JSS é o nome do segundo episódio da sexta temporada da série televisiva The Walking Dead. Se você não gosta de zumbis ou nunca acompanhou a série, se trata de uma telessérie inspirada nos quadrinhos de Robert Kirkman. Os quadrinhos são uma produção independente veiculado nos EUA pela editora Image, e a série é produzida pela AMC.
Na série um xerife acorda do coma para descobrir que o mundo foi tomado por zumbis, ele consegue algumas armas, aprende a matar as coisas e segue em uma jornada pela sobrevivência. Logo ele descobre que o único modo de sobreviver nesse mundo pós-apocalíptico é mantendo-se em grupo. Assim ele recruta pessoas que considera de boa índole em sua jornada pelos EUA. Na primeira temporada a série se desenrola na Geórgia, e agora, na sexta temporada, está em Washington.




Os roteiristas da série são muito talentosos e conseguiram manter um nível de interesse pela série inédito nos seriados americanos. Talvez Lost tenha criado expectativa semelhante no expectador nos últimos anos, mas todos sabemos a que preço, no final Lost tem tantos enigmas que nem Freud explica, e se tornou uma série sem pé nem cabeça. Em The Walking Dead o foco não são os zumbis ou como destruí-los, que normalmente é o plot desse tipo de mídia, mas a série foca nas relações dos vivos. O maior perigo para um sobrevivente não são os mortos, mas os vivos, em sua sede por recursos que lhe prolonguem a sobrevivência a qualquer custo.
No final da quinta temporada o grupo de Rick (o xerife) chegam à Alexandria, um condomínio de luxo que se manteve como um oásis nesse mundo podre, graças à muros de contenção criados para manter os mortos-vivos longe do perímetro.    
Quando o grupo liderado por Rick chega em Alexandria, o que encontram é um grupo de pessoas que conseguiu se manter alheio ao caos e a destruição que grassavam pelo mundo. São recebidos com uma grande medida de receio, como se fossem bárbaros exilados na Roma Antiga. Esses habitantes de Alexandria não fazem ideia do que os andarilhos passaram nos últimos anos, nem as coisas que tiveram que fazer para sobreviver.
O grupo de Rick se considera forte, enquanto os habitantes de Alexandria são considerados fracos. Durante a série aqueles que conseguem dominar a arte da sobrevivência, através das armas, não demonstrando clemência, são mostrados como personagens fortes. Enquanto que os que demonstram compaixão e amor fraternal são destruídos por um mundo onde o mais apto é o mais inescrupuloso.
Mas chegamos até aqui para falar de uma personagem, a personagem chave desse episódio, que é Carol. Carol surge na primeira temporada como uma coadjuvante, uma dona de casa que apanha calada de um marido burro e violento. Mas, como deve ser feito quando se respeita uma personagem, Carol muda no decorrer dos episódios, amadurece de tal maneira que nada mais têm a ver com a Carol inicial. Ela descobre que algumas vezes os mais fracos devem ser sacrificados em nome do grupo, e aqueles que colocam a segurança do grupo em risco não merecem viver. No ambiente terrível de The Walking Dead somos levados a crer que ela age corretamente, pois foram suas iniciativas que garantiram a sobrevivência de todos.
Carol se adapta ao ambiente, tanto que em Alexandria ela banca a dona de casa inofensiva, quando na verdade está roubando armas e montando um arsenal de reserva para uma emergência. No episódio 2 da 6ª temporada Alexandria é invadida por um grupo que se autodenomina Wolves (Lobos), bárbaros sanguinários que aparentemente são guiados por alguma filosofia ainda não explicada na série. Carol, até então a dona de casa, se arma e sai em defesa de seu grupo, matando um dos invasores ela toma as roupas dele e com um lenço no rosto infiltrasse entre os malfeitores e inicia sua matança. Um a um os invasores perecem ante uma mulher que não aparenta perigo, mas que é a mais perigosa entre todos.
O nome desse episódio é JSS, que depois é revelado como sendo Just Survive Somehow (Apenas Sobreviva de Alguma Forma). Carol descobriu sua maneira de sobreviver, e como contraponto a ela há o personagem Morgan, que também sobrevive desde a primeira temporada, mas que agora só mata em legítima defesa. É fácil imaginar que logo ele estará morto agindo assim, mas ele vêm sobrevivendo dessa forma desde o início.
The Walking Dead parece ser um programa onde o niilismo, tão em voga no século XIX, é levado às últimas consequências. Quando tudo parece perdido, haverá salvação? Ou não há cavalarias na terra onde os mortos andam e os vivos morrem.
A questão de tudo isso é que será que no dia a dia, na nossa realidade distante da ficção, a atitude de Carol também se aplica? No mundo real onde impera a sobrevivência do mais forte e com mais recursos como devemos agir: como Morgan, demonstrando clemência e fé no lado bom da humanidade ou como Carol, que age com dissimulação e esconde a própria força e quando confrontada não demonstra clemência. Isso ficou na minha cabeça, e acho que era essa a intenção dos roteiristas, afinal se assim não fosse, The Walking Dead seria só mais um produto com zumbis. A resposta é com você, eu só faço as perguntas.
Mauricio R B Campos
Enviado por Mauricio R B Campos em 20/10/2015
Reeditado em 20/10/2015
Código do texto: T5421461
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