your heart is in your dream
No request is too extreme
When you wish upon a star
As dreamers do;
Fate is kind
She brings to those who Love
The sweet fulfillment of;
Their secret longing.
Like a boat out of the blue;
Fate steps in and sees you through;
When you wish upon a star;
Your dreams come true;

 


Quando você faz um pedido á Estrela
Não faz diferença quem você é;
Tudo que seu coração desejar
Ela dará para você.
Se você puser seu coração no sonho
Nenhum pedido será demais.
Quando se faz pedido a uma estrela
Como os sonhadores fazem.
A Sorte é generosa.
Ele traz para aqueles que amam
A doce realização
Do seu desejo secreto.
Como um barco lançado no azul(do mar)
A Sorte caminha e vê através(do seu coração)
Quando você faz pedido á Estrela
Seus sonhos se tornam realidade.
 

 
 
 
 
     Revi, há alguns dias atrás, um dos filmes preferidos da minha infância, Pinóquio. Recuperei a ternura e o encantamento de uma história arquetípica, onde o amor é o tema central, e a mensagem final do autor nos diz que tudo é possível quando o coração deseja, a intenção é pura, e a fé é grande.
Sempre achei que Pinóquio era um conto infantil, feito para a imaginação das crianças. Uma fábula escrita para passar uma mensagem de fé, esperança e crença na virtude do bom caráter e do bom exemplo.
Pois era isso que a estória me passava. Uma coisa que eu não sabia é que Pinóquio é uma história tipicamente maçônica, escrita por um autor maçom, com a clara intenção de transmitir uma mensagem maçônica.
     Carlo Collodi, o autor desse maravilhoso conto, era maçom, conforme informa Aldo Molla, respeitado historiador e reputado escritor maçônico italiano. Aliás, essa condição de maçom, Collodi denuncia bem em seu jornal, Il Lampioném (A Lanterna), cuja intenção era  “iluminar todos os que vagueiam nas trevas”. Essa divisa é bem conhecida dos Irmãos e aparece no ritual do aprendiz maçom. Além disso, Collodi participou, como voluntário, na guerra pela unificação da Itália. Foi um grande companheiro de Giuseppe Garibaldi, também reconhecido como maçom. E teve como amigo outro famoso maçom, o grande Mazzini, de quem se declarava “discípulo apaixonado”
Quando se lê e assiste, com atenção, ás aventuras de Pinóquio, e se tem em mente os princípios fundamentais da maçonaria, que são a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, é  impossível não achar que Collodi, quando criou o seu imortal personagem, estava se inspirando nos ideais maçônicos. Isso transparece claramente no enredo da estória. Pinóquio quer ser igual aos meninos de verdade, para realizar o desejo de seu criador. Nesse desejo se estampa a idéia de Igualdade;  Pinóquio quer ser livre para viver a sua própria vida e realizar seus próprios desejos; isso é amar a Liberdade; Pinóquio ama, de coração e boa mente os demais personagens da estória, denotando o espírito fraterno do qual é dotado.
Não é a toa que Walt Disney, também um reputado maçom, adaptou essa estória para o cinema, dando aos amantes da sétima arte um dos seus mais lindos e cativantes filmes. Disney sabia que Pinóquio não era uma mera estória infantil. Ele percebeu, de cara, que Collodi ocultara, numa fábula de extraordinária ternura, uma profunda mensagem de fundo iniciático. Nela é o tema do desenvolvimento espiritual, que se atinge através do aperfeiçoamento intelectual e moral do indivíduo, que se releva. E que através desse desenvolvimento, obtido pela via maçônica, a própria sociedade pode encontrar a base de sustentação para um destino melhor.
O enredo dessa bela estória todo mundo conhece. O velho e bondoso carpinteiro Gepetto (um maçom operativo), constrói um boneco de madeira, tão bem feito, que parece humano (talvez inspirado na lenda cabalística do Golém, também invocada na maçonaria). A sugestão aqui é que o nome Gepetto poderia ser uma adaptação da palavra ghetto, que é uma reunião de pessoas ligadas por uma mesma cultura ou sangue( ou seja, uma fratria). Essa analogia seria, possivelmente, uma alusão à própria maçonaria, que é uma fraternidade centrada no conceito da fratria, base histórica das instituições que conhecemos pelo nome de confrarias.
Pinóquio é um boneco do tipo marionete, ou seja, um brinquedo movimentado por fios, movimentados por outros. Aqui se vê uma clara alusão às pessoas comuns, numa sociedade normal, onde tudo é manipulado para conformá-las ao padrão desejado pela sociedade (ou de quem detém o poder nelas).  Geppeto, um homem solitário, sem filhos, gostaria que seu brinquedo fosse vivo e a Fada Azul, (a estrela azul), ao “ouvir” o seu desejo, concede ao boneco o dom da animação. A Fada Azul pode ser vista como sendo uma alegoria da própria Maçonaria Azul, que é o nome que se dá aos três primeiros graus da Loja Simbólica – Aprendiz, Companheiro, Mestre –, cujos fundamentos estão assentados nas profissões ligadas á construção civil, reconhecidamente as inspiradoras da maçonaria moderna. Não é toa, também, que o símbolo maior da Maçonaria é uma estrela, a Estrela Flamígera.
A idéia que aqui se põe é a de que Collodi, um maçom especulativo, é o próprio Geppeto, o carpinteiro (maçom operativo). Através da sua “maçonaria” operativa (a sua arte)  ele constrói um boneco, e o seu espírito de maçom (a estrela azul, Fada Azul, Maçonaria Azul) dá-lhe a vida através de um nascimento iniciático. Mas não é uma vida humana, no sentido que nós lhe damos, mas sim, uma promessa de vida. Pinóquio terá uma alma, “se e quando” ele merecer. Por isso não pode mentir, senão o seu nariz crescerá; não pode ser preguiçoso, deve amar o conhecimento e não deve andar em má companhia. Em suma, Pinóquio deve ser um bom menino, para que possa, finalmente, se transformar num “menino de verdade”. 
Não pode haver uma mensagem mais maçônica do que essa. Pois o que é o maçom, tocado pela “Estrela Azul” da iniciação (A espada flamígera)? Ele é o homem que doravante “cavará masmorras ao vício e levantará templos á virtude”, metáfora essa que não é estranha ao conjunto de virtudes que a Fada Azul exige de Pinóquio para que ele se torne, efetivamente, um “menino de verdade”.
E assim como a maçonaria dota o seu iniciado de uma consciência “superior”, ou seja, uma voz que o lembrará sempre da sua condição de maçom, o agora iniciado Pinóquio, ao iniciar a sua jornada de aperfeiçoamento para fins de adquirir a qualidade de ser humano, ele também recebe uma consciência – o Grilo Falante –  que vive a lembrá-lo de suas obrigações.
Como na vida normal, nem sempre o Irmão iniciado consegue encerrar nas masmorras os seus vícios. Dessa forma, Pinóquio também acaba se envolvendo com más companhias, como a esperta raposa João Honesto, o gato malandro Gedeão e o menino malvado Zé Lamparina, que o leva à Ilha dos Prazeres, para fazê-lo cair na tentação dos vícios que a Fada Azul (a maçonaria) lhe recomendara evitar.
Em conseqüência, Pinóquio acaba sendo engolido por uma baleia (a vida profana, cheia de vícios) e cuspido na praia, praticamente morto. A Fada Azul o ressuscita e lhe concede a chance de uma reabilitação. Aqui está inserta a metáfora do segundo grau, na qual os companheiros se desviam dos seus compromissos e atacam seu Mestre. Eles serão reabilitados no terceiro grau, o da mestria.
É o que a maçonaria promete fazer pelos maçons que são elevados ao grau de mestre. Assim, tal como Jesus, o filho do carpinteiro José, que morreu na carne e ressuscitou como entidade espiritual, Pinóquio, o filho do carpinteiro Gepetto, também morreu como boneco de madeira e ressuscitou como um menino de carne, sangue e ossos, dotado de uma alma humana. Com essa apoteose, Collodi nos remete á principal alegoria da maçonaria, que resume a sua mensagem fundamental: a da renovação da vida, expressa no mítico Drama de Hiram.
Acreditem ou não os Irmãos, se alguém quiser, de fato, receber uma mensagem maçônica com princípio, meio e fim, recomendamos que leiam, ou vejam, se ainda não viram, as Aventuras do Pinóquio. Nunca mais irão achar que se trata de uma fábula infantil.