O Homem do Futuro: amor que move o tempo

Escrito e dirigido por Claudio Torres, o filme é estrelado por Wagner Moura no papel de Zero, um cientista genial, porém infeliz por seu passado, porque há 20 anos foi humilhado publicamente na faculdade e perdeu o grande amor de sua vida, Helena (Alinne Moraes). É quando, prestes a ser demitido, aciona o acelerador de partículas em que está trabalhando e acaba voltando no tempo por acidente, onde se vê diante da chance de alterar o seu futuro.

O título O Homem do Futuro é por si convidativo ou, no mínimo, expressa curiosidade em leigos e cinéfilos de carteirinha, e também daqueles que já haviam conferido o clipe que foi construído para divulgar o filme, como um trailer estendido.

Uma comédia romântica que tem como pano de fundo a ficção científica, gênero ainda pouco fomentado no cinema nacional. Um primeiro passo e já por isso um bom começo: é mesmo uma comédia romântica atômica. Do mesmo diretor de A Mulher Invisível, o longa protagonizado faz o tempo voar, tanto na trama, literalmente, quanto na sala de cinema.

Com um enredo já bem explorado pelo cinema lá fora (De Volta para o Futuro? Efeito Borboleta?), voltar no tempo precisava de um toque especial e brasileiro de comicidade a partir da genialidade de Wagner Moura compondo os personagens em diversas etapas da vida, de forma que bastasse um gesto corporal para diferenciá-los. Antes, vale lembrar do longa A Máquina (2006), dirigido por João Falcão e que trabalha de forma alegórica e fantasiosa a volta no tempo.

A trilha é também um ponto chave da obra. A música Tempo Perdido carateriza bem a época, é um hino da geração e casa bem com a temática do filme: o tempo. Um repertório que vai desde Legião Urbana até Radiohead.

Tempo é temática mundial, que finalmente excede aos elementos estritamente nacionais e trabalha a consciência humana, ainda que o filme seja antes um cinema de entretenimento do que de reflexão. Voltar no tempo e mudar determinada atitude revela a nossa eterna insatisfação e busca por dias melhores. Mas um detalhe alterado dá vazão a realidades inimagináveis, alternativas sobre as quais não se pode ter total domínio.

Efeitos especiais e alguns poucos enquadramentos diagonais já mostram ousadia para o cinema nacional. O roteiro peca quanto ao excesso de detalhes no começo, mas depois desprende-se e vai se desenlaçando, ainda que durante a trama haja exageros. Por exemplo, a piscada do juíz no tribunal ou uma fotografia estourada.

Mas, de modo geral, vem como uma tentativa de resgatar o cinema nacional e abrir portas para ousar e ser criativo.