Resenha impressionista para série "Once Upon a Time"

Acabei de assistir à primeira temporada da série "Once Upon a Time". Achei liiiiinda! Bem bolada! Emocionante!

Parece que a Disney "se apropriou" dos personagens e das histórias dos contos de fadas, mostrando o desenrolar das vidas dos personagens no mundo mágico e contrapondo o desenrolar das vidas dos personagens no "nosso" mundo, em uma cidadezinha sem magia, mas parada no tempo por obra de uma magia. :-) E tudo isso sem medo de assumir a versão mais "hard" de cada conto, e sem medo de recriar completamente outras personalidades para cada um dos nossos amados e inesquecíveis companheiros de infância. Branca de Neve, por exemplo, é uma destemida sem-teto que sobrevive na floresta. Claro que tem muito "amor verdadeiro" na história! E a Disney continua explorando as suas diferentes manifestações, sem se restringir ao amor-de-casal-apaixonadinho.

Gostei muito da reconstrução dos personagens na nossa realidade com a exploração dos pontos fortes deles. Por exemplo, o Grilo Falante (a "consciência" do Pinoquio) no mundo real é um psicólogo. :-) O próprio Pinoquio (o mentiroso) é um escritor. :-) As fadinhas são freirinhas de caridade. E assim por diante.

Gostei muito do "women power" na série inteira. A heroína principal é uma mulher, bem durona. A vilã principal é uma mulher, bem durona também! A vítima principal é um guri. Well, também existem vilões homens, e personagens de apoio homens também, e vítimas mulheres. (E o lobo! Um parênteses sobre a versão da história da Chapeuzinho Vermelho: UAU! Impressionante! Que coragem, Disney!) Fica em pleno destaque o protagonismo da nossa heroína, e suas dúvidas, decisões e sentimentos femininos na condição de mãe-do-guri. :-)

A produção é linda! Os atores são convincentes, os figurinos e cenários são encantadores! As músicas são ótimas. E os roteiros, as tramas, são verossímeis, estão bem colocados no "nosso mundo", prendem a atenção, oferecem novidades, apresentam crescimento e revelações de cada personagem. Muito tri!

Refleti muito sobre a exploração dos significados dos contos de fadas nesta série. Eu me refiro às obras de Bruno Bettleheim e dos nossos Diana e Mario Corso. Os contos e os atores expressam as emoções que seus personagens nos fazem sentir desde a infância, mostrando, ao mesmo tempo, situações terríveis da vida (como a perda de entes queridos, a inveja, a opressão, a pobreza, o roubo, a desonestidade), e formas de lidar com elas. Como dizem sobre os contos de fadas, são "lições de moral tão disfarçadas, que nos encantamos com elas". :-)