A forma da água

Muito já se tem falado, (como não poderia deixar de acontecer), em vista das indicações ao Oscar (13) após outras premiações, entre elas, o Globo Ouro. Vi e gostei do filme, das atuações, reconstituição de época e fotografia, bem como da trama. A música reporta à época do sucesso Babalu tal como a Carmem Miranda que tmabém é lembrada e, por fim a direção sempre caprichada e com marca registrada do Guillermo Del Toro consagrado anteriormente pela direção do filme “O labirinto do Fauno”. Quem o assistir poderá lembrar de outras estórias bem conhecidas, (A bela e a fera entre elas), porém o que percebi ser o tema central e mais importante da obra é o protagonismo dos excluídos socialmente pelas mais diversas razões: duas faxineiras (uma muda e uma negra – há décadas atrás), um artista decadente e gay, um ser aquático (em lúdica alegoria do preconceito estético) e um espião infiltrado opondo-se ao sistema de qualquer dos lados, mas obrigado a compactuar com ele. A posição da câmera (em muitas das cenas à altura da cintura) cria uma perspectiva de amplidão subterrânea meio casa de banho no austero concreto úmido limpo, típico desses ambientes onde as pessoas trafegam seus afazeres quase alheias ao que não lhes for rotina. Como “falha” de roteiro só destacaria o excesso de confiança da faxineira ao se aproximar da “fera” numa empatia temerária, pelo pouco tempo decorrido de seu contato. O destaque positivo é a atuação do vilão perfeito que faz o Michel Shannon, embora todos, como disse antes, estejam muito bem e encaixados na mão delicada e elegante do diretor.