Carlitos no teatro, resenha

CARLITOS NO TEATRO, RESENHA
Miguel Carqueija


Resenha da média-metragem “A night in the show” (uma noite no show), ou “Carlitos no teatro”. Essanay, EUA, 1915, 30 minutos. Produção: Jess Robbins. Direção e roteiro: Charles Chaplin. Música: Robert Israel. Elenco: Charles Chaplin (como o Sr. Peste e o Sr. Barulhento), Edna Purviance, Charlotte Mineau, Dee Lampton, Leo White, Wesley Ruggles, John Rand.

No duplo papel, Chaplin está típico como o Sr. Peste e atípico como o Sr. Barulhento. Mas o Sr. Peste, embora semelhante, não é o vagabundo. Em todo caso a comédia ainda apresenta característica de sem-pé-nem-cabeça, com absurdos burlescons acontecendo durante um show de variedades onde aparecem uma dançarina odalisca gorda, uma encantadora de serpentes, uma dupla de cantores cafonas e um engolidor de fogo. A interação com a plateia é a mais anarquista possível.
Com o tempo Chaplin iria deixando para trás a comédia pastelão circense em favor de enredos mais elaborados e sociais. Em 1915, porém, ainda predominava o pastelão cheio de violência cômica e inconsequente. Mesmo assim o talento genial de Chaplin, então muito jovem (25 ou 26 anos) salta aos olhos. O fato de não ser ainda o produtor, embora dirija e roteirize, significa que ele não tinha ainda a completa liberdade criativa.

Rio de Janeiro, 12 de julho de 2018.