A leitura íntima e pessoal após MENINA DE OURO

O telespectador ao optar por assistir ao filme MENINA DE OURO, de Clint Eastwood, deve estar preparado para uma invsão de diversos sentimentos. E que, se alguém conseguir, podem ser classificados e dividos em: superação, persistência, garra, felicidade, concretização de sonhos, amargura, tristeza, solidão, vazio, entre outros.

Para um ser humano insensível, se é que após assistir ao filme ele ainda exista, a questão mais importante do enredo é a Eutanásia. Legal ou não? Diante da profundidade de questionamentos que o filme nos envolve, essa pergunta acaba ganhando um caráter vazio e se tornando um detalhe. Sim, pois não se deve, no filme, partir-se do particular para o geral. Separar e tratar individualmente cada momento e situação é maltratar e desvalorizar um filme tão completo.

O boxe, base do filme, é o que motiva e onde reside tudo que move o longa. É a partir e em razão desse esporte que os jogos de emoção se concretizam e se transportam ao telespectador. A luta, não a do ringue, é pela busca de quem os personagens já foram, de pessoas que tentam encontrar dentro delas alguém que foi perdido e que vêem no futuro as interrogações e as respostas que (no íntimo sabem) não encontraram jamais.

O público é atingido profundamente pois é uma história que o toca. Não apenas por ser emocionante a vida de Maggie, Dunn e Eddie -personagens- mas porque quem assiste a MENINA DE OURO se encontra dentro das vivências de si próprio.

Essa identificação público-personagens (no plural) é constante durante o filme. Isso porque todas as figuras são verdadeiramente humanos e não bonecos, que atuam com um cargo determinado, eles são e vivem todos os acontecimentos da vida de maneira forte e real. E o público acaba se transportando para a história como se fosse uma biografia filmada.

Clint Eastwood não só dirige mas também atua e, para os dois cargos, é cabível rasgar-lhe elogios. Fotografia, música, iluminação, escolha dos atores e sua interpretação estão perfeitos. Não é à toa que o longa ganhou quatro oscars, dois globos de Ouro e outras indicações. E merecia mais.

Merecia ser assistido por centenas de pessoas que comentem crimes desumanos, por corruptos que roubam o povo e deitam na cama tranqüilos, por pais, mães e filhos que vivem como se o mundo e o outro não existisse. Deveria ser obrigação de vida. Mas enquanto isso não ocorre, MENINA DE OURO, vai, aos poucos, tocando e fazendo alguns humanos pensarem e repensarem as tantas questões da vida. E, principalmente, se seus problemas são tão grandes quanto a importância que é dada à eles.