Uma retomada da Chanchada em Elvis & Madona

Ousadia tendo como pano de fundo o lugar comum. Explico: Elvis e Madona está longe das comédias românticas tipicamente brasileiras, ou abrasileiradas, foge aos padrões estereotipados, mas acaba caindo nele também.

Nada de casal comum, digo garoto e garota, que se apaixona e vive feliz para sempre. Madona (Igor Cotrim) é uma travesti de uma Copacabana nada idealizada e de carne e osso, literalmente, que, ao lado de Elvis (Simone Spoladore), uma lésbica motogirl que sonha em ser fotógrafa, forma um casal nada convencional. Estranho, no mínimo.

Puramente trash, o diretor Marcelo Laffitte trabalhou indo de encontro e ao encontro com os estereótipos. Atuações exageradas e previsíveis até dão a graça e o tom da comédia, mas por vezes deixam o aparato cinematográfico reafirmado diante dos espectadores. Sim, você está diante de um filme, no mínimo, ousado quanto às produções brasileiras. Mas as atuações são também, em determinados momentos, brilhantes. Destaco Simone Spoladore, delicada e que na trama deixou transparecer o lado mulher-macho, sim, senhor.

O caráter popular, ingênuo e cômico da trama nos remete aos tempos da Chanchada, de 1930 a 1960. Elvis e Madona é um tanto carnavalesco!

Não há inovações além do conteúdo trabalhado, e planos e cortes seguem uma linha esperada. Há cortes secos para ritmizar sequência, assim como fusões lentas.

A graça está, de fato, na naturalidade, tendo em vista os próprios personagens. Diferentemente de filmes como Cilada.com, De Pernas por Ar e outros, não se força o riso. Acontece, quando acontece.

Fonte: http://www.cinemaslumiere.com.br/blog/uma-retomada-da-chanchada-em-elvis-madona/