Uma contemplação de Paris por Woody Allen

A arte como experiência a ser sentida e seguida por entre as horas de longas e viajantes noites parisienses. A arte como desmistificação do consumível, como fuga da falta de crédito disparada sobre os artistas não-europeus. Assim Gil, interpretado por Owen Wilson, vaga pelas ruas da Cidade Luz em busca de firmar-se em um contexto que valorize os grandes mestres de todos os tempos.

Gil é, antes, um inconformado com o momento vigente, um alguém que busca explicações em épocas remotas. Através de um realismo fantástico, percorre momentos inimagináveis, levando também o espectador a viajar por uma temática já tão bem explorada pelo diretor Woody Allen em tantos outros filmes: o consumível versus o intelectualismo.

É também a cidade que está em transformação constante e isso é bem explorado já nos primeiros momentos de Meia noite em Paris. Movimento, clima, tradição e contradição.

Allen trabalha um humor sutil e leve e a melancolia ao além. Uma Paris romântica, musicada e agora também intelectualizada e musa da trama. Um encontro com grandes personalidades do século passado em um filme dotado de pequenos pretextos para sonhar. Um olhar menos clínico ou despreocupado do diretor.