A PESSOA É PARA O QUE NASCE

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     Em dias de rever o que me emocionou e me emociona pela vida a fora, me deparo com o filme “A pessoa é para o que nasce”, um documentário brasileiro de 2004, dirigido por Roberto Berliner.
     Reflito que, de verdade, ainda não sei para o que nasci, mas, a essa altura da vida, sei bem para o que não nasci. Há algumas coisas na vida não vivi nem quero viver, não aprendi nem quero aprender, pois não combinam com meu jeito de ser e o modo que escolhi para estar nessa dimensão.
     Maria das Neves, Regina e Conceição, as três irmãs cegas e personagens reais desse filme acreditam no destino e, ao rever, me emocionei com a pureza e a simplicidade como encaram a vida. O sofrimento não as tornou amargas e isso é a lição que meu coração aprova e guarda. Recomendo. Vale ver e rever.
     Segue a resenha crítica que li e me fez buscar o filme e me faz revê-lo sempre.

A PESSOA É PARA O QUE NASCE

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- Quantos artistas e pessoas comuns desenvolvem, ainda criança, atividades ou aptidões que vão lhe fazer ser, como se fosse algo natural, que já vem embutido no cérebro? O documentário “A pessoa é Para o que nasce”, que acaba de chegar às locadoras, trata disso: dom e fatalidade.
Três irmãs, cegas de nascença e cantoras, encontram o seu estar no mundo na música. Maria, Regina e Conceição são habitantes de Campina Grande, Paraíba, e cantam pelas ruas da cidade a fim de complementar a renda familiar, sustentada pela mísera aposentadoria.
É nessa rotina dura e realista das “Ceguinhas de Campina Grande”, como são conhecidas pela cidade, que nos sensibilizamos e tornamos íntimos das três vidas ali contadas com sinceridade e ternura. O trabalho de condução da câmera ajuda a termos essa sensação.
Aos poucos são elas que nos lembram da cegueira, fato esquecido ao conhecermos suas histórias de força, a melancolia de seus amores e a união em qualquer instância. Em todos os momentos, as irmãs transmitem uma energia forte e positiva rara.
Podemos ainda, observar na história a reação das cantoras quando aplaudidas, a fama, o encontro com Gilberto Gil, o efeito do documentário em suas vidas e, enfim, o reconhecimento, seguido pela volta a Campina Grande. É melancolia sublime.
Palmas para o trabalho de Roberto Berliner e equipe. Eles trouxeram à tona uma realidade de duas faces, onde em um lado vivemos uma indústria cultural que vira as costas pra trabalhos verdadeiros e propaga uma arte vazia, e no outro, pessoas que ainda pensam no Brasil e percorrem país afora atrás de artistas que fazem seus trabalhos com a alma e não com o pensamento fincado no cifrão.
Agora, por favor, imagine quantos artistas de ruas com talentos como os demonstrados pelas irmãs cegas, vivem a triste realidade de ver sua arte ser valorizada em uma moeda de vinte e cinco centavos! Este é o grande mérito do documentário, fruto das ruas da longínqua Campina Grande para as telas de cinema do Brasil.
As irmãs agradecem.

Gênero: Documentário
Duração: 84 min.
Direção: Roberto Berliner
Roteiro: Maurício Lissovsky
Fotografia: Jacques Cheuiche
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