BLUE DROP 1, Hortência: a sublime ficção científica

BLUE DROP 1 HORTÊNCIA: A SUBLIME FICÇÃO CIENTÍFICA
Miguel Carqueija


Resenha do episódio 1, “Hydrangea” (Hortência), do seriado japonês de animação “Blue drop” (A gota azul) (Tenshitashi no gikyoko), do estúdio Asashi Production (2007) com direção de Masahiko Koohkura. Criação original em mangá de Akihito Yoshitomi.

“Ouça bem, Mari: você precisa de um amigo: alguém com quem possa chorar e sorrir. Um amigo para compartilhar os seus segredos.”
(A avó para Wakatake Mari)

“Eu fugirei. Mas o que será de mim?”
(Wakatake Mari)



O extraordinário seriado “Blue drop” (A gota azul, isto é, a Terra vista do espaço) é uma ficção científica em 13 episódios de média-metragem, baseado num mangá cuja publicação se estendeu de 2004 a 2008. É uma história inteiramente carregada de emoção e servida por uma animação fascinante.
A trama gira em torno de duas adolescentes: Wakatake Mari, de 15 anos, e Senkouji Hagino, teoricamente da mesma idade. As duas estudam como internas na Academia Kalhou, que fica próxima a uma cidade decadente. Mari foi enviada para lá pela avó e, não gostando da idéia, entra em crise de auto-estima. Levada de carro por um criado da mansão de sua avó, através de uma estrada junto à praia, Mari tem uma visão espantosa, que o motorista não percebe, preocupado com o trajeto em meio à chuva: numa cena antológica Mari, distraída e aborrecida – estava até deitada no carro e já com o uniforme de colegial – percebe um movimento de gaivotas. Ela se ergue e olha pela janela do carro, que abre um pouco. E sobre uma pedra isolada na água, de pé, estava uma garota de cabelo mais escuro. Uma multidão de aves passou estrepitosamente, mas uma das gaivotas pousou nas mãos da misteriosa menina. E quando o carro passou... as duas se olharam rapidamente, em momentos prolongados pela câmara lenta.
Mais tarde, deprimida e recepcionada pelo diretor, sua assistente e uma jovem professora, Mari é ciceroneada pela prestativa garota de óculos, Kouzuki Michiko, pelo imenso colégio que, por ser feriado, estava quase vazio. É levada ao dormitório onde ficaria. Com surpresa encontra a mesma menina da pedra, Hagino. Estranhas lembranças parecem despertar numa e noutra. Ao se verem sozinhas, porém, uma desastrosa cena acontece: quando Mari estende a mão em cumprimento, Hagino cai numa espécie de transe e agarra o seu pescoço, como se quisesse estrangular a colega. Mari, pega de surpresa, é levada até a cama e quase estrangulada, porém Hagino cai em si a tempo e, perplexa, olha as próprias mãos, como se não percebesse a razão de seu gesto. Mari, indignada e perplexa, tem reações ferozes diante da outra, chegando a atirar-lhe com a água de um jarro, no refeitório, o que lhe vale ser atacada por três outras meninas, pois Hagino é altamente prestigiada na escola.
Mari considera Hagino uma inimiga gratuita com a qual não pode se descuidar. Posta de castigo sem janta por causa da briga, vê-se sozinha no dormitório e, insone, avista Hagino correndo do lado de fora, em plena noite. Mari resolve investigar e vai atrás. E o que avista, deixa-a estarrecida: Hagino chegara junto ao lago existente nas proximidades da academia. E do lago saiu uma imensa nave espacial, de formato extraterrestre...
Mari descobriu um segredo terrível: a menina que estuda com ela é uma alienígena disfarçada.
E AGORA?


Rio de Janeiro, 30 de março de 2015


(imagem: Hagino e Mari)