RED GARDEN episódio 20: tragédia sobre tragédia

RED GARDEN episódio 20: tragédia sobre tragédia
Miguel Carqueija

O clima profundamente dramático e repleto de sofrimento do seriado de horror “Red garden” (O jardim vermelho) se acentua neste episódio crucial, onde ocorrem mais mortes importantes: o avô de Hervé, o sinistro médico e Emílio, o primo de Hervé. A tragédia também se abate mais ainda sobre Lise, que embora usando uma “vida emprestada” como Animus, ao ser usada como cobaia pelo clã Dolore (ou Doral conforme outra tradução) acaba sofrendo os efeitos da licantropia que costuma atingir os membros daquela família. Libertada do sequestro efetuado pelos Dolore graças à intervenção de Hervé e Emílio (que não são propriamente amigos) e à chegada de Lula com Rose, Rachel e Claire, Kate se desespera por não conseguir recuperar Lise, sua grande amiga, porque, atingida pela maldição dos Dolore, ela fugiu de camisola mesmo e se perdeu na cidade.
Algumas explicações complementares são dadas enfim ao quarteto Rachel-Rose-Claire-Kate. Finalmente fica claro que o Colégio da Ilha Roosevelt é o reduto do clã Animus, e as explicações de Lucy dão conta de que a luta começou há séculos e que diversas mulheres lá se encontram numa sala secreta, paralisadas e incapazes de morrer, embora possam falar sem mexer os lábios. Tudo isso faz parte da troca dos livros de maldições que pertenciam aos dois clãs. Um deles, em posse das Animus, provoca a maldição da licantropia nos Dolore; em contrapartida entre as Animus primitivas, a maldição da vida eterna com paralisia. Falta explicar porque as demais se movem, inclusive as quatro mais novas, as sofridas heroínas da série; e porque as Animus não tem de ser necessariamente aparentadas.


Resenha do episódio 20 – “O quarto esquecido na noite” – do seriado japonês de animação “Red garden” (Jardim vermelho). Estúdio Gonzo, Japão, 2006-2007. Produção: Jin Ho Chung. Direção: Kou Matsua. Adaptação do mangá de Kirihito Ayamura.

Elenco de dublagem:

Kate Ahsley.....................................Akira Tomisaka
Claire Forrest..................................Myiuki Sawashiro
Rachel Benning...............................Ryouko Shintani
Rose Sheedy...................................Ayumi Tsuji
Lise Harriette Meyer.......................Misato Fukuen
Lula Ferhlan.....................................Rie Tanaka
Hervé Dolore...................................Takehito Koyasu


“Você mentiu para Emma! Ela chora todo dia!”
(Kate Ahsley para Emílio Dolore)


“As únicas que podem viver vidas emprestadas são mulheres.”
(Lucy)

“Há muito tempo, quando houve a batalha entre Animus e Doral, os Doral levaram um dos livros da maldição. Por causa disso os Doral são amaldiçoados a manifestarem suas complicações e morrerem. Essas meninas, as Animus, foram amaldiçoadas a perder a liberdade e permanecer vivas.”
(Lucy)

“Precisamos pegar o livro da maldição que a outra parte tem para tirar a maldição. Só será possível se tivermos os dois.”
(Lula)

“Lutamos por essas meninas que não podem se mover. É por isso que nós, que já morremos, temos vidas emprestadas.”
(Lucy)


Apesar do caráter sobrenatural da história, com maldições e poderes paranormais (como o do grande salto, que as quatro neófitas no drama, Kate e suas três colegas, também desenvolveram), uma coisa que se percebe é a ausência da religião. Em nenhum momento se pensa em tentar um exorcismo ou coisa similar, com sacerdotes, ou orações; Kate, Rachel, Rose e Claire possuem integridade moral mas não se pode dizer que sejam religiosas. A história também não fomenta o ateísmo; em nenhum momento ideias materialistas são defendidas. Ou seja, por esse lado a série é neutra. Ela vai fundo, porém, na emotividade. Quando o patriarca do clã Dolore, Raul, é morto por Hervé, e o cruel Dr. Bender por sua vítima Lise, não podemos deixar de admitir que eles tiveram o que mereciam. E até ficamos com pena da morte de Emílio, apunhalado nas costas por um dos membros de sua família, durante o combate para libertar Kate. Emílio demonstra sinceridade ao instar a Kate que fuja, sem se importar com Lise cuja mente já estava tomada pela loucura da licantropia; Emílio esforça-se para explicar que amava Emma, que lamentava ter tudo terminado daquele jeito (fôra obrigado a cortar contatos pois Emma, irmã de Kate, não devia saber daqueles segredos) e que estava salvando Kate por ser irmã de Emma.
Mas agora Hervé, livre do avô e de Bender, assumiu a liderança dos remanescentes do clã Dolore e, desejoso ainda de salvar sua irmã Anna, resolve comandar o grupo até o colégio, onde já calcula encontrar-se o livro que precisa para anular a maldição de família.
Parece que não ocorre aos dois grupos um acordo de paz para que utilizem em conjunto os dois livros, acabando com as duas maldições e selando a paz. Porém Kate, Rachel, Rose e Claire não têm culpa alguma disso, foram postas à força na trama, e agora precisam sobreviver de alguma forma ao vendaval...

Rio de Janeiro, 19 de agosto de 2018.