O Lobo de Wall Street - Crítica

Em “Django Livre”, ele surpreendeu público e crítica ao brilhantemente dar vida a um sádico e amoral senhor de escravos. Mais tarde, na refilmagem de “O Grande Gatsby”, encantou a todos na pele de um playboy tão apaixonado e ao mesmo tempo tão vazio, numa interpretação contida porém emocionante. Agora, mostra mais uma faceta incrível, que aos poucos vinha sendo explorada, e que desabrochou de vez: protagonizando “O Lobo de Wall Street”, Leonardo DiCaprio esbanja desenvoltura e talento na comédia ácida e adulta, que tem um timing específico e um equilíbrio preciso entre texto acelerado e gestos bastante expressivos.

Com um personagem muito complexo em mãos, o ator joga na nossa cara a competência de transitar por entre emoções tão diversas, como o cinismo, a ingenuidade e a histeria, sempre com muita naturalidade. O outrora ídolo adolescente, objeto de desejo de muitas meninas e meninos (por que a hipocrisia?), cresceu e provou para quem quiser (e puder) ver que com certeza se transformou em um dos melhores atores de sua geração. Sua beleza e carisma ajudam, mas ele conseguiu deixar bem claro que o talento se sobrepôs a qualquer outro atributo, visto que faz tempo que não o vemos em um papel típico de galã.

É verdade que o filme poderia ser mais curto (3 horas o tornam fatigante em alguns momentos) e que também poderia haver diálogos menos corridos e nem sempre necessários (para que os não falantes de inglês pudessem prestar mais atenção às expressões corporais, tão bem trabalhadas). Mas sem DiCaprio o filme perderia quase toda a graça. Assim como se não fosse dirigido por Scorsese. Ambos foram uma dupla incrível.

Servindo como uma aula àqueles que aspiram aos negócios ou à ciência econômica, a história narrada é absurdamente legítima e fantástica; o elenco afinadíssimo; texto ótimo; equipe técnica da melhor qualidade. Mesmo assim, peca-se um pouco na pretensão do filme, no detalhismo e no exagero, que não é gratuito mas pelo fato de simplesmente ficar “over”. Pelo conjunto, não é um filme fácil de “digerir”. Entretanto, que DiCaprio contribuiu para que ficasse mais charmoso e acessível não há como negar.

Nota: 8,5.

Dan Niel
Enviado por Dan Niel em 24/02/2014
Código do texto: T4703992
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