Jogos Vorazes - Em Chamas

Do longa anterior, dois dos melhores elementos continuaram: o viés político e o domínio total de cena de Jennifer Lawrence. Não neguemos que a narrativa presta um grande serviço de formação, posto que de forma lúdica faz o público, em sua grande maioria formado por adolescentes, pensar sobre a ditadura e tudo mais que envolve a implantação desse regime em uma sociedade.

Por sua vez, a atriz esbanja talento, carisma e beleza em uma personagem que precisa ser popular e ao mesmo tempo complexa, para a qual soube dar o tom perfeito. Difícil o público não se sentir envolvido por uma jovem machucada pela vida, mas igualmente visionária e crédula em um mundo melhor e igualitário para todos. Se não fosse por ela, que se destaca em meio a outras tantas atuações fracas, o filme seria mais um enlatado sem muita consistência.

Nesta continuação, toda a novidade proposta se perdeu, e ao que se assiste é um repeteco de uma fórmula que se desgastou já no segundo capítulo do que se pretende ser uma quadrilogia, por puro oportunismo hollywoodiano. Talvez na literatura dê mais certo se a narrativa for de fato envolvente, mas no cinema demorar 85 minutos para a entrada da ação é brincar com a paciência do espectador.

E, quando finalmente os jogos se iniciam, tudo soa forçado, pois, agora em equipe, as mortes só acontecem por intervenção dos controladores do programa. Ou seja: toda aquela discussão sobre individualidade a que o primeiro filme se propôs se esvaziou, numa competição superficial e mal desenvolvida entre equipes formadas por integrantes caricatos ou nada carismáticos. E é aí que se chega à conclusão de que a quase uma hora e meia de blá-blá-blá foi bem mais interessante que os momentos de ação.

Por conta do sucesso obtido e em seguida projetado, percebe-se que houve um investimento grande na produção dos efeitos especiais, cenários, figurinos etc. Entretanto, esqueceram-se do principal: de um roteiro mais dinâmico (e por que não enxuto também?). Na sessão relativamente cheia, alguns saíram na metade, outros dormiam enquanto alguns mais se mostravam entediados. Mau sinal.

Em 2012, saí do cinema louco pela continuação e doido para ler o livro (o que não fiz). Agora, o sentimento foi de uma certa decepção, receio pela qualidade dos dois próximos filmes, além de nada animado em gastar tempo e dinheiro lendo a trilogia.

Nota: 6,5.

Dan Niel
Enviado por Dan Niel em 23/11/2013
Reeditado em 14/12/2013
Código do texto: T4583190
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