Resenha crítica do Filme Sociedade dos Poetas Mortos.

O enredo do filme é envolvedor, pois, aborda assuntos pertinentes a vida educacional, social e familiar dos alunos da Academia Welton. Uma Escola do segundo grau, tradicionalista e rigorosa nos padrões de ensino e formação do indivíduo.

O filme dirigido por Peter Weir é uma drama com fundo crítico a respeito do ensino Tradicional.

A academia prezava por formar homens vencedores, mas reprodutores dos padrões sociais da época; impostos pelo senso comum. Nesta época se priorizava o ensino exato como, por exemplo: científico, empresarial, matemático e outros. As palavras que representavam a escola eram: Tradição; Honra; Disciplina; Excelência. Sendo assim os pais que colocavam seus filhos ali se sentiam orgulhosos da escolha feita e da educação que eles iriam receber e também das chances de ingressarem no ensino superior e se tornarem homens vitoriosos. Para a Sociologia Positivista a escola é um local de inserção e de ascensão social, sendo assim o indivíduo que não consegue ascender socialmente não o quis fazer, ou seja, teve oportunidades, mas não quis.

A instituição enfatiza todo o sucesso para os pais e alunos ao mostrar as conquistas dos ex-alunos da escola. E isto gera uma pressão nos futuros alunos.

Ao apresentar o novo professor de inglês “John Keating (Robin Willins)” que foi aluno da escola. O enredo toma um novo rumo. O professor John incentiva aos alunos a pensar em artes, teatro, poemas e a quebrar regras. Ele preza pelo ensino crítico, moral e formador do caráter do sujeito e principalmente na individualidade. Seus objetivos estão pautados numa famosa expressão literária “Carpe diem” que quer dizer aproveite o dia! Esta cena se dá no primeiro dia de aula. O Professor Keating inicia a leitura com uma frase de um poema de Walt Whitman a respeito de Abraham Lincoln : “Meu Capitão, Meu Capitão”, o que se pode entender teria chamado assim também seu mestre que o inspirou. Pede aos alunos que leiam o primeiro verso do poema “Às virgens para aproveitar o tempo” da página 542 do livro de hinos:

“Pegue seus botões de rosas enquanto podem...”. Fator que lembra a efemeridade do tempo e da vida que eram características do Barroco.

Suas aulas foram de inspiração para indivíduos perdidos em tantas regras e padrões sociais que só reproduziam a sociedade e os privavam do seu eu; dos seus gostos e talentos. O aluno Neil descobre uma Sociedade secreta a qual o professor John já tinha frequentado um tipo de clube de leitura de poemas numa caverna. Os alunos então formam um grupo e passam a frequentar a Sociedade dos poetas mortos. Influenciado pelos encontros com os colegas, Neil descobre o gosto pela dramatização, ele se inscreve para encenar uma peça e consegue o papel principal. O ponto crucial desta história dramática foi o suicídio do aluno Neil que não aguentava as pressões do pai sobre a carreira que ele deveria exercer no futuro. Assim silenciou-se para sempre. E enquanto ao professor? Por ser o único a trabalhar fora dos padrões educacionais da instituição foi mandado embora. E aos demais alunos da classe a forma de protesto foi de subir em cima da mesa enquanto o professor se retirava; naquele tempo era uma grande transgressão de regras. O Sr. John se despediu agradecido por saber que nada mais seria como antes na vida daqueles rapazes.

O ensino ministrado pelo Professor John é revolucionário, pois, cria eventos reflexivos na mente de seus alunos e não reprodutores. De formar homens autônomos, vivos, intensos, responsáveis pelas atitudes e cidadãos conscientes.

Logo, trazendo para os dias atuais: modelo de instituição educacional e de avaliações. Será que estamos tão distantes do modelo da Academia Welton?

Já que hoje observamos o impacto da violência nas escolas públicas, que automaticamente tem interferido no aumento da evasão e reprovação dos alunos. A reprodução de indivíduos derrotados, estigmatizados e marginalizados pela sociedade.

A autonomia do educador muitas das vezes é negada acabando por seguir o currículo educacional ditado pela escola sem levar em conta o aluno, sua realidade, suas potencialidades e suas dificuldades. Então o indivíduo será sempre um produto da sociedade como afirma o precursor da Sociologia Émile Durkheim.

Atualmente muitas escolas são tradicionalistas no ensino, pois, priorizam os conteúdos, o currículo, a avaliação tradicional, o professor detentor do saber e a relação distante entre aluno, professor e a escola.

Enquanto educadores devemos ter consciência que a educação vai além de conteúdos padronizados e avaliações. Muito além de notas altas ou baixas, da frequência em sala de aula ou outros fatores. Devemos antes de tudo ensinar o gosto pela busca do conhecimento que é inesgotável. Como diz Augusto Cury p. 65: “Os educadores, apesar das suas dificuldades, são insubstituíveis, porque a gentileza, a solidariedade, a tolerância, a inclusão, os sentimentos altruístas, enfim, todas as áreas da sensibilidade não podem ser ensinadas por máquinas, e sim por seres humanos.”

Este foi o papel do Professor John enquanto educador o de sensibilizar, o de comover, o de instruir o de construtor do conhecimento e transformador da realidade individual de cada aluno e consecutivamente da sociedade a qual estavam inseridos.

Recomendo este filme “Sociedade dos Poetas Mortos de Peter Weir” para pais, alunos, professores, coordenadores e diretores que acreditam na educação que transforma.

Então vamos lá, seja diferente: Aproveite o dia!

Referência Bibliográfica: CURY, Augusto. Pais brilhantes, Professores fascinantes. Ed. Sextante.